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Julgamento dos suspeitos de matar analista judiciária Patrícia Manhães será dia 20 de junho

Advogados queriam que júri popular acontecesse em outra Comarca

Campos
Por Coluna do Balbi
16 de abril de 2018 - 15h08

Patrícia foi morta a tiros em abril de 2016 (Foto: reprodução)

Por Aloysio Balbi

Os guardas civis municipais Uenderson de Souza Mattos e Genessi José Maria Filho, além de Jonathan Bernardo Lima, acusados de participarem do assassinado de Patrícia Manhães Gonçalves, analista judiciária, em 2016 – crime que chocou Campos – serão julgados no próximo dia 20 de junho, em Campos. O advogado de Uenderson, pediu o desafloramento do processo, ou seja, que o julgamento fosse em outra Comarca, mas o juiz da 1ª  Vara Criminal de Campos, Bruno Rodrigues Pinto, indeferiu o pedido; o que significa que o julgamento será na cidade, no tribunal de júri popular.

Uenderson era marido da vítima e, de acordo com o processo, teria encomendado o crime a Genessi que contratou Jonathan para a execução. O motivo do assassinato ainda é um mistério, já que eles negam envolvimento no crime, mas a Polícia Civil acredita em execução motivada por interesse na herança financeira da vítima.

No dia 23 de janeiro de 2017, aconteceu uma audiência de instrução e julgamento no Fórum. Os suspeitos são réus por homicídio triplamente qualificado e estão presos desde maio de 2016.

Depoimento de Uenderson na audiência de Instrução e Julgamento
O guarda municipal contou em detalhes a versão dele para o fato. Segundo Uenderson, no dia 13 de abril de 2016, ele estava de férias e acordou com uma mensagem de Genessi pedindo R$ 150 para fazer manutenção em um carro. O marido de Patrícia teria, então, combinado de entregar a quantia nas mãos de Genessi ainda na manhã daquela quinta-feira, na BR-101 próximo à sede da Guarda Ambiental, onde Genessi trabalhava. O local foi escolhido porque Uenderson iria para um velório da irmã da sua cunhada em Travessão.

Ainda de acordo com o guarda, após o velório, por volta das 18h, ele e Patrícia teriam parado o carro, um Spin na cor preta, na sede da Guarda Ambiental, em Guarus, onde Uenderson iria mostrar uma “pipa de pescaria” a um colega de trabalho porque ambos iriam pescar no final de semana. Ele contou que queria mostrar a pipa por uma das janelas da Guarda para poupar tempo, mas não conseguiu falar com o colega por ali. Segundo Uenderson, ele deixou Patrícia no carro para entrar no órgão e foi nesse momento que o crime teria acontecido.

Momento da prisão de Uenderson (Foto: Silvana Rust)

O guarda disse que levou, no máximo, 15 minutos dentro da sede da Guarda e que ouviu os disparos de lá de dentro. Ele teria corrido para socorrer a mulher, mas a encontrou com a cabeça caída no painel do veículo e o celular dela estava aceso. O juiz questionou se Uenderson sabia que a área era considerada perigosa, mas ele alegou que não tinha esse conhecimento e que, inclusive, chegou a dormir no carro quando trabalhou ali.
Uenderson acrescentou que havia R$ 1.500 dentro do carro, valor esse que seria utilizado para quitar o IPVA no dia seguinte ao crime. Ele disse que os supostos assassinos teriam levado o dinheiro antes de atirar em Patrícia. A promotora do caso, Ludmila Rodrigues, perguntou se ele tinha o costume de deixar uma grande quantidade de dinheiro dentro do carro e ele negou que R$ 1.500 fosse uma alta quantia.

A promotora também perguntou o motivo de Uenderson não ter convidado a esposa para entrar na sede da Guarda e ele respondeu que “ele respeitava o trabalho dela e ela respeitava o trabalho dele”. Ela questionou ainda de onde e há quanto tempo ele conhecia Genessi e o guarda disse que “se conheceram na Guarda há mais de 10 anos” mas que “não eram amigos próximos”; quanto à Jonathan, ele afirmou nunca ter visto.

Quando foi questionado se sabia que Genessi já havia cometido um assassinato no passado, Uenderson confessou “ter ouvido falar”, mas que não sabia detalhes. A promotora disse que constava nos autos do processo que Uenderson teria telefonado para Genessi pedindo para que ele “fizesse um serviço”. Sobre o assunto, o guarda contou que uma pessoa teria o desacatado e o ameaçado quando ele estava fardado e que “ficou com raiva”. Ele também acrescentou que se envolveu com uma mulher casada e tinha medo de o marido “fazer algo contra ele”. A promotora perguntou se ele tinha intenção de cometer um assassinato e ele alegou que “só procurou saber o que poderia ser feito para se defender, mas que a raiva passou”.

Sobre os dois filhos do casal, de 8 e 4 anos, Uenderson afirmou que tem uma “ótima relação” com ambos. Ludmila falou que a empregada doméstica que trabalhava na residência dos dois disse em depoimento que, após a morte de Patrícia, as crianças estavam em “situação de penúria alimentar” e que, antes do crime, o guarda já teria trancado o filho mais novo dentro do carro. Nesse momento, Uenderson chorou e disse que o que a mulher disse era “um absurdo”. Segundo o guarda, as crianças “sempre foram bem tratadas” e que, depois da morte da mãe, era ele quem “providenciava tudo dentro de casa”. Quanto ao relacionamento com Patrícia, o guarda se limitou a dizer que era “bom”, que se envolveu com outra mulher porque “não conhecia a palavra de Deus” e que “nunca fez ignorância com ela”.

Ainda de acordo com a promotora, a empregada doméstica teria contado que, depois da morte da esposa, ele teria utilizado o telefone dela e de outros conhecidos para efetuar ligações. A justificativa do guarda foi de que o delegado teria “vasculhado” o telefone dele e que usou outros aparelhos porque tinha medo de descobrirem o seu caso extraconjugal. Questionado se Patrícia poderia ter inimigos ou até mesmo um amante, Uenderson disse que “a princípio não” e que “confiava na esposa”.