(Foto: Silvana Rust)
Campos completa na terça-feira, 28 de Março, 182 anos. Sob o sono dos séculos, tem sido uma cidade cercada por equívocos, a começar por sua idade. Como pode Campos ter quase a metade da idade de sua Câmara de Vereadores que tem exatos 367 anos?
Isso acontece porque alguém decidiu que Campos só nasceu após a elevação à categoria de cidade, quando na verdade a idade deveria ser contada desde a fundação da Vila. Neste caso, Campos teria 390 anos, uma quatrocentona.
Como Campos não se emancipou de ninguém o correto seria contar a data a partir da Vila, como fez a cidade de Cabo Frio e outros municípios. Os historiadores batem cabeça quando o assunto é colocado em pauta.
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Fato é que estamos empilhando equívocos, engordando a máxima da “Cidade que já teve”. Como uma cidade que já teve durante mais de uma década um orçamento maior do que muitas capitais, entre elas Curitiba, tem traços fotogênicos parecidos com cidades de regiões pobres?
Como a primeira cidade da América Latina a ter energia elétrica tem hoje, como ponto fraco de sua logística, um sistema de fornecimento pouco confiável? Como uma cidade com 600 mil habitantes, no mínimo, tem uma única biblioteca?
O que temos para comemorar hoje, sendo com 182 ou 390 anos? Algumas coisas são dignas de registros, como o fato de a sociedade voltar a se organizar, pensar a cidade. Nas últimas décadas todos falavam a mesma língua por força da hegemonia de um grupo político.
Pensar na cidade, discutindo os novos rumos, enfrentando o contraditório, debatendo cada passo, parece um bom presente, e isso começa a acontecer, o que tende a ser o combustível do futuro. Algo tem que acontecer para esquecermos os equívocos do passado, em uma cidade que sequer sabe ao certo quantos anos está comemorando e, por consequência, quando realmente nasceu.
