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Roubo de carga joga pesado

Estatísticas revelam que a cada 48 horas, mais de um caminhão é roubado nas estradas da região; foram 200 só em 2017

Campos
Por Redação
28 de janeiro de 2018 - 0h01

objetos-recuperados-por-pms-em-ururai-silvana-rust-33Matéria-prima para indústria, alimentos perecíveis ou não, eletrônicos, vestuário, móveis. Não importa o segmento, para a circulação de mercado desses produtos, a rota viária é indispensável. Sabendo disso, bandidos fortemente armados rondam pelas estradas em busca de um alvo. Assim, o roubo de carga, em 2017, contabilizou cerca de 200 casos, mais de um assalto a cada 48 horas, nas regiões Norte, Noroeste, Lagos, Serrana e Baixada Litorânea. A maior incidência de roubos está em Campos (34 casos), seguida por Macaé (30), Cabo Frio (23), Silva Jardim (22), Nova Friburgo (12), Casimiro de Abreu (11) e Rio das Ostras (10).

A principal investida dos bandidos é na BR-101. Entre o município de Rio Bonito e a divisa dos estados do Rio de Janeiro com Espírito Santo, 25% dos veículos que trafegam nesse trecho são caminhões, cerca de 18 mil, de acordo com a concessionária Autopista Fluminense.

O delegado titular da 134ª Delegacia Legal de Campos, Geraldo Rangel, explicou que muitos assaltos costumam acontecer em determinada cidade e o registro de ocorrência ser feito em outro município, mas isso não pulveriza o direcionamento investigativo e nem as ações de repressão ao crime. “Por exemplo, se uma carga foi roubada no município de São Fidélis e o motorista foi abandonado em Campos. Como cidadão, ele tem direito de procurar a delegacia mais próxima, nesse caso a de Campos, para registrar o crime. Dessa forma, a delegacia que registrou encaminha o documento para a delegacia responsável pela área onde o assalto aconteceu e os policiais darão continuidade à investigação e ao policiamento ostensivo para evitar novos casos”, falou.

A Delegacia Legal de Macaé foi a que mais registrou ocorrência de roubo de carga, já que em Campos, os 34 casos são distribuídos para duas delegacias diferentes. Felipe Poeys, delegado titular de Macaé informou que investiga vários casos de roubo de carga para identificar e prender os assaltantes que agem nas estradas e dentro do município. “Ao longo de 2017, tivemos várias prisões nesse sentido e continuamos trabalhando”, disse, resumidamente o delegado, acrescentando que Macaé foi também o município que mais reduziu roubos de carga em comparação aos anos anteriores.

Dados estatísticos do Instituto de Segurança Pública (ISP), do Estado do Rio de Janeiro, revelam que outra forte incidência desses crimes está localizada entre os municípios vizinhos de Casimiro de Abreu e Silva Jardim. Lá, a maioria dos roubos acontece na Rodovia BR-101.

prf-recupera-carga-roubada-passo-fOrientações
De acordo com Iuri Guerra, chefe substituto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Campos, os grupos criminosos variam na forma de atuar. Muitos criminosos agem com violência e, fortemente armados, emparelham seus carros nos caminhões, obrigando o caminhoneiro a parar o veículo, sob ameaças de morte. Para Iuri, o motorista deve ter cuidado no local de parada do veículo quando ele for se alimentar ou descansar. “Sabemos que em muitos postos de combustíveis com boa estrutura onde os caminhoneiros costumam fazer paradas, ficam olheiros da quadrilha de roubos avaliando o tipo de carga e a rota que o motorista vai fazer para depois assaltar”, alertou.

Uma opção segura para esses motoristas, segundo Iuri, seria estacionar nas imediações dos postos da Polícia Rodoviária Federal, nas rodovias federais. “Aqui em Campos é possível encontrar durante a noite alguns caminhoneiros nessa condição, todos os dias da semana”, falou.

Ele afirma que as vítimas desse tipo de crime devem procurar a Polícia Rodoviária Federal além de registrar o caso na delegacia da Polícia Civil. “É importante que nós saibamos rápido que o crime aconteceu porque assim que a vítima ligar para o nosso telefone de emergência e comunicar o caso, nossos agentes que estão em um raio de 200 quilômetros recebem alertas nos seus aparelhos celulares com os dados do veículo e procedem, de imediato, a abordagens e buscas”, orientou.

Prejuízos
O setor de atacado e distribuição de gêneros alimentícios do país divulgou que o roubo de cargas tem gerado grandes prejuízos para o segmento. Diante disso, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Carga e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga) propôs uma parceria com várias entidades públicas para discutir o problema e buscar soluções. Um Núcleo será criado para identificar e prescrever um conjunto de ações capazes de minimizar os efeitos dos roubos.

Segundo Luiz Carlos Marinho, vice-presidente da Associação de Atacadistas e Distribuidoras do Estado do Rio de Janeiro (Aderj), há falta de segurança em regiões de grande circulação de veículos de transporte e grande concentração de empresas de logística. Marinho lembrou ainda que os alimentos são produtos de “fácil comercialização” pelos bandidos e seus receptadores e têm destino certo. Ele também destacou a impossibilidade de rastrear a carga roubada ou furtada. “É impossível rastrear os alimentos quando roubados, diferente de equipamentos eletrônicos que possuem controles e identificações individuais”, concluiu.