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A nova voz de um pastor

Formado em Teologia pela Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Manoel Pinto lança mais luz sobre a palavra de Cristo

Opinião
Por Coluna do Balbi
2 de julho de 2018 - 0h01

Pastor Manoel Pinto é líder da Igreja Batista Koinonia em Campos (Foto: Reprodução)

Ele é um homem de muitas missões, algumas bem práticas como irá reeditar em dias na África mais precisamente em Moçambique. Mas o Pastor Manoel Pinto, formado em teologia na Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro (Faberj), desenvolve um outro tipo de missão, que é colocar mais luz sobre a palavra de Deus. Colide com o pensamento de algumas correntes evangélicas quando não estimula a chamada teologia da prosperidade, estabelecendo um outro tipo de riqueza para a vida espiritual dos cristãos. Orador respeitado por todos, o pastor Manoel coloca o dedo na ferida sem aumentar a hemorragia em Campos. Nesta entrevista, ele também falou de política, afirmando que esse sistema vai numa direção e a igreja deveria ir em outra. Falou ainda de pastores intuitivos e muitas outras coisas

 

O senhor representa hoje uma corrente entre no segmento evangélico, que não na contramão de algumas máximas do boom recente do protestantismo no Brasil. Essa corrente de pensamento que o senhor representa está crescendo?

Na verdade, não me vejo como um representante e sim como um entre muitos pastores que têm permanecido fiel aos ensinos da Escrituras Sagradas. Esse “crescimento” do protestantismo no Brasil se deve mais aos desvios da fé evangélica, do que com o seu compromisso com relação à verdade. O que quero dizer é que a igreja evangélica brasileira nas últimas décadas foi deixando às suas origens e se tornando, na verdade, uma igreja que não está crescendo, e sim, inchando pra todos os lados, principalmente com o surgimento do Neopentecostalismo, que acrescentou à fé elementos sincretistas.

E essa mesma corrente tem sido alvo de críticas de outras denominações evangélicas?

Como já disse, fazemos parte daqueles que estão firmados na fé evangélica. Por isso mesmo vamos estar sempre na contramão. Posso até afirmar que não só na contramão do mundo, mas na contramão também da própria igreja.

O que o senhor acha da chama teologia da prosperidade?

A teologia da prosperidade teve seu início nos Estados Unidos, se espalhando depois para todo o mundo. Sua doutrina e ensinamento declaram que o evangelho veio trazer não só a salvação eterna, mas uma vida de prosperidade material e de felicidade aqui na terra aonde as doenças e as aflições não teriam lugar. Esse ensinamento passou a oferecer o céu na terra, e é claro, tendo um preço a ser pago. Na carona desses ensinamentos vieram os neopentecostais trazendo para suas reuniões as práticas de campanhas aonde todas as coisas são oferecidas através das ofertas recebidas. Funcionando assim: Você precisa de uma benção? então faça um alvo de fé e dê sua oferta! Esse não é o Evangelho que cremos e que pregamos!

Qual a sua opinião sobre o engajamento político partidário da Igreja Evangélica hoje?

O sistema político vai numa direção e a igreja deveria ir em outra. Não estou falando da vida e da posição do cidadão cristão. Esse deve exercer o seu compromisso político. Com relação à igreja penso que ela deve exercer o seu chamado como agência de Deus na terra, porque foi para isso que foi instituída por Jesus. É triste ver como muitas igrejas e líderes se envolvem na política, ao ponto de fazerem de seus púlpitos palanques eleitoreiros. Nossa missão é pregar o Evangelho da salvação! Deixemos a Política para os políticos!

Esses métodos como teoria da prosperidade tendem a avançar ou estão aos poucos recuando?

A tendência do movimento da teologia da prosperidade é aumentar até a hora em que o descrédito e a frustração tomarem conta daqueles que têm sido iludidos por promessas não verdadeiras. Hoje, o número de desigrejados vem aumentado a cada dia! É grande o número daqueles que estão desiludidos na sua fé porque se sentiram enganados.

 

Existem hoje os chamados pastores intuitivos. O senhor defende uma formação clássica para essa missão de doutrina?

Os chamados ” pastores intuitivos” são exatamente aqueles que têm levado uma mensagem sensitiva que apela às emoções envolvendo os ouvintes por apelos e demonstrações de caráter sincretista. Não pregam a Palavra da verdade. São manipuladores da fé! Mas em meio a tudo isto, ainda existem aqueles que zelam pela Verdade da Palavra de Deus.

Qual é o futuro do protestantismo no Brasil?

Creio que o protestantismo no Brasil estará se firmando, mesmo que tenha que passar por um tempo de grande prova. Estamos vivendo um tempo que a Bíblia chama de ” Tempo de Engano” ou “Apostasia”. Esse tempo vai atingir frontalmente a igreja, a tal ponto, que, muitos estariam desistindo da fé, dando ouvidos a doutrinas e ensinos com base no engano e na mentira. Mas, um remanescente está vivo e firme na pregação da verdade!

Existem regiões no Brasil onde esse movimento evangélico que o senhor defende está mais avançado?

Como já disse não representamos um movimento. Somos parte de uma igreja que permanece firme na sua fé evangélica, e sabemos quem somos, e conhecemos bem a natureza de nossa missão! Nos Estados Unidos, a maior nação do mundo, predomina o protestantismo.

É um bom exemplo o que acontece no movimento evangélico lá?

Realmente, os Estados Unidos foram fundados com base no protestantismo. A igreja protestante americana durante séculos levou a mensagem da fé evangélica por todo o mundo, e a igreja brasileira é fruto dessa mensagem que chegou até nós através dos missionários que aqui vieram, pregando o evangelho e construindo escolas e hospitais. Foram estabelecidas as igrejas históricas tradicionais, como os batistas, metodistas, congregacionais, presbiterianos e depois as Assembleias de Deus. Assim, como o neopentecostalismo atingiu os Estados Unidos, também nos atingiu aqui no Brasil. Na verdade, vivemos aqui tudo de bom que acontece lá e também tudo de ruim!

O que o senhor acha do ecumenismo?

A ideia do Ecumenismo é juntar todos aqueles que se denominam “cristãos”. A questão aqui é que nem todos que se dizem cristãos são realmente de Cristo. Sou a favor da unidade da igreja. Quero dizer que, apesar das nossas diferenças, podemos estar juntos na Missão. Não precisamos ser iguais para termos unidade. Uniformidade é uma coisa e unidade é outra! Jesus estabeleceu a igreja! Ele pagou um alto preço por ela! E o preço foi o seu próprio sangue que foi derramado na cruz do Calvário!

A percepção do senhor é que em torno de Deus todas as religiões convergem?

Na minha percepção, o evangelho é o caminho escolhido por Deus para vir ao encontro do homem. Portanto, o evangelho não é ideia do homem! Não é o caminho que o homem construiu para ir ao encontro de Deus. As religiões representam nossos caminhos, nossas ideias para irmos ao encontro de Deus. Em Jesus, Deus nos encontrou. Portanto, não são as religiões que nos levarão a Deus. O evangelho é o caminho que o próprio Deus e Pai abriu para chegarmos à sua presença.