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O avesso do milagre dos peixes

Nos bons tempos, Campos exportava pargo, um peixe nobre para a Itália

Opinião
Por Redação
13 de janeiro de 2019 - 0h33

Desde o final da década de 80 a atividade pesqueira que sempre foi importante para as economias dos municípios do litoral Norte Fluminense enfrenta uma gama de problemas, cuja soma resulta em uma paulatina decadência do setor. A reportagem especial desta edição mostra que o peixe não acabou, mas está escasso para as exportações. Nos bons tempos, Campos exportava pargo, um peixe nobre para a Itália. Isso acabou.

Na gama de problemas existem vários. Pesa nesta balança, por exemplo, a prospecção de petróleo no mar da Bacia de Campos. A atividade do petróleo espanta os cardumes. No debate sobre o rateio dos royalties alguém afirmou que as cidades produtoras de petróleo do Rio não sofrem nenhum impacto. Engano, e a pesca está aí para desmentir essa afirmação.

Além da prospecção do petróleo, deve se levar em conta a falta de investimento na indústria da pesca. Os barcos de todas as colônias de pescadores são traineiras de pequeno porte e que podem trazer uma quantidade pequena de peixes para a costa, e ao mesmo tempo não conseguem alcançar águas distantes. Os grandes cardumes procuram águas mais geladas e também se afastam da estrutura de exploração de petróleo.

Com isso, outros estados que investem na pesca, como Santa Catarina e Paraná, acabam entrando no nosso litoral e ficando com a cereja do bolo. São barcos modernos, imensos equipados com sonar para localizar precisamente grandes cardumes. Podem transportar até 10 vezes mais peixes do que uma traineira da praia do Farol. É uma concorrência desleal, que faz com que a atividade pesqueira na região mergulhe em uma de suas mais graves crises.