Ainda segundo as duas instituições que realizaram o Atlas da Violência, o número de 62.517 assassinatos cometidos no país em 2016 coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa. Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia. Nos relatórios do ISP também estão registradas milhares de tentativas de homicídio em todo o estado do Rio de Janeiro. A explosão da violência e número de mortes também são provenientes de tiroteios que ocorrem entre facções criminosas e com a polícia.
Nos últimos meses, o Rio de Janeiro registrou aumento de 40% no número de tiroteios, passando de 3.477 para 4.850 e, no mesmo período, houve uma migração de determinados tipos de crime, como o roubo de cargas, para o interior do estado. A conclusão está no estudo denominado Vozes sobre a Intervenção, com 40 páginas, divulgado no último dia 16. O relatório foi elaborado pelo Observatório da Intervenção, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes, que observou os últimos 12 meses, considerando também a implementação da 2001intervenção federal na segurança do Rio, em 16 de fevereiro deste ano.
A atuação das forças policiais no combate ao roubo de cargas fez com que este tipo de crime migrasse da região metropolitana para o interior do estado — sobretudo nas regiões de Tanguá, Rio Bonito e Itaboraí, houve crescimento em comparação aos registros do ano passado. A média de roubos de fevereiro a junho, no período de 2003 a 2017, foi de 33,5 registros policiais. O número saltou para 200 desde a intervenção.
Preocupação — O relatório destaca a preocupação com as taxas de homicídios e chacinas, assim como as disputas entre quadrilhas, incluindo milicianos e ressalta que o município de Queimados registrou o maior índice de mortes violentas do Brasil.
O estudo ressalta a necessidade de aprimoramento de mecanismos de gestão e monitoramento e de integração entre polícias, guardas municipais e sistemas de vigilância privada. Os pesquisadores apelam ainda para o combate ao “desalento” da sociedade.
Outro lado — Em nota, o Gabinete da Intervenção Federal (GIF) informou que há uma tendência de redução nos próximos meses. Segundo a assessoria do GIF, o esforço é para melhorar a gestão na área de segurança pública do estado.
Foram citadas medidas como a capacitação de policiais militares, principalmente das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a compra de equipamentos e a implementação de tecnologia. Outra medida destacada pelo GIF foi o aumento ostensivo de patrulhamento nas ruas.
A meta é treinar 2,5 mil agentes de segurança para o policiamento nas ruas, assim como o cumprimento de mandados judiciais, verificação de denúncias de ações criminosas e de outras condutas ilícitas.
A primeira ação em Campos resultante da Intervenção Federal na Segurança do Estado do Rio de Janeiro, realizada no último dia 9, em Guarus, resultou na prisão de 30 pessoas. Na ocasião, foram apreendidos 20kg de pasta de cocaína em tabletes importados da Colômbia. Ainda foram encontrados duas armas, duas granadas caseiras, munição, seis celulares e material para embalar droga. De acordo com o Exército, não houve confronto.
Cerca de 800 agentes do Exército, das Polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal conseguiram desocupar 100 imóveis que estavam nas mãos dos traficantes. De acordo com investigações da Polícia Civil, bandidos ameaçaram e expulsaram os antigos moradores das casas.
A operação batizada de “Cruzada” recuperou uma motocicleta e um carro roubados. Foram realizadas 600 revistas pessoais e em veículos. Dez barricadas instaladas pelo tráfico de drogas para dificultar o acesso da PM aos bairros foram removidas. De acordo com o Comando Conjunto do Exército, a ação impactou diretamente a vida de 18 mil moradores que vivem nos bairros Eldorado I e II, Santa Rosa, Santa Clara e Prazeres, onde se desenvolveu a intervenção.