Em Campos, uma doença tem preocupado muita gente que ama e cria gatos: é a esporotricose, que é causada pelo fungo Sporothrix Schenckii. Alguns fatores relacionados aos casos acendem um alerta na cidade, entre eles destacam-se a dificuldade de prevenção – já que não existe vacina para tal – a facilidade de contaminação, registro de contágio também entre cães e humanos e a dificuldade no tratamento. Além disso, outro fator que preocupa ainda mais os veterinários é o aumento no número de casos registrados, que já é 100% maior neste ano se comparado a 2017.
Segundo a veterinária Camila da Silva Lourenço, que faz parte do Projeto Esporotricose, da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), os casos tiveram um grande aumento neste ano em comparação a 2017. “Começamos o projeto em 2016 e já no comparativo com 2017 notamos um aumento absurdo. Não temos os números específicos deste ano, mas já percebemos um aumento médio de 100% dos casos em relação ao ano de 2017. Um agravante é que agora começaram a aparecer mais casos em cães e humanos”, explicou.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da esporotricose é feito através de um exame oferecido gratuitamente pelo Projeto Esporotricose, da Uenf. Já o tratamento é com medicamentos por via oral e dura em média 90 dias. Durante todo este período, o animal tem que ficar isolado.
Alternativa para conter o avanço da doença
Uma ‘luz no fim do túnel’ para auxiliar a reduzir os casos da esporotricose é a castração dos gatos. Isso porque, após castrados, os animais perdem instintos sexuais e também apresentam comportamentos mais calmos em geral – o que os impediria de brigar e fugir, por exemplo.
“É a única forma de prevenção e meio mais eficaz para prendê-los em casa. Já que não existe uma prevenção medicamentosa, a solução é evitar que os animais tenham contato com o fungo que transmite a doença”.
Além de toda a preocupação com a falta de vacina, aumento de casos e outras dificuldades, uma moradora do bairro Parque Califórnia denuncia omissão do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em um caso em que pediu apoio para a captura de um gato com a doença que estava rondando a região e atacando outros animais.
“Eu informei ao CCZ que já havia conseguido capturar o gato que estava na rua transmitindo a doença e era só eles virem aqui para buscar o animal. Me informaram que não viriam porque eu já havia acolhido o gato e eles só fazem a captura do animal na rua. Expliquei toda a situação mais uma vez e disse que ia soltar o gato novamente então para que eles viessem buscar”, desabafou a moradora Carla Coutinho, da Rua Domingos Viana. Ainda segundo ela, até o fechamento desta matéria, o felino continuava rondando a região e brigando com outros animais – o que é uma forma de passar a doença.
CCZ garante solução
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) não informou por que o animal não foi capturado após a denúncia, mas garantiu que será feita o quanto antes. O órgão informou também que o município realiza o agendamento para castração de cães e gatos, através do projeto CCZ Convida – que acontece em vários pontos da cidade e é divulgado nos veículos de comunicação da prefeitura.
Ainda segundo o CCZ, mais de 700 animais foram castrados neste ano até agosto. Segundo a médica veterinária do CCZ, Francimara Araújo, esforços estão sendo mantidos para viabilizar os medicamentos para tratamento da esporotricose nos animais cuidados no local.
Projeto Esporotricose
O Projeto Esporotricose, coordenado pela professora Adriana Jardim, existe na Uenf desde 2016 e atende animais com suspeita da doença de forma gratuita, principalmente os que pertencem a pessoas que não têm condições de pagar pelo atendimento em alguma clínica particular.
“Nosso maior problema é que muitas pessoas já trazem o animal com a doença instalada e alegam que não têm informação sobre a esporotricose. Quando identificamos a doença, mas o animal precisa de outros exames, a pessoa faz aqui na Uenf por um valor social”, explicou a veterinária Camila.