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O primeiro minuto de vida dura para sempre

UTI Neonatal Nicola Albano faz parte de projeto inédito com rede de monitoramento cerebral de bebês única fora da capital

Saúde
Por Redação
11 de novembro de 2018 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

“O primeiro minuto de vida dura para sempre!”. O nascimento de um bebê representa a mais dramática transição da vida humana e em nenhum outro momento, o risco de morte ou lesão cerebral é tão elevado. Tendo como foco essa premissa e visando proporcionar os melhores cuidados e a maior proteção cerebral ao recém-nascido, a UTI Neonatal Nicola Albano, do grupo IMNE, atua em parceria com a maior rede de monitoramento cerebral de bebês com alta tecnologia e inteligência artificial. Trata-se de um trabalho único no interior do Estado do Rio de Janeiro, que faz parte do projeto inédito no Brasil, criado pela PBSF – Protecting Brains & Saving Future (Protegendo Cérebros, Salvando Futuros), que promove a difusão do conceito de UTI Neonatal Neurológica e oferece aos hospitais apoio de uma Central de Monitoramento 24 horas.

No mundo, entre as principais causas das 2,9 milhões de mortes neonatais a cada ano estão os eventos relacionados ao parto, com 0,7 milhão de registros. Dados ainda revelam que no Brasil, nascem de 6 a 18 mil por ano com asfixia perinatal, que é conhecida popularmente como a falta de oxigenação no cérebro durante o parto. Por hora, nascem entre 1 a 2 bebês com a doença. Assim, estudos alertam que nessas situações 35% dos recém-nascidos podem ter sequelas neurológicas se não forem submetidos a tratamentos com tecnologia adequada.

(Foto: Silvana Rust)

Com objetivo de diminuir esses registros, a UTI Neonatal Nicola Albano oferece o que os principais centros de neonatologia do mundo recomendam em terapêutica para asfixia neonatal: monitoramento durante 24 por dia; protocolos atuais para proteção cerebral; conexão com centro especializado ininterruptamente e treinamento constante da equipe técnica. Além dos recém-nascidos com asfixia perinatal, estão inseridos no grupo: bebês com crises convulsivas, mal epilépticos, com malformações do sistema nervoso central, prematuros extremos, recém-nascidos com hemorragia intracraniana, cardiopatas e aqueles com erro inato do metabolismo.

A diretora técnica da UTI Neonatal Nicola Albano, Dra. Laura de Fátima Afonso Dias, explica que UTI Neonatal Neurológica representa um ambiente multidisciplinar, altamente especializado, com vários profissionais atuando para oferecer o melhor cuidado ao recém-nascido.

“Esse espaço utiliza uma metodologia com avaliação em tempo de real e contamos com um aparelho bastante usado no diagnóstico de convulsão das crianças de risco. A importância dele é tão grande, pois é possível monitorar eletricamente as ondas cerebrais do paciente. Nós e a central acompanhamos o paciente o tempo inteiro. Em um estudo realizado no período do dia 1º setembro de 2017 até 31 de julho de 2018, nós monitoramos 152 crianças de risco para convulsão e encontramos em torno de 13% de convulsões. Desses, somente 11% tinham convulsões possíveis de ser vistas pela equipe. O monitor cerebral ajuda a obter respostas. As convulsões acontecem normalmente nas primeiras 24 horas de vida. Logo, monitoramos as crianças de risco principalmente nesse período. Estamos impedindo a progressão da lesão e isso é muito importante”, ressalta.

Segundo a especialista, mesmo com todos os programas, cursos e treinamentos já lançados no mundo, o número de casos de asfixia ainda é muito alto. É uma doença grave, onde o bebê tem grandes chances de morrer. Entre as intervenções utilizadas para reduzir a mortalidade e a morbidade está a terapêutica de hipotermia. O procedimento diminui em 38% o risco de morte.

(Foto: Silvana Rust)

A hipotermia terapêutica consiste em resfriar o bebê a 33 graus e meio de temperatura por 72 horas e reaquecê-lo nas próximas 24 horas. A médica ainda esclarece que é preciso fazer o diagnóstico precoce, pois existe uma janela de tempo de seis horas para iniciar o processo em um bebê com asfixia.

“Para fazer hipotermia, contamos com uma UTI capaz de organizar todo o processo, com uma equipe treinada e também com recursos de imagens, pois os bebês ao final da primeira semana fazem ressonância magnética. É a única terapêutica que traz resultado. De cada sete bebês com asfixia, um não vai ter sequela nenhuma e os demais irão apresentar menores sequelas. Diante dos registros, trata-se de uma mudança importante. A asfixia tem que ser um compromisso da política pública, da família e do hospital, que atende um bebê na sala de parto, e da sociedade. Esse compromisso precisa ser de todos nós”, garante.

S.O.S

No início do mês, a UTI Neonatal Nicola Albano lançou uma campanha durante um encontro com um grupo de obstetras para disseminar informação sobre temas relacionados aos bebês, como prematuridade, nascimento seguro, cardiopatia congênita e, principalmente, a asfixia.

“As pessoas precisam ser informadas da gravidade da doença asfixia, porque é uma doença séria e que atinge muitos bebês. O pré-natal tem que evoluir bem e caso não evolua, as intervenções devem ser feitas. O primeiro minuto de vida prediz o que vai acontecer com o bebê intelectualmente, na sua atividade motora e no seu futuro neurológico. Na ocasião, mostramos também aos profissionais que temos tecnologia suficiente para atender ao paciente, caso o infortúnio da asfixia aconteça”, pontua.

CEPAP

Foi criado também o CEPAP – Centro Especializado de Atendimento Pediátrico, onde pediatras acompanham os bebês após a alta da UTI Neonatal Nicola Albano, principalmente nos casos de asfixia. É preciso seguir os marcos de desenvolvimento da criança por um longo período para que qualquer alteração seja detectada precocemente e tratada.

COMPROMISSO SOCIAL

A UTI Neonatal Nicola Albano atende bebês do Sistema Único de Saúde (SUS), através da central de regulação do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em Campos, são 25 recém-nascidos com até 45 dias de vida. Já a unidade de Macaé atende 15 pacientes também com até 45 dias de vida. Qualquer serviço de saúde pode pleitear a assistência de bebês, através da central de regulação. Com isso, a UTI Neonatal Nicola Albano reafirma o seu compromisso social.