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Governo Diniz: antes e depois de 2019

Vai começar o segundo tempo da administração de Rafael e existe a expectativa de mudanças positivas na gestão

Política
Por Marcos Curvello
19 de novembro de 2018 - 0h01

Rafael Diniz prefeito de Campos terá um legislativo com perfil diferenciado em 2019 (Foto: Silvana Rust)

O ano que se aproxima marcará um novo momento para o governo de Campos. Após o prefeito colher nas urnas resultado menos favorável que o projetado por seu grupo político, Executivo e Legislativo sinalizam mudanças e mostram que será possível falar em uma primeira gestão Rafael Diniz (PPS), entre 2016 e 2018, e outra, iniciada em 2019. As principais diferenças residirão no afrouxamento da política de austeridade e numa mudança nas dinâmicas do governismo na Câmara de Vereadores.

Ao assumir a Prefeitura, em janeiro de 2017, Rafael determinou a realização de sete auditorias nas contas do governo Rosinha (Patri). Os resultados teriam apontado uma série de indícios de irregularidades; segundo o prefeito, tratava-se de uma “herança maldita”, vitaminada por um endividamento de longo prazo com a Caixa Econômica Federal em uma operação de antecipação de royalties do petróleo que comprometeria a capacidade financeira do município pelos anos seguintes.

O que se seguiu foram dois anos de cinto apertado, que resultou, por exemplo, na suspensão de programas sociais e iniciativas direcionadas à população de menor renda, como o Cartão Cidadão, a Passagem Social e o Restaurante Popular. E conforme cortes, investimentos insuficientes para destravar setores da Economia, a exemplo da Construção Civil, e dificuldades para resolver problemas crônicos do município, como os da Saúde, começaram a cobrar preço em popularidade, a onda verde que elegeu Rafael no primeiro turno arrebentou na praia e o projeto político do grupo do prefeito levou um caixote.

O prefeito não conseguiu converter os mais de 150 mil votos recebidos em 2016 em apoio aos seus candidatos. Abu (PPS) teve seu nome confirmado nas urnas de Campos 15.143 vezes, o que o tornou o mais votado à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no município. Mesmo assim, não foi o suficiente para se eleger.

Após ter aberto mão de disputar um segundo biênio como presidente do legislativo municipal para se candidatar à Câmara dos Deputados, Marcão Gomes (PR) também não chegou lá. Segundo entre os mais bem votados na cidade, com 29.044 votos, teve que se contentar com uma primeira suplência.

Economia
A carteira vazia foi invocada com frequência nos discursos oficiais dos últimos dois anos e a “disponibilidade financeira” se tornou condicionante da maioria das promessas feitas pelo município, mesmo quando a economia petrolífera saiu da UTI e o barril de brent voltou a ser negociado acima dos US$ 80, há seis meses. Mas, este é um argumento que tenderá a ser posto de lado.

Entre o que foi feito nos últimos dois anos e o que, até o agora, continua promessa, sobraram compromissos antigos para 2019, cujo orçamento é de cerca de R$ 2,021 bilhões — valor ligeiramente mais enxuto que o deste ano, que foi de R$ 2,039 bilhões.

Há, por exemplo, previsão para a retomada do Cheque Cidadão, que passa a se chamar Cartão Cooperação. Foi anunciada, também, a transformação do Restaurante Popular em um Centro de Segurança Alimentar e Nutricional, que oferecerá gratuitamente três refeições a pessoas em situação de pobreza. Além disso, o montante de recursos destinados às reformas de hospitais e unidades pré-hospitalares aumentou 156%.

A estratégia é construir uma narrativa de recuperação, que ajude a conter a perda da simpatia do eleitorado, com vistas em 2020, e a diminuição da influência na Câmara.

Deve haver mudança nas dinâmicas do governismo na Câmara
de Vereadores (Foto: Silvana Rust)

A Câmara
A Casa de Leis é uma espécie de termômetro político, uma vez que a vereança é construída entre compromissos partidários e expectativas do eleitorado. Se um governo goza da aprovação, defendê-lo na Câmara é atividade segura. Caso contrário, impõem-se o custo da transferência da rejeição, algo fatal em um momento em que todos os movimentos começam a visar a próxima legislatura.

O que se tem visto em Campos é uma base aliada pouco empenhada na defesa do prefeito. Embora componha uma maioria folgada, com 17 dos 25 vereadores, o momento é de ajuste no curso. Fred Machado (PPS) foi eleito presidente da Câmara para o próximo biênio e deverá deixar para Genásio (PSC) o papel de líder do governo, o que pode injetar novo ânimo na situação.

Mas há possibilidade de encolhimento, na medida em que os vereadores, preocupados com a sobrevivência política, tentem se descolar da imagem do governo. Dicas do que está por vir podem ter sido dadas ainda durante as eleições. Apoios de vereadores a partidos (e de partidos a vereadores) que não compõem a base aliada podem indicar os movimentos seguintes. Como tudo na política, porém, a jogada será calculada: não vai acontecer nem cedo demais, para que se leve a fama vira-casacas, nem tão tarde que pareça oportunismo.