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O olhar e a experiência dos estrangeiros em Campos

A cidade que recebe pessoas de todo o Brasil também acolhe estrangeiros de diversas nacionalidades enriquecendo convívios e culturas

Opinião
Por Coluna do Balbi
1 de julho de 2018 - 0h01

A cidade de Campos também é terra de estrangeiros (Foto: Silvana Rust)

Há duas semanas, o Terceira Via, em reportagem de capa, mostrou a vida de vários campistas em Portugal espalhados por Lisboa, Porto e Coimbra. Como um assunto puxa o outro, a repórter Ulli Marques resolveu inverter a ordem do mapa para mostrar a vida dos estrangeiros em Campos.

Segundo números oficiais que, certamente estão defasados, Campos tem hoje pouco mais de 500 cidadãos estrangeiro, mas esse número pode ser bem maior. Uma professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Uenf -, por sinal, argentina, pesquisou e concluiu que Campos tem representantes de 12 nacionalidades vivendo aqui.

Não dá para afirmar que a cidade virou uma Torre de Babel com a mistura de muitas línguas, mas o número de estrangeiros é expressivo. Boa parte deles veio para estudar, mas existem os refugiados, sim, como gente do Oriente Médio e também do Haiti, entre outros países em conflito.

Macaé já foi, e talvez ainda seja um pouquinho, uma Torre de Babel por conta da indústria do petróleo, mas com empresas de fora, trazendo técnicos de várias partes do mundo. Mas é uma migração um pouco diferente do que acontece aqui.

Um professor da Universidade Candido Mendes, em Campos,mostra que existe uma tradição secular de estrangeiros na cidade desde o tempo do império. Tanto que as colônias italianas, portuguesas e árabes em Campos sempre foram muito fortes.

A universidade, e neste caso específico leia-se Uenf, intensificou essa vocação. Sua inauguração resultou na importação de professores de várias partes do mundo, inclusive os distantes russos. E aí, literalmente, começa um intercâmbio acadêmico, existindo também o cultural.

Em um posto de gasolina na rua dos Goitacazes, um frentista de sorriso alvo é Haitiano. Não tem problema com o idioma e exala simpatia. Conta que já se adaptou ao clima da cidade e elogia o vento nordeste. E assim como ele, muitos outros, de outras partes do país.

Na noite de Campos não é raro ouvir em um restaurante um idioma diferente, não somente o inglês, o espanhol ou o francês aos quais estamos mais habituados. Ouve-se idiomas diversos, como o russo.

Poucas cidades de médio porte têm tantos estrangeiros como Campos em uma condição diferente da de Macaé. São pessoas que chegam para estudar e muitas decidem ficar, como está acontecendo com campistas em Portugal.

Perto de 600 estrangeiros para uma cidade que tem mais de 600 mil habitantes seria um estrangeiro para cada mil habitantes.

Pode parecer uma gota no oceano, mas é um número expressivo e simbólico, mostrando que o mundo está encolhendo e os povos, uns acolhendo os outros, infelizmente, com algumas exceções.