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Morre aos 96 anos, em SP, Hélio Bicudo, fundador do PT e autor do pedido de impeachment de Dilma

Jurista se notabilizou pela defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar; ele morreu em sua casa

País
Por Redação
31 de julho de 2018 - 18h23

O jurista Helio Bicudo morreu em sua casa,  São Paulo (Foto: Marcos Alves/O Globo))

O jurista Hélio Bicudo morreu na manhã desta terça-feira (31) em sua casa, nos Jardins, em São Paulo, aos 96 anos. O local do velório e do enterro não foram divulgados pela família até o início da noite. Fundador do PT, Bicudo assinou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2015.

Jurista, jornalista, promotor, deputado e vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo fez da sua bandeira de vida a defesa dos direitos humanos. A atuação na área ganhou destaque entre 1969 e 1970, quando combateu como procurador de Justiça a atuação do esquadrão da morte, que executava jovens.

Nascido em 5 de julho de 1922 na cidade Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, se formou em direto pela Universidade de São Paulo em 1946. No ano seguinte, começou a trabalhar como promotor. Em 1959, assumiu a secretaria da Casa Civil do governo de Carvalho Pinto em São Paulo. Na presidência de João Goulart, foi chefe de gabinete do Ministério da Fazenda, que tinha Carvalho Pinto como titular, em 1963. Chegou a ser ministro interino na época.

Fora dos cargos públicos no período da ditadura militar, acabou escolhido para presidir o Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo. Ingressou no PT e foi vice na chapa encabeçada por Lula que disputou o governo de São Paulo em 1982. Na gestão de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo, ocupou o cargo de secretário dos Negócios Jurídicos entre 1989 e 1990. Na mesma época, teve conflitos com José Dirceu pela disputa do comando do diretório petista da capital paulista.

Foi eleito deputado federal por duas vezes, em 1990 e 1994. Em 1997, integrou a comissão de sindicância interna do PT que investigou os contratos entre empresas do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e prefeituras petistas. No livro “Minhas Memórias”, lançado em 2007, Bicudo lamenta não ter se aprofundado na apuração, que poderia chegar a Lula.

Além dos cargos políticos, presidiu da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre 1998 e 2001.

Devido à sua ligação com a Igreja Católica, foi escolhido vice de Marta Suplicy na disputa vitoriosa pela prefeitura paulistana em 2000. O objetivo era diminuir a resistência de alguns setores da sociedade à candidata.

Em 2005, deixou o PT, junto com outros militantes como Plínio de Arruda Sampaio, contrariado com a postura do partido no escândalo do mensalão. Disse na época que a legenda havia “desviado de sua rota” e se afastado dos “ideais éticos e morais”. Mas ao contrário de Plínio, que ingressou no PSOL, optou por não se filiar a nenhuma legenda.

Longe da vida partidária, Bicudo seguiu militando em favor dos diretos humanos e denuncia abusos cometidos no país. Atualmente presidia a Fundação Interamericana de Defesa dos Diretos Humanos, da qual foi um dos fundadores.

Em outubro de 2015, Bicudo assinou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, ao lado dos também juristas Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Na época, em entrevista ao GLOBO, Hoje, disse que estava “decepcionado” com o partido e que Dilma havia cometido crimes “contra a boa administração”.

O presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, lamentou em nota a morte do jurista: “Com pesar recebi a notícia do falecimento de Hélio Bicudo, um jurista que sempre se posicionou com coragem em defesa dos direitos humanos e da democracia no nosso país. Minha solidariedade aos familiares e amigos.”

Fonte: O Globo