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Inspiração: o jovem violinista segue os passos dos professores na música

Wiverson Chagas, morador da periferia de Campos, desde os oito anos de idade dedica-se ao instrumento

Cultura
Por Ocinei Trindade
27 de junho de 2018 - 15h27

É comum um artista se espelhar em outros artistas quando quer seguir uma carreira profissional. No caso de Wiverson Chagas, de 20 anos, nenhuma estrela de fama internacional chama mais a atenção para ele que os professores que o ensinaram a tocar violino, e como executar sinfonias complexas em grupo nas apresentações e concertos da Orquestrando a Vida, projeto que ele começou quando tinha apenas oito anos. Nesse período, ele aprendeu e passou a ensinar o instrumento. Além disso, tem aprendido a ser cidadão e a conduzir sua trajetória por meio da música.

Wiverson Chagas conta que foi na Escola Lions I, no Parque Santa Rosa, bairro onde vive, que ele teve os primeiros contatos com a música. Sua professora na escola pública tinha um projeto para ensinar flauta doce. Tempos depois, houve uma parceria da Prefeitura de Campos com a ong Orquestrando a Vida, e ele foi apresentado ao violino. Decidiu fazer parte do projeto e não parou mais. Desde 2004, sua rotina é de muitos estudos.  Atualmente, de 7h da manhã até a meia-noite, mantém-se ocupado com estudos na faculdade, ensaios de orquestra e aulas diárias em que ele ensina violino.

Nos fins de semana, Wiverson também costuma ter compromissos de trabalho. “Costumo tocar em cerimônias de casamento e festas. É um complemento, pois trabalho dando aulas de violino, e assim, consigo me manter e ajudar nas despesas de casa. Meu pai é porteiro em um prédio e minha mãe trabalha como faxineira. Nem sempre eles compreendem tanto tempo em que eu me dedico à música. Às vezes acham que é exagero. Mas eles me apoiam, e isto é o mais importante”, diz.

Tanto tempo diário envolvido com a música fez com que Wiverson descobrisse que esta é a sua vocação. “Eu comecei muito menino com a flauta doce e depois com o violino. No início, era como se fosse uma brincadeira. Só que eu fui crescendo, e me dei conta que a brincadeira tinha virado coisa séria e trabalho. É assim que me sustento, e assim pretendo prosseguir”. Com tantos compromissos, ele confessa que precisou interromper por uns meses a faculdade. Atualmente, cursa o quarto período do Curso de Música no Instituto Federal Fluminense (IFF). Garante que tem conseguido equilibrar a agenda pessoal e profissional com tantos compromissos.

O projeto social da ong Orquestrando a Vida faz parte da existência de Wiverson Chagas há 12 anos. Para ele, o que era apenas um curso de formação instrumental, tornou-se um projeto para toda a vida. “A ong me deu muitas oportunidades que, talvez se eu não estivesse aqui, dificilmente teria. Conheci várias cidades no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo tocando em concertos e festivais. Fui a Portugal para uma série de apresentações com a orquestra MariucciaIacovino. Têm sido momentos de muitas alegrias e conhecimentos para mim e meus companheiros. Isto é muito enriquecedor”, admite.

Quando perguntado sobre os projetos para o futuro, Wiverson Chagas é cauteloso. Diz que é bom dar um passo de cada vez. Uma das metas é concluir o curso superior e prosseguir dando aulas de violino. “Enquanto puder, quero continuar colaborando com a Orquestrando a Vida. Hoje, não penso em sair de Campos, mas se houver uma boa oportunidade de trabalho não descartarei. Quero inspirar outras crianças e adolescentes pobres a ingressarem na música. Este é um caminho maravilhoso que eu aprendi com meus professores. Eles ainda me inspiram a prosseguir nessa jornada, pois vale muito a pena tanto sacrifício pela arte e pela educação”, conclui.