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Valha-nos, minha Nossa Senhora!

por Eliana Garcia

BLOG
Por Eliana Garcia
22 de julho de 2018 - 0h01

Em tempos de crise, “tempos bicudos”, como diria meu pai, há aqueles que recorrem a todos os santos com esperança em dias melhores.

São os preços dos combustíveis, dos alimentos, dos serviços e os famigerados impostos que assombram e azucrinam o povo. Bem – vindos são todos os santos e seus milagres! E nessa lida, permite-se até uma certa intimidade com eles e tratamento descontraído como assinala, em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda: “Nosso velho catolicismo, tão característico, que permite tratar os santos com uma intimidade quase desrespeitosa e que deve parecer estranho às almas verdadeiramente religiosas, provém ainda dos mesmos motivos. A popularidade, entre nós, de Santa Teresa de Lisieux –  Santa Teresinha – resulta muito do caráter intimista que pode adquirir seu culto, culto amável e quase fraterno, que se acomoda mal às cerimônias e suprime as distâncias (…) foi justamente o nosso culto sem obrigações e sem rigor, intimista e familiar, a que poderia chamar, com alguma impropriedade de “democrático” (…).

Recentemente, li a seguinte postagem no facebook: “Valeu, Expedito, te devo mais uma!”. Intimidade e informalidade!  Santo Expedito anda até meio sumido do alarido dos santinhos distribuídos pelas graças recebidas. Em 2001, a revista Veja/SP chegou a divulgar que ele havia ocupado o primeiro lugar na devoção dos paulistanos, desbancando o trio de santos antiaperto: santa Rita de Cássia (dos desesperados), são Judas Tadeu (das causas impossíveis) e santa Edwiges (a dos inadimplentes).

Como adjetivo “expedito”, particípio do verbo latino expedire significa “ágil”,  “desembaraçado”,  “rápido”. Em expedir há os elementos latinos “ex” (movimento para fora) e “pede”,  “pedis” (pés). Daí, a fama do santo de resolver, na hora, as causas urgentes.

Observando a imagem do santo, vê-se que ele segura uma cruz na qual está escrito “hodie” (hoje em latim) e esmaga com o pé um corvo que diz “cras”(amanhã em latim) de onde vem o verbo procrastinar, que quer dizer adiar. ”Cras” é onomatopéia do corvo. Expedito não procrastina.

Há uma certa dúvida sobre a identidade de santo Expedito, segundo alguns estudiosos. Uns afirmam que ele foi um comandante militar do século 4 e que sofreu martírio por não renegar a fé cristã. Há até quem afirme que ele nunca existiu, mas isso não conta. O que importa é a fé dos cristãos naquele que resolve, com rapidez, as causas impossíveis, geradoras de desespero e inadimplência. Muito trabalho para o santo!

E para reforçar a proteção e resolver as mais diferentes questões, nesses tempos atuais: Valha-nos, minha Nossa Senhora!