A escolha do deputado estadual Comte Bittencourt (PPS) para vice de Eduardo Paes (DEM) na corrida ao Palácio Guanabara, deve mudar a dinâmica dos apoios políticos e redefinir palanques em Campos. Presidente do Partido Popular Socialista no Estado do Rio, Bittencourt era candidato à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e tinha, entre seus apoiadores, o prefeito Rafael Diniz (PPS), cuja popularidade encontrará um teste importante nessas eleições não somente diante do eleitorado, mas, diante desta mudança, também dentro do Partido.
No início da costura das pré-candidaturas, o prefeito havia manifestado apoio ao vereador e aliado de primeira hora Marcão Gomes (PR), que se lançaria à Alerj, e ao seu coordenador de campanha, César Tinoco (PPS), à Câmara dos Deputados. Mas, a candidatura de Tinoco se mostrou balão de ensaio e o grupo político de Rafael reorganizou o tabuleiro com Marcão mirando Brasília e Bittencourt tentando um quinto mandato de deputado estadual. Agora, com o convite para a chapa de Paes, a expectativa é de que Diniz busque um novo candidato à Alerj.
Questionado sobre quem apoiaria, o prefeito foi evasivo. Após tentar se distanciar das decisões de bastidores — “nosso foco principal está na recuperação do município de Campos e nos desafios diários para reconstruir a nossa cidade” —, Diniz afirma que há “vários candidatos ligados ao nosso grupo político e, dentro da legislação eleitoral, iremos apoiar todos aqueles que estão conosco”. Não anuncia, contudo, nenhum nome.
A solução pode ser caseira. O PPS elegeu dois vereadores no município de Campos: Fred Machado e Abu. Acontece que Fred foi eleito, na última quarta-feira (8) presidente da Câmara para o biênio 2019-2020 (leia mais abaixo, no Aconteceu na Câmara) e não deve abandonar a Casa de Leis. Já Abu teve preterida, desde o primeiro momento, sua candidatura à Alerj, que agora caminha com as próprias pernas, o que pode resultar na recusa de um possível apoio — especialmente na medida em que ainda não resta claro se a presença do prefeito no palanque será capaz de atrair simpatia ou antipatia.
Popularidade X Rejeição
A esperança de aliados é que o prefeito, eleito ainda no primeiro turno ao capitalizar o sentimento de renovação de parte da sociedade campista, consiga transferir aos escolhidos pelo menos uma parte dos 151.462 votos recebidos em outubro de 2016.
Porém, Diniz viu sua popularidade se desgastar, durante o primeiro ano de governo, diante da dificuldade de lidar com gargalos tradicionais da administração pública, como a Saúde e o Transporte Público. Colaborou, também, a suspensão de programas e o parcelamento do 13º salário dos servidores municipais. O que pode resultar na transferência não de votos, mas de rejeição.
De qualquer forma, a eleição unânime do líder do governo na Câmara, Fred Machado, para a presidência da Casa de Leis mostra não só que Rafael Diniz tem capacidade de articulação, como existe um plano político em andamento e há quem esteja disposto a apoiá-lo.