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A resposta da Alice

por Eliana Garcia

BLOG
Por Eliana Garcia
8 de julho de 2018 - 0h01

Para dar as boas vindas aos leitores do blog, revisitei o termo Ágora. Entendi que tanto a sonoridade da palavra quanto o seu significado seriam perfeitos para nomear esse novo espaço que se inaugura, hoje, aqui, no Jornal Terceira Via online. Um espaço de diálogo sobre Educação e Cultura.

No passado, as Ágoras constituíam espaços livres com algumas edificações, mercados, feiras, teatros, praças onde os gregos se encontravam para diferentes atividades, principalmente, para dialogar.

Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll é um clássico da literatura inglesa. O autor não concordava com a rigidez da educação e da moral puritana que marcaram a Inglaterra, no reinado da rainha Vitória.

Tudo que se escrevia para a criança, nessa época, deveria ter função pedagógica e moralizante.

Era um tempo cinzento pela fumaça das fábricas que reproduziam não só produtos como pessoas cinzentas, fechadas e enfadonhas. Carroll procurou romper com essa cadeia de produção, ao apresentar personagens com tais características que são, criativa e enfaticamente, enfrentados por Alice. Estão todos presentes no livro: a Duquesa irritadiça, o Chapeleiro maluco, a Rainha feroz, a Lagarta enigmática, a Tartaruga falsa e tantos outros.

No história, Alice, menina tímida, mas corajosa, de repente acompanha o Coelho Branco que passa na sua frente e cai junto com ele dentro de um buraco. A partir daí, iniciam suas aventuras. Cresceu e diminuiu de tamanho várias vezes, conheceu e conversou com seres estranhos, ranzinzas e complexos. Entre eles, a lagarta.

“A lagarta tirou o narguilé da boca e disse, dirigindo-se a Alice com uma voz calma e sonolenta:

_ Quem é você?

(…) _ Eu… Eu, neste momento, não sei muito bem, minha senhora… Pelo menos, quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que depois mudei várias vezes…

_ O que você quer dizer com isso? _ perguntou a lagarta secamente.

(…) _ Receio que eu não possa ser mais clara _ respondeu Alice educadamente_ já que, para começar, eu mesma não consigo entender o que se passa. E, alem do mais, ficar de tantos tamanhos diferentes num só dia é uma coisa que deixa a gente muito confusa.” ( Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll)

A insistência da lagarta em buscar definições prontas demonstra, em mais essa passagem da obra, o quanto Carroll expõe a presunção e a esterilidade de uma sociedade repressiva e mecanicista. Já Alice é metáfora para o novo, para a graça, o divertimento, a mudança. É semente da revolução moderna que se seguiria.

Realmente, ninguém é mais o mesmo depois de vivenciar uma jornada do sol. Felizmente.