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Polícia e MP detalham denúncia contra funcionários do Álvaro Alvim

Esquema criminoso conta com participação de políticos, segundo investigação

Campos
Por Redação
22 de maio de 2018 - 18h05

Delegado Geraldo Rangel e promotor Fabiano Rangel acompanham o caso (Foto: JTV)

No fim da tarde de terça-feira (22), o delegado Geraldo Rangel da 134ª Delegacia de Polícia Civil e o promotor de Justiça, Fabiano Rangel reuniram a Imprensa para divulgar dados da investigação que apura venda de vagas para marcação de consultas, exames e cirurgias realizada por funcionários que atuavam no Hospital Escola Álvaro Alvim.  Seis pessoas tiveram prisões preventivas decretadas. Cinco foram presas e uma delas está foragida. O mesmo esquema criminoso em outros hospitais está sendo investigado. Políticos e servidores municipais teriam envolvimento com os casos, segundo revelaram os investigadores.

Cumprem prisão preventiva Antônio Sérgio Pessanha Moço, Débora Ribeiro Alves, Maria de Fátima da Silva Freitas, Marluce Emília Dias Pereira e Welton Gomes Martins. Está foragida a funcionária Fabiana dos Santos Pires. Eles são acusados pelos crimes de concussão — que consiste em um agente público exigir vantagem indevida, para si ou para outrem (outra pessoa), de forma direta ou indireta, mesmo fora da função pública ou até antes de assumi-la, mas desde que o faça em razão da função — e formação de organização criminosa. Além do Hospital Álvaro Alvim, há investigações envolvendo também funcionários do Hospital Plantadores de Cana.

De acordo com o promotor Fabiano Rangel, funcionários do Álvaro Alvim recrutavam pessoas para dormirem nas filas para marcação de exames e consultas. Até moradores de rua eram usados no esquema. Com as vagas ocupadas nas filas, os pacientes não conseguiam atendimento, nem sequer chegavam ao guichê de marcação de exames. “Aí, entravam em cena os vendedores de vagas para as pessoas que precisavam ser atendidas. Havia uma tabela que, dependendo do exame ou consulta, valia de R$50 a R$200”, disse.

Funcionários do Álvaro Alvim participam de esquema criminoso (Foto: Silvana Rust)

A investigação começou há cerca de um ano, após denúncias terem chegado ao Ministério Público estadual. De acordo com o delegado  Geraldo Rangel, crimes que acontecem dentro de organizações e instituições são difíceis de serem apurados e conseguirem flagrantes. “É um tipo de inquérito bastante complexo, mas conseguimos reunir provas envolvendo esses suspeitos. Outras pessoas também estão sendo investigadas, inclusive alguns políticos e servidores públicos ligados à Secretaria Municipal de Saúde”, revelou.

A mesma denúncia também envolve funcionários do Hospital Plantadores de Cana (Foto: Silvana Rust)

Para o promotor Fabiano Rangel, os crimes praticados se tornam mais graves quando funcionários exigem dinheiro de um serviço que é gratuito como os oferecidos pelo SUS no Álvaro Alvim e nos Plantadores de Cana. “Há denúncias de extorsão e até agressão física e ameaças a pacientes que não queriam pagar pela vaga na fila para marcar uma consulta”.  Eles montaram uma espécie de curral, onde o paciente se via encurralado e obrigado a pagar, caso quisessem atendimento”, contou.

Após a prisão dos acusados e a denúncia registrada na Delegacia de Polícia, o atendimento normal nos hospitais foi restabelecido, segundo o promotor do Ministério Público Estadual. As investigações não têm prazo para serem concluídas. “Nós precisamos contar com as denúncias da população. De preferência, pessoalmente no Ministério Público. Porém, a denúncia anônima também é válida pelo telefone 127 do MPE, e pelo 2724-1580 da 134ª DP”,  informaram os investigadores.

Em nota, o Álvaro Alvim repudiou as “atividades ilegais de venda de vagas” e afirmou não ser “responsável pela marcação de consultas, que é uma atividade da Central de Marcação da secretaria de Saúde”.

A secretaria municipal de Saúde (SMS) , também por meio de nota, disse que “qualquer caso em que  haja venda de ficha para marcação de consulta pelo SUS é procedimento ilegal” e afirma que denúncias podem ser feitas junto à unidade envolvida ou através da ouvidoria, por meio do telefone (22) 98175-1610. A prefeitura disse ainda que acompanha o caso e se dispõe a auxiliar no que for necessário.

O Jornal Terceira Via também solicitou nota ao Hospital Plantadores de Cana e publicará a versão assim que for enviada.