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Imbé: bonito por natureza

Parque fica na Região Serrana de Campos e esconde belas trilhas e cachoeiras de águas cristalinas entre montanhas

Cultura
Por Redação
4 de outubro de 2017 - 14h50
 As cachoeiras do Imbé guardam muita beleza (Foto: reprodução)

As cachoeiras do Imbé guardam muita beleza (Foto: reprodução)

Perguntados a respeito das cachoeiras do Imbé, os visitantes não hesitaram em afirmar: é, definitivamente, a área mais bela de todo o município de Campos. Essa certeza foi a razão para que a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via escolhesse o lugar para ser o terceiro ponto turístico da série “Destino Campos”.

Situada no distrito de Morangaba, a região do Imbé preserva a fauna e a flora da Mata Atlântica e, devido à distância do Centro e o difícil acesso, ainda está resguardada da ação humana. Nesse ambiente paradisíaco, de mata fechada e trilhas pouco exploradas, formam-se três cachoeiras — Tombo d’Água, Maracanã e Babilônia, além do Rio Mocotó, que também passa por ali — cada um deles com atributos diferentes do outro, o que lhes conferem paisagens únicas e memoráveis.

A equipe de jornalismo entrevistou quatro campistas que já se aventuraram pelas cachoeiras e trilhas do Imbé e que, além de exaltarem a beleza do lugar, também demonstraram preocupação quanto à fomentação do turismo. Segundo o analista de suporte Felipe Gomes Bezerra, que já foi ao Imbé aproximadamente quatro vezes, uma das características mais marcantes da região é a preservação do bioma natural. “Penso que a promoção do turismo no Imbé pode trazer benefícios, principalmente econômicos. No entanto, essa região deve ser explorada com responsabilidade porque é uma das poucas áreas do município que se mantém protegida das intervenções humanas e, consequentemente, da degradação ambiental”, declarou.

A estudante Júlia Gomes foi ao Imbé pela primeira vez quando ainda era criança, levada pelo avô. Ela lembra com carinho da sensação que teve ao adentrar as águas do Rio Mocotó e se encantar com a paisagem. Mais tarde, ela retornou para fazer trilhas e acessar as cachoeiras mais distantes; destas vezes com o filho. Júlia diz que aprendeu com a família a recolher os resíduos e respeitar a natureza, mas tem receio do que pode acontecer caso o turismo seja, de fato, explorado na região. “Confesso que tenho dúvidas se as pessoas têm educação para usufruir de um paraíso como o Imbé. Ao mesmo tempo em que acredito no turismo como algo bom para cidade, acho que existe a possibilidade de acabarem destruindo o lugar”, afirmou.

Águas cristalinas compõem o cenário (Foto: reprodução)

Águas cristalinas compõem o cenário (Foto: reprodução)

A opinião é compartilhada pela arquiteta Úrsula Almeida. Ela, que já passou de seis visitas ao Imbé — sendo a primeira ainda na infância —, lembra de um episódio que a deixou assustada. “Em uma dessas visitas, fui surpreendida com a cachoeira repleta de gente. Elas ouviam música alta, jogavam lixo nas águas… Ao invés de curtir o lugar com respeito à natureza. Talvez o turismo seja positivo no sentido de garantir a gestão da área, mas também pode ser uma má ideia porque muitos acabam depredando uma reserva tão bonita. A realidade é que é um privilégio ter esse espaço no nosso território e devemos cuidar dele com carinho para que seja preservado”, explicou.

Ela diz ainda que, como o acesso às cachoeiras não é simples, a prefeitura, junto à iniciativa privada, poderia investir na criação de pousadas e na melhoria das trilhas para, assim, contribuir para o turismo.

O bombeiro militar, Edval Júnior, adepto da prática de esportes na região, pensa que a fomentação do turismo é válida, desde que seja feita com critérios de utilização e preservação. “Temos como exemplo a região de Bonito, no Mato Grosso do Sul; por lá, foi feita toda uma estruturação para que a região de mata possa ser explorada pelo turismo para que todos ganhem, inclusive a natureza”, lembra.

Imbé faz parte do parque Estadual do Desengano (Foto: reprodução)

Imbé faz parte do parque Estadual do Desengano (Foto: reprodução)

Parque Estadual do Desengano

A região do Imbé faz parte da “zona de amortecimento” do Parque Estadual do Desengano, a mais antiga unidade de preservação ambiental do Rio de Janeiro. O parque abriga o maior índice de biodiversidade do estado, com plantas e animais nativos da Mata Atlântica, muitos deles raros e ameaçados. Possui ainda muitas montanhas de grande porte sendo a mais conhecida a do Pico do Desengano, situado em Santa Maria Madalena.

No Imbé, também está localizado o ponto mais elevado de Campos, o Pico São Mateus; formação rochosa arredondada com 1.676m de altitude, construído por uma gigantesca massa granítica, de onde tem-se ampla visão do município.

Esporte

A Serra do Imbé também é conhecida pelas inúmeras possibilidades de atividades esportivas, como rapel, trekking, raffiting, arvorismo, trilhas, ciclismo, canoagem, off road, além de passeios a cavalo e safári fotográfico. As trilhas abertas ali levam a diversas cachoeiras, com percursos e distâncias diferentes e mais ou menos risco, exigindo preparo físico do aventureiro que queira desbravá-las.

Segundo o bombeiro Edval Júnior, a Cachoeira Bonita, também conhecida como Babilônia, é a de mais fácil acesso. “O percurso até o início da caminhada é de 60km, sendo 40km, pela BR 101, e 20km pela estrada de chão que leva até a região do Imbé.

Chegando no início da trilha, o aventureiro terá que caminhar por quase 3km até visualizar a queda d´água da Cachoeira Bonita”, explicou. Ele diz ainda que não é muito aconselhável ir até a região com grandes grupos porque a diferença de condicionamento entre os trilheiros pode prejudicar o passeio. O bombeiro conta que existem trilhas de vários tipos: “Pesadas, médias, leves, mais ingrimes, menos ingrimes, depende para qual cachoeira deseja seguir. Em todas necessita essencialmente de um pequeno preparo físico”.

Questionado sobre o motivo que o leva a encarar essas trilhas há 15 anos, Edval respondeu que é o prazer de estar em contato com a natureza. “Realizar trilhas, sejam elas pesadas ou não, por dentro de mata fechada ou por estradões, em torno de morros, serras, rios e cachoeiras é muito gratificante. A descoberta de plantas, bichos e ambientes que não encontramos cotidianamente ao nosso redor é uma sensação de que sempre existe algo novo em nossas vidas”, afirma.

Localidade tem pouca estrutura. A ponte é precária (Foto: reprodução)

Localidade tem pouca estrutura. A ponte é precária (Foto: reprodução)

Como Chegar

Saindo de Campos, siga pela BR-101 em direção ao Rio de Janeiro, seguindo até a localidade da Serrinha, a aproximadamente 40 km de Campos dos Goytacazes e a 35 km de Barra de Macaé. Em Serrinha, no km 42, entre na estrada de terra, que é a RJ-180 até encontrar a RJ-190, seguindo pela direita até o Sossego do Imbé. São aproximadamente 27 km até este local. A RJ-190 e RJ-180 e as vias secundárias são estradas de terra que tanto em caso de chuvas quanto nos períodos chuvosos (setembro), podem ficar em situação bastante precária ou até intransitáveis, oferecendo risco mesmo para veículos com tração 4×4. Em épocas de seca ou sem chuvas, essas estradas são acessíveis a carros sem tração 4×4.

Cachoeira Tombo d’Água

A Cachoeira Tombo d’Água fica a 70 km da área central e consta no Guia de Turismo Ecológico do Estado do Rio de Janeiro. É importante lembrar que o acesso à cachoeira depende de autorização prévia dos proprietários da fazenda e que a mesma está em área de proteção ambiental. A visitação só é recomendada com veículos especiais e em condições meteoroló- gicas favoráveis. A trilha que leva até essa cachoeira não é recomendada a iniciantes; são 5 km com ladeiras íngremes e grau de dificuldade semipesada. O percurso é bem sinalizado, mas só pode ser feito com guias especializados. A Tombo d’Água tem uma queda de 80 metros e forma uma piscina natural de fundo arenoso, própria para banhos.

 Cachoeira Maracanã

A Cachoeira Maracanã possui um diferencial: sua formação rochosa lembra uma arquibancada daí veio seu nome, uma associação ao estádio Maracanã, Rio de Janeiro. Tem 20 metros de queda que forma um lago profundo; além disso, o conjunto formado pelas encostas rochosas, a cachoeira e a floresta densa, contornando-a, torna essa cachoeira uma das mais exuberantes da região.

É uma das regiões do estado com preservação da Mata Atlântica (Foto: reprodução)

É uma das regiões do estado com preservação da Mata Atlântica (Foto: reprodução)

Cachoeira Babilônia

Essa cachoeira começa na porteira da fazenda Babilônia, ao lado da figueira. As atividades que podem ser feitas ali são ligadas ao ambiente natural e cultural como: excursionismo, lazer, a observação científica da fauna e da flora, safari fotográfico, banho, contemplação e trilhas.

#Dica

  • Tenha paciência ao longo do percurso, que é demorado e, muitas vezes, a estrada não está boa devido às chuvas;
  • Leve filtro solar e repelente;
  • Leve alimentos leves, como sanduíches naturais, frutas e sucos;
  • Leve também material para recolher o resíduo desses alimentos;
  • É essencial usar tênis específico para trilhas; alguns trechos podem estar escorregadios.
  • Não esqueça da câmera fotográfica para registrar as belezas naturais ainda preservadas.