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Último andar do Hotel Flávio deverá ser demolido para que restante seja preservado

Coppam volta à atividade e tem nova presidência

Campos
Por Thiago Gomes
2 de julho de 2018 - 15h42

Quarto e último andar deve ser demolido

A situação do Hotel Flávio, que sofreu um desmoronamento parcial há pouco mais de uma semana, reforça o que a maioria dos campistas já sabia: parte do patrimônio arquitetônico da cidade está em ruínas, alguns prédios com risco iminente de desabamento, e longe de uma solução que concilie conservação e segurança. O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos dos Goytacazes (Coppam), que acaba de despertar de um período de inatividade, tem um desafio pela frente, que não se restringe ao Hotel Flávio. Uma matéria publicada pelo Jornal Terceira Via, na edição impressa do dia 8 de abril, com o título “Abaladas estruturas: prédios históricos amargam deterioração”, já mostrava o delicado quadro do casario antigo da cidade e falava da inoperância do conselho na época.

O Hotel Flávio, localizado na Rua Carlos de Lacerda, foi construído ainda no século XIX e pertenceu aos familiares do Visconde de Araruama e foi tombado pelo Coppam em 12 de setembro de 2013. Já há algum tempo, sem a devida manutenção, o prédio também começou a ser tombado pelo tempo.

Durante a última reunião do conselho, realizada no dia 27 de junho, os proprietários do Hotel Flávio apresentaram a proposta de demolir o quarto e último andar por apresentar possibilidade de novo desmoronamento com riscos, inclusive, aos prédios vizinhos, como o Cartório do 6º Ofício, que chegou a ser atingido pelos escombros. Os imóveis no entorno foram interditados pela Defesa Civil e o trânsito na rua interrompido pela Guarda Civil Municipal. Segundo a presidente do Coppam, Cristina Lima, a proposta foi aprovada com ressalvas.

“Temos que conciliar a necessidade de preservação do patrimônio histórico com a segurança no local. O parecer técnico indica iminência de desmoronamento de parte do quarto pavimento, então, aprovamos a demolição cuidadosa e solicitamos a guarda do material a ser reaproveitado posteriormente em restauração. Ressaltamos também a necessidade de escoramento para evitar novos acidentes. É importante lembrar que já existe uma condenação para que a família restaure o imóvel” explicou Cristina.

Restauração — Apesar do desmoronamento parcial do Hotel Flávio, o arquiteto Humberto Netto, que também é membro do Coppam, acredita que ainda é possível restaurá-lo. “Neste momento, em caráter de urgência, a família proprietária fará a demolição do quarto pavimento e precisará fazer o escoramento da fachada. É importante que isso seja feito com cuidado para não prejudicar a estrutura ou descartar partes que possam ser reaproveitadas em futura restauração”, analisou o arquiteto.

Coppam desperta do sono
Devido às demandas acumuladas, a nova presidente do Coppam, Cristina Lima, contou que o órgão pretende se reunir semanalmente, neste primeiro momento. Ela assumiu a direção do conselho no dia 25 de junho, dois dias após o desmoronamento parcial do Hotel Flávio. A primeira reunião de sua gestão ocorreu no dia 26. Além da mudança na presidência, a Lei nº 8.842, de 13 de junho de 2018, publicada no Diário Oficial do dia 20 do mesmo mês, alterou a composição do Coppam, justamente com o objetivo de tornar mais efetiva a atuação do conselho.

O órgão passou a ser mais ativo. Na última semana foram pelo menos três reuniões. Mas nem sempre foi assim. Em 2017, os conselheiros não se reuniram uma única vez. O mesmo ocorreu de janeiro a março deste ano. O motivo foi a falta de quórum. Na época, o conselho era formado por representantes de seis órgãos municipais e seis da sociedade civil.

Hoje, com a alteração promovida pela recente lei, mais um órgão municipal, a Postura, passou a integrar o time. Além da Postura, representando o Poder Executivo, estão no Coppam: a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte (Smece); a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL); a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana; a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental; a Procuradoria Geral do Município e a Coordenadoria de Defesa Civil.

Já a sociedade civil está representada pela Associação Norte Fluminense de Engenheiros e Arquitetos (Anfea), pela Associação de Imprensa Campista (AIC), pela Academia Campista de Letras (ACL), Centro Universitário Fluminense (Uniflu), Instituto Histórico e Geográfico de Campos (IHGC) e Rotary Club.

Patrimônio — De acordo com o Coppam, o município possui 325 prédios tombados. A maioria é de proprietários particulares.

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