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Campanha de combate ao câncer de cabeça e pescoço

Iniciativa “Julho Verde” encerra o mês promovendo a conscientização da população sobre a doença

Saúde
Por Redação
21 de julho de 2018 - 18h31

A data 27 de julho é reservada ao Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Durante todo o mês acontece a campanha “Julho Verde”, lançada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), com o objetivo de alertar à população sobre esta doença, além de esclarecer dúvidas e fornecer mais informações aos pacientes. No Brasil, um levantamento aponta cerca de 40 mil casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), correspondendo a 4% de todos os cânceres.

O câncer de cabeça e pescoço pode atingir áreas como: língua, assoalho da boca, bochechas, gengivas, palato mole, palato duro, faringe, laringe, esôfago cervical, tireoide, glândulas salivares e seios paranasais, sem contar os cânceres de pele que também acometem esta região.

Dr. Raphael Sepulcri (Foto: Divulgação)

Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço, Dr. Raphael Sepulcri, não só no Brasil, mas também no mundo inteiro a incidência dos tumores de orofaringe relacionados à infecção pelo vírus HPV vêm crescendo com o passar dos anos. Em algumas regiões, o câncer de boca chega a ser o terceiro tipo mais frequente, além de ser sete vezes mais incidente nos homens do que nas mulheres.

“A campanha “Julho Verde” é uma oportunidade de trazer ao conhecimento da sociedade brasileira a realidade da prevalência do câncer de cabeça e pescoço e a importância da prevenção e do diagnóstico precoce nestes casos. Como sabemos, em todos os casos de tumores, quanto mais precoce o diagnóstico maior a chance de cura. Precisamos discutir cada vez mais este assunto, pois são cerca de dez mil mortes por ano no Brasil só para os cânceres de boca e laringe, lembrando que os pacientes que não morreram têm uma qualidade de vida muito piorada tanto durante quanto depois do tratamento”, explica.

O especialista ainda ressalta que o câncer de cabeça e pescoço tem maior incidência entre a quarta e sexta décadas de vida. Além disso, em seu estágio inicial o paciente pode não apresentar sintomas, mas à medida que a doença se desenvolve podem aparecer manchas brancas na boca, lesões que sangram ou que dificilmente cicatrizam, mudanças na voz e rouquidão, dificuldade ou dor para engolir e nódulos no pescoço.

“O diagnóstico é feito por meio de uma biópsia da lesão esteja ela onde estiver, na boca, laringe, faringe, na cavidade nasal etc. Com exceção de alguns tumores da tireoide não há marcadores no sangue do paciente que possam identificar o câncer de cabeça e pescoço. O tratamento geralmente é cirúrgico acompanhado de radioterapia e em alguns casos de quimioterapia também. Em casos iniciais pode ser feito apenas radioterapia e em casos avançados, que não há indicação de cirurgia, faz-se o tratamento combinado de radioterapia e quimioterapia”, esclarece.

Fumantes e pessoas que fazem uso frequente de bebidas alcoólicas também são alvos da doença. É cada vez mais frequente o diagnóstico da doença em indivíduos jovens (menores que 45 anos), sem a exposição a estes fatores, com tumores originados pelo papilomavírus (HPV).

“O tabagismo é o principal fator etiológico. Cerca de 95% dos casos estão relacionados a ele. Nessas situações, o risco de desenvolvimento da doença pode aumentar em até dez vezes, portanto, é necessário um certo tempo de exposição ao cigarro e ao álcool para o desenvolvimento do câncer. Mas, há outros fatores também como: a higiene oral, fatores genéticos, HPV e outros menos importantes. É importante ainda citar que naqueles casos relacionados ao HPV geralmente os pacientes são mais jovens e estão relacionados à promiscuidade”, revela Dr. Raphael Sepulcri.

Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas.  A causa exata deste tipo de tumor é desconhecida, de acordo com o médico, mas pacientes com determinados fatores de risco como tratamento com radiação para a cabeça, pescoço ou tórax na infância, história familiar de câncer de tireoide, idade acima de 40 anos e um nódulo na tireoide que cresce rapidamente, têm uma incidência aumentada.

“A incidência do câncer de tireoide é maior no público feminino, porque as mulheres são as mais acometidas de nódulos nesta glândula. Lembrando que 90% dos nódulos tireoidianos são benignos, sendo uma doença com um prognóstico muito bom, diferentemente das outras regiões que falamos anteriormente”, frisa.

Chances de cura

O cirurgião ainda pontua que o índice de cura está relacionado ao estágio que se encontra a doença. Nos períodos iniciais (estágios I e II), há uma sobrevida em cinco anos de 70-90%, e nos casos avançados a sobrevida em cinco anos é menos de 50%. No Brasil, cerca de 80% dos pacientes chegam para o tratamento em estágios avançados (estágios III e IV).

“Por isso, a importância da campanha para conseguirmos tratar nossos pacientes nos estágios iniciais e consequentemente curá-los”, completa.

#JulhoVerde

Em 2018, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) e a Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) realizam pelo segundo ano consecutivo a campanha nacional de conscientização para a prevenção dos tumores de cabeça e pescoço. Neste ano o tema escolhido foi “Quem ama inclui”, devido às sequelas psicológicas e funcionais irreversíveis, que prejudicam a qualidade de vida e a reinserção do paciente na sociedade.

Dr Raphael Sepulcri
Cirurgião de Cabeça e Pescoço formado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA-MS)
Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – TCBC-RJ
Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Geral Dr. Beda – Campos dos Goitacazes – RJ
Cirurgião Cabeça e Pescoço do Hospital São José do Avaí – Itaperuna – RJ
Docente do Curso de Medicina da Universidade Iguaçu (UNIG – Campus V) – Itaperuna – RJ