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Muito mais que 182 anos de história

Segundo a chegada dos Sete Capitães e fundação da Vila, Campos já passou dos três séculos de vida

Campos
Por Thiago Gomes
26 de março de 2017 - 7h00

Marco inicial da fundação da Vila de São Salvador dos Campos é a Igreja de São Francisco, localizada na Rua 13 de Maio (Foto: Silvana Rust)

Por força de lei municipal, Campos dos Goytacazes comemora 182 anos na terça-feira (28). Mas será que a história do município, de fato, começa em 1835, com a elevação da então Vila de São Salvador dos Campos à categoria de cidade? Há controvérsias, assim como também há quem defenda que o município esteja, na realidade, comemorando 340 anos, ou até 390 anos, em 2017.

A historiadora Sylvia Paes revela que há outras datas com marcos históricos que podem deixar Campos dos Goytacazes ainda mais antiga que os convencionados 182 anos. A chegada dos “Sete Capitães”, em 1627, hoje resultaria em um bolo com 390 velas. Levando-se em consideração a fundação da Vila de São Salvador dos Campos, por Salvador Correia, em 29 de maio de 1677, a cidade teria 340 anos.

“A Câmara de Vereadores escolheu como data politicamente mais importante, na visão deles, a elevação à categoria de cidade. Pois a cidade é uma representação política e social mais forte do que a própria vila. No entanto, todas as cidades no Brasil, com exceção de duas, começaram como vila. Só o Rio de Janeiro e São Paulo, por causa dos ataques de pirataria, já foram fundadas como cidades. No caso de Campos, então, é como se desconsiderassem o registro de nascimento de uma pessoa e passassem a contar sua idade só após a retirada do RG”, analisa Sylvia, que defende como data comemorativa a fundação da vila, cujo marco inicial é a Igreja de São Francisco, localizada na Rua 13 de Maio. “Foi exatamente no local desta igreja que nasceu nossa vila”.

Na época, conforme ressalta a historiadora, o donatário da Capitania Hereditária era o responsável por fundar essas vilas. “Ele tinha a função de tomar posse da terra, erguer um pelourinho, que é um marco de poder, o marco de um território politicamente reconhecido pela Coroa Portuguesa. Também era sua função erguer uma igreja e fazer a eleição das Câmaras, que, no Brasil colonial, eram compostas de três ou quatro vereadores por vila”, detalhou.

A historiadora revela que Campos começou com cerca de 70 “fogos”, segundo as atas de fundação da vila, e uma população que não passava de 250 pessoas. “Setenta fogos significam 70 lares, porque cada casa tinha um fogo, que era usado para cozinhar e aquecer os moradores. Naquela época, em cada lar a gente contabilizava uma média de três pessoas e, dessa forma, conseguimos chegar ao número aproximado de habitantes da Vila de São Salvador dos Campos”, pontua.

Freguesia, vila, cidade

O surgimento de Campos é cheio de detalhes e alterações administrativas que começaram ainda no Século XVII, conforme registrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por alvará de 1674, foi criada a Freguesia de São Salvador dos Campos. No entanto, há registro do início da colonização portuguesa antes disso, com a chegada dos Sete Capitães à região, em 1627.

Em 29 de maio de 1677, a freguesia foi elevada à categoria de vila. Em 1753, a Vila de São Salvador dos Campos foi anexada à antiga Capitania do Espírito Santo. Por carta de lei de 31 de agosto de 1832, foi transferida a vila da Capitania do Espírito Santo para a antiga Capitania do Rio de Janeiro.

Somente em 28 de março de 1835, a vila foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Campos, pela lei estadual nº 6. No final da década de 1980, mais uma alteração: por força da lei municipal nº 559, de 16 de outubro de 1986, homologada pela lei estadual nº 1371, de 24 de outubro de 1988, Campos teve seu nome modificado para Campos dos Goytacazes, em referência aos primeiros habitantes da região.