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Câmara: unanimidade na oposição

Eleição de Fred Machado para a presidência da Casa uniu governistas e oposicionistas

Política
Por Marcos Curvello
19 de agosto de 2018 - 16h00

Eleito no último dia 8, o vereador Fred Machado (PPS) assume a presidência da Câmara de Campos só no início do ano que vem. Permanecerá à frente da Mesa Diretora por pelo menos dois anos. A decisão de antecipar em quatro meses a escolha do novo chefe do Legislativo municipal atende a uma preocupação: a Operação Chequinho. A condenação em segunda instância dos envolvidos afastou da Casa de Leis a oposição mais ruidosa e articulada ao prefeito Rafael Diniz (PPS), diretamente ligada ao grupo político de Anthony Garotinho (PRP). Mas, recursos a serem julgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem trazê-los de volta. Neste contexto, a escolha adiantada e unânime de Fred pode sugerir a construção de uma espécie de Pax Campista — o que garantiria uma Câmara simpática ao Governo Municipal pelos próximos dois anos.

Tanto o vereador quanto o prefeito se dizem satisfeitos com o resultado da votação, mas negam que tenha havido qualquer movimento político por trás da escolha de Fred e creditam a unanimidade do novo presidente ao trabalho que ele vem desenvolvendo na Câmara no papel de líder do governo. “Fred fez um excelente trabalho enquanto líder do governo neste início de mandato e não lhe falta competência para presidir a Câmara”, justifica Rafael.

“Como líder de governo nestes vinte meses, pude manter uma relação de respeito com todos os colegas, tanto da bancada governista como os vereadores da bancada de oposição. Graças a isto, me confiaram e me honraram com a votação
unânime de presidir a câmara no biênio 2019/2020, o que me torna mais compromissado com o Poder Legislativo e com toda população campista”, opina Fred.

Nenhum dos dois, porém, reconhece a pacificação da oposição. Para o prefeito, os 25 votos dados em favor de Fred “não querem dizer que não haja oposição”. “A existência da oposição é boa para população e para um bom embate político, pois, o poder Legislativo é um órgão fiscalizador do Executivo”, completa o vereador.

Próximos, mas independentes
Como o atual chefe do Legislativo, Marcão Gomes (PR), Fred é próximo de Rafael Diniz. Os três foram parte da reduzida bancada de oposição ao governo Rosinha (Patri), durante o segundo mandato da ex-prefeita, entre 2012 e 2016. Como líder do governo na Casa, ele é, hoje, responsável por manter uma via de mão dupla entre Executivo e Legislativo. Não só faz a defesa dos interesses políticos do prefeito na Câmara, como o informa das cobranças dos vereadores. Fred também é parte do mesmo Partido Popular Socialista (PPS) de Rafael Diniz, que preside o diretório da legenda no município de Campos desde agosto do ano passado.

Alçado à presidência da Casa de Leis, o vereador terá que dar um passo atrás e se colocar a certa distância do prefeito, em nome da autonomia dos poderes. Movimento que diz estar disposto a fazer. Garantiremos que a Câmara possa decidir seus rumos sem a intervenção do Executivo, promete o vereador, recorrendo justamente ao prefeito para avalizar a decisão. “Rafael Diniz já mostrou que sua opinião é que tenhamos poderes harmônicos, mas independentes”.

Por sua vez, o prefeito faz coro: “Executivo e Legislativo são independentes”. Mesmo assim, ele afirma que deve haver “diálogo entre ambos os poderes”. “Nós elaboramos leis e enviamos para a Câmara, mas cabe aos vereadores analisar, adequar, aprovar ou não”, avalia Rafael.