Wiverson Chagas conta que foi na Escola Lions I, no Parque Santa Rosa, bairro onde vive, que ele teve os primeiros contatos com a música. Sua professora na escola pública tinha um projeto para ensinar flauta doce. Tempos depois, houve uma parceria da Prefeitura de Campos com a ong Orquestrando a Vida, e ele foi apresentado ao violino. Decidiu fazer parte do projeto e não parou mais. Desde 2004, sua rotina é de muitos estudos. Atualmente, de 7h da manhã até a meia-noite, mantém-se ocupado com estudos na faculdade, ensaios de orquestra e aulas diárias em que ele ensina violino.
Nos fins de semana, Wiverson também costuma ter compromissos de trabalho. “Costumo tocar em cerimônias de casamento e festas. É um complemento, pois trabalho dando aulas de violino, e assim, consigo me manter e ajudar nas despesas de casa. Meu pai é porteiro em um prédio e minha mãe trabalha como faxineira. Nem sempre eles compreendem tanto tempo em que eu me dedico à música. Às vezes acham que é exagero. Mas eles me apoiam, e isto é o mais importante”, diz.
Tanto tempo diário envolvido com a música fez com que Wiverson descobrisse que esta é a sua vocação. “Eu comecei muito menino com a flauta doce e depois com o violino. No início, era como se fosse uma brincadeira. Só que eu fui crescendo, e me dei conta que a brincadeira tinha virado coisa séria e trabalho. É assim que me sustento, e assim pretendo prosseguir”. Com tantos compromissos, ele confessa que precisou interromper por uns meses a faculdade. Atualmente, cursa o quarto período do Curso de Música no Instituto Federal Fluminense (IFF). Garante que tem conseguido equilibrar a agenda pessoal e profissional com tantos compromissos.
Quando perguntado sobre os projetos para o futuro, Wiverson Chagas é cauteloso. Diz que é bom dar um passo de cada vez. Uma das metas é concluir o curso superior e prosseguir dando aulas de violino. “Enquanto puder, quero continuar colaborando com a Orquestrando a Vida. Hoje, não penso em sair de Campos, mas se houver uma boa oportunidade de trabalho não descartarei. Quero inspirar outras crianças e adolescentes pobres a ingressarem na música. Este é um caminho maravilhoso que eu aprendi com meus professores. Eles ainda me inspiram a prosseguir nessa jornada, pois vale muito a pena tanto sacrifício pela arte e pela educação”, conclui.