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Contagem regressiva para o júri

O guarda municipal Uenderson Mattos e outros réus são acusados de feminicídio contra a analista judiciária Patrícia Manhães

Geral
Por Thiago Gomes
11 de junho de 2018 - 0h01

Uenderson Mattos em operação policial (foto: Silvana Rust)

O julgamento dos guardas civis municipais Uenderson de Souza Mattos e Genessi José Maria Filho, e do pedreiro Jonathan Bernardo Lima, acusados de participação no assassinado da analista judiciária Patrícia Manhães Gonçalves Mattos, estava previsto para o dia 21 de junho, mas foi adiado. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) não deu detalhes sobre os motivos do adiamento ou sobre o caso, alegando que o processo corre em segredo de Justiça. No entanto, o órgão informou que o júri popular deverá ocorrer em julho.

O crime aconteceu em 13 abril de 2016 e os réus respondem por crime de homicídio triplamente qualificado (entre as qualificadoras está o feminicídio). Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, Uenderson, marido da vítima, é apontado como mandante do crime e Genessi como o contratante do pedreiro Jonathan, que teria disparado contra a analista judiciária.
Julgamento
O processo está na 1ª Vara Criminal de Campos, que não possui juiz titular. No momento, o responsável é o magistrado Bruno Rodrigues Pinto, que deverá presidir o júri, caso não haja remanejamentos até a data do julgamento. Os três começaram a cumprir prisão preventiva na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro, em 25 de maio de 2016. Depois foram transferidos para o Presídio Diomedes Vinhosa Muniz, em Itaperuna.
A equipe de reportagem fez contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) para saber se os acusados continuam em Itaperuna, mas o órgão não informou o paradeiro deles, alegando tratar-se de medida de segurança. Jonathan tem dois antecedentes criminais por porte de arma e Genessi chegou a cumprir pena de seis anos por homicídio.
A defesa de Uenderson chegou a entrar com um pedido de liberdade provisória, mas foi negado pelo então juiz na 1ª Vara Criminal, Diego Fernandes Silva Santos. Em outra tentativa da defesa, foi solicitado que o réu apontado como mandante fosse julgado em outra comarca, mas o atual juízo da 1ª Vara Criminal indeferiu, de modo que ele e os demais réus irão a júri popular no Fórum Maria Tereza Gusmão, na Comarca de Campos dos Goytacazes.
Motivação
A motivação do crime não havia sido esclarecida e o TJ-RJ não deu detalhes por causa do sigilo em relação ao caso. Mas no inquérito, a Polícia Civil cogitou interesse financeiro do marido na herança da esposa. O Ministério Público chegou a afirmar a existência de um quarto elemento envolvido no homicídio, mas, até o ano passado, quando foi decretado sigilo, ele ainda não havia sido identificado.
O crime Patrícia, de 41 anos, foi executada a tiros dentro de seu carro no início da noite de 13 de abril de 2016. Ela estava no estacionamento da Guarda Ambiental, no bairro Ceasa, aguardando o retorno do marido, que teria entrado no órgão para falar com um primo. Por volta das 18h, ela foi surpreendida pelo assassino, que estava na garupa de uma motocicleta. Patrícia deixou um filho de 8 anos e outro de 4 anos.
A vítima chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Ferreira Machado pelo próprio marido, mas não resistiu aos ferimentos. Ela levou um tiro na cabeça e outro no pescoço.
Uenderson contou em depoimento que havia R$ 1.500 dentro do carro, valor esse que seria utilizado para quitar o IPVA no dia seguinte ao crime. Ele disse que os supostos assassinos teriam levado o dinheiro antes de atirar em Patrícia. Ainda em depoimento, o guarda civil disse que seu relacionamento com a esposa era bom, mas admitiu que se envolveu com outra mulher porque “não conhecia a palavra de Deus”.
Ambos ainda são da Guarda
Uenderson e Genessi ainda integram os quadros da corporação. Na época do crime, em abril de 2016, o então comando da Guarda Civil decidiu não abrir procedimento interno e aguardar o julgamento da Justiça.
Em nota, a Superintendência de Comunicação informou que “o processo judicial encontra-se em andamento e, como prevê o Estatuto do Servidor, os dois detidos não recebem mais salários e o auxílio reclusão, referente a 2/3 do provento base, é depositado na conta dos familiares diretos.