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A violência no banco de trás

Crimes recentes contra taxistas causam espanto e remetem à ações praticadas nas últimas décadas em Campos

Opinião
Por Redação
23 de setembro de 2018 - 0h01

Nos anos 70 uma onda de assassinatos de motoristas de táxis chocou Campos. E como a violência acontecia sempre à noite, as notícias eram manchetadas como “Crime da Bandeira 2”. O caso que ganhou mais repercussão na época ficou conhecido como o crime do “Bandolim”, porque o assassino esqueceu dentro do carro o instrumento que tocava. Na verdade, não se sabe se ele tocava mesmo bandolim, ou se aquilo era produto de roubo, mas manusear arma de fogo fazia com perícia. Afinal, matava o taxista com um único e certeiro disparo na cabeça, praticamente uma execução.

A violência contra taxistas depois foi acabando em Campos, mas agora ensaia voltar. E não se pode chamar de “crime da bandeira 2” porque acontece à luz do dia. A reportagem especial desta edição mostra os recentes casos, com um balanço do número de assaltos. Os taxistas estão voltando a transportar o medo no banco de trás. A categoria já tinha sido orientada a atos de prevenção, mas o fator surpresa se impõe. E isso deveria merecer uma atenção especial dos agentes de segurança pública.

Campos cresceu muito em termos de população e em extensão urbana, se comparada com os anos 70. Isso certamente aumenta o risco, até porque com a crise financeira, desempregos, os taxistas que na maioria das vezes trabalham com dinheiro vivo, passaram a ser vítimas preferenciais, ao contrário do Uber, que opera com cartões de crédito.

Fato é que a categoria está assustada. São trabalhadores que rodam pela cidade 12h por dia, quase sem destino definido. Esses assaltos a taxistas é consequência, como já dito, de operar com dinheiro vivo. Neste caso, o taxista não deve reagir, e desta forma virar estatística de roubo e não de latrocínio.