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Psiquiatria e o mundo

Hospital Psiquiátrico Espírita Doutor João Viana é a única instituição do gênero da cidade

Opinião
Por Redação
16 de setembro de 2018 - 0h52

Hospital Psiquiátrico Espírita Doutor João Viana, em Campos (Silvana Rust)

Nos 94 anos de vida da médica psiquiátrica alagoana Nise da Silveira, profissional renomada e aluna de Carl Jung, ela fez a “diferença” no Brasil e no mundo, inovando no tratamento de pessoas que sofriam de doenças ou transtornos mentais. Nise dedicou sua vida à psiquiatria. Em Campos, há pessoas que não se destacaram nacionalmente como Nise da Silveira, mas que desempenham com afinco a árdua tarefa de cuidar de pessoas
acometidas por esses problemas e desequilíbrios. Profissionais do Hospital Psiquiátrico Espírita Doutor João Viana, única instituição do gênero da cidade, possuem e exercem a missão que é abordada na reportagem especial desta edição.

Nise da Silveira pode servir de inspiração até hoje para muitos profissionais. Nos anos 1930, ela foi contrária aos tratamentos de sua época, considerados agressivos. O abandono e confinamento de pacientes em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia eram alguns dos métodos que combatia. Se a medicina evoluiu nestas últimas décadas, o preconceito com as doenças psiquiátricas ou neurológicas ainda é uma triste
realidade. Sem falar nas questões políticas, legais e financeiras para manutenção de espaços como o Hospital Psiquiátrico Espírita Doutor João Viana, chamado carinhosa, afetiva e popularmente de “Abrigo” ou “Abrigo João Viana”.

Apesar de ser conhecido pelo seu nome, poucos conhecem o Hospital João Viana de perto, independentemente de ser um paciente que necessite de tratamento. A realidade da instituição, suas necessidades, histórias pessoais e profissionais ficam restritas a um pequeno grupo de pessoas que passa por ali. A repórter Ulli Marques e a fotógrafa Silvana Rust visitaram o espaço mantido com apoio de muitos voluntários e voluntariosos. A entidade tem estreita relação com a comunidade kardecista do município há várias décadas. Um pouco da trajetória do João Viana, suas
conquistas e dificuldades são contadas neste número.

Os desafios enfrentados pelo João Viana estão, de algum modo, ligados aos dramas sentidos por seus internos, médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais de diferentes funções. E em meio a discussões e debates sobre as práticas manicomiais ou leis antimanicomiais, a instituição depende de verbas do Sistema Único de Saúde, de cooperações por parte do governo municipal e de doações de voluntários que dedicam-se mesmo minimamente
ao hospital. Esta é uma oportunidade de tocar em vários assuntos como saúde mental, direitos e deveres da sociedade do poder público em Campos e em qualquer cidade brasileira.

Nise da Silveira, durante sua longa e valiosa vida, emitiu várias opiniões transformadas em ações e benefícios em favor de doentes mentais. Entretanto, ela deixou legado e reflexão para quem conhece ou não o Hospital João Viana ou qualquer outra entidade que trata de saúde psiquiátrica. Entre tantas frases proferidas pela médica psiquiátrica mais famosa do Brasil está: “É necessário se espantar, se indignar e se contagiar. Só assim, é possível mudar a realidade”.