Não tem muito tempo que a rotina musical faz parte da vida da estudante Isabelle Maciel. A adolescente de 15 anos é uma das mais jovens violoncelistas de Campos. Há dois anos, ela ingressou para a Orquestrando a Vida, projeto social que ajuda a desenvolver talentos para a arte. No começo, seu interesse foi o violino. Porém, o grupo necessitava de alguém que assumisse o violoncelo. “Assim que comecei, quando tinha 13 anos, não consegui mais parar. O instrumento me escolheu e eu atendi ao seu chamado”, diz.
Isabelle Maciel é uma adolescente tímida e discreta. Não é muito de falar. Apesar da postura contida, quando está estudando e executando música, a interação com os colegas de orquestra e de ong é inevitável e sua boa comunicação flui. O desempenho da jovem ao violoncelo chama a atenção dos professores e músicos da Orquestra David Machado, que ela passou a fazer parte há cerca de um ano.
A dedicação e o comprometimento com as tarefas da escola e da orquestra são tantos que, Isabelle, dentro de pouco tempo, passará a atuar como
monitora da Orquestrando a Vida. Baseado no conceito venezuelano de orquestras “El Sistema”, o integrante do projeto após um certo período, dependendo de sua habilidade, começa a ensinar o que já aprendeu na teoria e prática musicais para os alunos mais novos que chegam ao projeto. “É
uma nova responsabilidade assumida com satisfação. Estou gostando de ensinar música”, conta.
Quem se sente bastante satisfeita com a trajetória de Isabelle na ong é a sua mãe, Alessandra Tavares. Trabalhando como secretária em um hospital da cidade, Alessandra também é voluntária na Orquestrando a Vida. Ela integra uma comissão de pais e mães que ajudam em diversas tarefas no projeto social. “Ajudamos a organizar eventos para levantar fundos, além de preparar almoço e lanche. Em eventos e viagens da orquestra, temos um rodízio de pais para ajudar a tomar conta das crianças e dos adolescentes”, explica Alessandra.
A educação de Isabelle é prioridade para Alessandra Tavares. Os estudos no Ensino Médio acontecem pela manhã. À tarde, ensaios de orquestra e
estudos de violoncelo ocupam o tempo da adolescente. “Quando é necessário, há também atividades na ong aos sábados durante o dia e os concertos
à noite. A música afasta os riscos da violência e das drogas. Sou apoiadora do projeto, pois sei o que ele foi capaz de transformar a vida da minha
filha. Nossa família é só eu e ela, pois Isabelle perdeu o pai muita menina. Só temos a agradecer”, diz.
Para uma adolescente de 15 anos, pode parecer muito cedo para falar de futuro. Porém, a Orquestrando a Vida tem funcionado como um norte para
Isabelle e para algumas centenas de outros meninos e meninas em Campos dos Goytacazes, direcionando para as artes, cultura e cidadania. Alessandra e Isabelle, mãe e filha, esperam e se dedicam para um futuro melhor e promissor. “Na ong, eu encontrei minha tribo que é a música. Quero seguir esse caminho profissionalmente. Acho isso muito bom. Eu me espelho na violoncelista argentina Sol Gabetta. Ela é uma inspiração para mim. Vou seguir em frente com meu sonho”, conclui Isabelle.