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Entrevista com Nilton Miranda: Um grande campista de coração

Quando chegou em 1976, achou a cidade estranha porém, hoje, admite que aqui é o seu lugar e fala de suas emoções

Entrevista
Por Redação
26 de novembro de 2018 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

Em setembro de 1976, Nilton Miranda desembarcava em Campos. Havia sido transferido para essa praça pelo Banco Mercantil. Carioca da gema, nascido e criado entre a Penha e a Piedade, ele chegou como mero desconhecido para exercer uma função executiva no banco. Aos poucos, Miranda, pessoa de coração generoso e muita sagacidade, foi conquistando territórios e, principalmente, pessoas. Em pouco tempo, a Campos que no começo achava estranha já havia o conquistado, ou será que ele conquistou a cidade? Miranda é hoje unanimidade e personalidade reconhecida nos meios comunitários e produtivos. Quando se aposentou foi convidado para trabalhar na Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL- onde está até hoje na função de gerente executivo. Cidadão campista através de título apresentado na Câmara, ele encarna uma preocupação com a cidade mais do que muitos que aqui tiraram suas certidões de nascimento. Não seria exagero afirmar que ele é um exemplo de cidadania.

 

Embora não tenha nascido em Campos você é considerado um campista ilustre com todos os títulos de referência. O Miranda nasceu onde? Fale um pouco do início de tudo.

Sou carioca, nascido no bairro da Penha e criado após os 4 anos em Piedade. Comecei a trabalhar com 14 anos, na função de contínuo entregando correspondências do então Banco Imobiliário e Comercial S.A., nos escritórios dos clientes.

Agora, como veio parar em Campos?

Em setembro de 1976, trabalhando no Banco Mercantil do Brasil, fui transferido para Campos, como subgerente na agência localizada à Rua João Pessoa. Vim contrariado. Deixei no Rio de Janeiro meus pais e demais familiares, como também a família de minha esposa (Hilma – já falecida). Se após 6 meses meus superiores quisessem me levar de volta eu sairia do Banco, mas não sairia de Campos.

O nome Miranda se confunde com a CDL. Das funções que você desempenhou, a CDL é a mais marcante em sua vida?

A CDL-Campos é tudo em minha vida. Eu já contava com um grande número de amigos. Em 1977, fizemos o 4º Cursilho, em 1978 fomos convidados para ingressar no Rotary Clube Campos São Salvador, tendo nesses dois movimentos aumentado e muito nossa relação de amizades.

Na CDL fui recebido com muito carinho, no início da gestão do empresário Genildo Tavares, em julho de 1990. Todos os presidentes e diretores que por lá passaram dedicaram especial atenção ao meu trabalho e de toda a equipe de funcionários. A CDL me proporcionou a oportunidade de conhecer e lidar com empresários, políticos, autoridade civis e militares, e outros.

Sou Cidadão Campista, título concedido pela Câmara Municipal de Campos por indicação do vereador Admardo Gama, e em 2012 recebi das mãos do Vereador Nelson Nahim a placa representando o diploma da “ordem municipal do mérito”. Recebi do ex-comandante do 8º BPM, Ten. Cel. Mário Pinto, o título de Amigo do Batalhão, e, na gestão do atual comandante, Ten. Cel. Fabiano Santos, recebi o diploma de “policial militar honorário”.

A morte de Edvar de Freitas Chagas te abalou muito. Ele era um ponto de referência na sua vida, na CDL?

Edvar foi um grande líder do movimento lojista. Defendia a nossa entidade e a classe lojista com muita garra. Foi um dos meus grandes amigos que DEUS chamou para perto dele. Sinto sua falta.

Você é considerado por todos, uma verdadeira unanimidade, como ativista social, no melhor sentido da expressão. Como você se desdobra para participar de tantas reuniões?

O trabalho que faço junto a entidades assistenciais e a comunidade carente, só é possível, graças ao apoio de diversos empresários que sempre atendem aos meus pedidos, confiando que o solicitado vai, de fato, para o destino informado. Tenho ajudado também ao 8º BPM e a 134ª DP.

Sou somente um intermediário, entre quem tem e quem precisa. Agradeço a Deus sempre por ter me colocado nessa posição.

Recentemente algo te emocionou muito como ter sido escolhido para carregar aqui a tocha olímpica. Como foi isso?

Conduzir a Tocha Olímpica foi um marco na minha vida. Recebi uma ligação de Orlando Portugal, então Secretário Municipal, informando que havia indicado meu nome ao Comitê Olímpico Brasileiro, para ser um dos condutores da Tocha em nossa cidade. Agradeci muito pela indicação.

Alguns dias após o vereador Neném, me ligou informando que havia assumido a coordenação e que meu nome seria mantido, e, que fora aprovado pelo Comitê. No dia, conduzi a tocha com muita emoção. Muitos amigos, meus filhos, minhas noras, meus netos, Nelma e seus familiares, estiveram no local me parabenizando. Tenho tudo gravado na memória.

Uma geração toda de comerciantes e empresários cresceu ouvindo “fala com Miranda que ele resolve”. Isso é gratificante?

É muito gratificante ouvir de empresários não só do comércio como também de outras atividades, assim como de políticos e autoridades em geral, que sou o “presidente eterno da CDL”, uma brincadeira que me deixa feliz. O amigo Celinho quando liga o telefone para falar comigo, não diz alô, diz: “é o Miranda CDL?”

E qual é o segredo para resolver problemas e encontrar soluções?

O segredo para resolver problemas e encontrar soluções é dedicação. Faço o que gosto, gosto do que faço, além de me apoiar e muito na fé em Deus e Nossa Senhora. Eles sempre estiveram ao meu lado me ajudando a não encontrar portas fechadas. Onde vou, sou muito bem recebido e ouvido e na maioria das vezes atendido. Conto também com o apoio de Nelma e sua família, que em dezembro de 1994, entraram em minha vida.

Você tem sido o porta-voz da classe produtiva com os órgãos de segurança. A segurança em Campos é uma coisa que preocupa?

A segurança preocupa. Eu que estou constantemente no 8º BPM, sei da dedicação de seu Comandante e Comandados. Infelizmente a situação financeira de nosso estado não oferece condições de trabalho. O Batalhão que é responsável pela segurança de quatro municípios, (Campos, S. J. Barra, S. Francisco e S. Fidelis) já teve 1.200 homens, sendo que hoje tem pouco mais de 800 e os municípios seguem com número de habitantes cada vez maior. Outro problema é o número de viaturas, insuficiente para a execução de todas as necessidades. Esse problema, com números menores, ocorre também nas duas Delegacias de Polícia Civil de Campos.

E o Miranda religioso. Como você se define?

Quanto a religião eu não abro mão, sou Católico Apostólico Romano. Acredito e respeito a DEUS a quem eu agradeço por toda a minha vida. O que ELE me deu é suficiente para que eu tenha uma vida tranquila, sem luxo, mas com uma riqueza muito grande, que é a principal razão de tudo que eu faço em benefício dos que precisam. Essa riqueza não está depositada nos bancos, ela fica bem guardada em meu coração: as amizades.

O que você ainda não realizou e que gostaria de realizar?

Eu não tenho em mente nada de importante que eu não realizei e que gostaria de realizar. Peço somente a Deus que me dê condições de viver mais alguns anos fazendo o que mais gosto, que é encontrar meios de ajudar a quem precisa. Termino agradecendo a dois casais que foram muito importantes para que eu e minha família estivéssemos aqui nesses 42 anos.

Quais?

O primeiro casal é Laurindo, que Deus já levou para perto dele e Cecília Silvestre. Costumo dizer que Laurindo foi minha bengala branca, visto que cheguei em Campos ceguinho em relação a cidade e ele me ajudou a aprender a andar em Campos, com apoio de Cecília.

O segundo casal é Nilton Fernandes e Irani, que nos apadrinhou na nossa entrada no movimento rotário, e que nos ofereceram rodo o carinho possível. Niltinho, como era tratado, também já nos deixou.

Laurindo era funcionário do banco e Niltinho gerenciava a filial da Macife Campos, e, após algum tempo criou a sua própria empresa, a Aços Campos.

Você pede por muitos?

Todos sabem o quanto eu peço, e também que não é em meu benefício. Foi fazendo o meu primeiro grande pedido em Campos, com uma semana de trabalho, e com a resposta positiva, que o Banco Mercantil do Brasil continuou na cidade e nós, funcionários, tivemos a manutenção de nossos empregos.

Na sexta-feira da primeira semana, em setembro de 1976, ao visitar o prefeito Zezé Barbosa, fui a ele apresentando e ele me falou: “você não deu sorte, acabei de assinar um cheque encerrando a conta da prefeitura no seu banco”.

E o resultado?

Quase perdi o rumo, após alguns segundos perguntei a razão de tal medida, e ele detalhou um aborrecimento com a pessoa que gerenciava a agência. Expliquei que o saldo da Prefeitura representava 70% do total dos depósitos e que caso o cheque não fosse cancelado, o banco encerraria as atividades em Campos.

Foi meu primeiro pedido, que graças a Deus, após um terrível final de semana, foi atendido. Se tem um culpado por hoje eu estar aqui, é o ex-prefeito Zezé Barbosa. Que Deus o tenha.