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Coagro espera a melhor safra da cana-de-açúcar dos últimos quatro anos

Aposta será no etanol por conta da tendência dos mercados interno e externo

Economia
Por Redação
26 de junho de 2018 - 16h37

Cerimônia de lançamento da safra (Foto: JTV)

Uma missa celebrada pelo padre Jorge da Paróquia de Goytacazes, no Galão de Armazenamento de açúcar, marcou oficialmente nesta terça-feira (26), o início da safra da Cooperativa Agroindustrial do estado do Rio de Janeiro (Coagro/Sapucaia, cujas moendas serão acionadas na próxima segunda-feira (2 de julho).

O presidente da Coagro, Frederico Paes, disse que essa será a melhor safra dos últimos quatro anos, porque a oferta de cana-de-açúcar aumentou, mas foi prudente ao dizer que a matéria-prima ainda está escassa, e o parque industrial da maior usina de Campos vai operar com capacidade ociosa.

O presidente do conselho do Grupo MPE, um maiores grupos privados do país, Renato Abreu, presente na solenidade na condição de proprietário da usina, disse que a Sapucaia que está em recuperação judicial, já é uma empresa restaurada.

“Primeiro pagamos as dívidas trabalhistas que eram prioridade. Agora estamos pagando os demais credores da usina como fornecedores de cana, fornecedores de insumo. Então posso dizer que a usina já está com sua saúde financeira restaurada e que essa empresa tem a vocação para o sucesso”, disse Renato Abreu.

Frederico Paes e Renato Abreu, em seus discursos, falaram da necessidade de estimular o plantio de cana-de-açúcar na região. “Temos que compreender que essa é uma das mais importantes vocações da nossa economia”, afirmou Frederico.

Etanol

Por conta da tendência dos mercados interno e externo, a safra da cana-de-açúcar na região em 2018 terá uma peculiaridade em relação aos anos anteriores: as usinas vão produzir mais etanol do que açúcar. O preço do primeiro está mais valorizado que o segundo, o que explica a mudança. A Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) já anunciou que produzirá 70% de etanol e 30% de açúcar. O corte da cana começou no último dia 25 e a moagem será no dia 28. Nesta terça (26), uma missa na Coagro celebrou o início do período de produção.

De acordo com o presidente da Coagro, Frederico Paes, a expectativa é de que as quatro usinas do estado moam 1.2 mil toneladas de cana, o que representa 20% a mais do que a safra passada. O aumento é atribuído às chuvas que caíram este ano, já que nas últimas quatro safras os produtores enfrentaram uma longa estiagem.

“A safra será 20% maior do que no ano passado. A cana está com boa qualidade por causa das chuvas deste ano. A Coagro optou por uma safra alcooleira, com 60% de nossa produção destinada ao etanol. O produto está com uma remuneração melhor. Além disso, o preço do açúcar está baixo no mercado internacional. A produção mundial de açúcar está com excedente e o preço em queda”, explicou o presidente da Coagro.

Frederico lembra que o setor sucroalcooleiro, que é responsável pela geração de 5 mil empregos diretos e indiretos, aquece a economia do estado do Rio durante o período de safra.

“A cana é uma cultura semiperene e uma safra reflete na outra. Um bom período de chuva vai refletir no próximo ano com benefícios para o produtor, indústria, emprego e para a região. Isso anima o produtor”, finalizou Paes.

De olho no comércio— A Usina Canabrava não produz açúcar, por isso, não houve alteração em relação à safra passada. Mas a Usina Paraíso, diferente de 2017, este ano só produzirá etanol.

Cerca de 4 mil produtores são cadastrados na Asflucan (Silvana Rust)

Preço do açúcar e do álcool

O Sindicato Fluminense dos Produtores de Açúcar e Álcool e a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) devem chegar a um acordo nos próximos dias sobre os preços praticados nesta safra. De acordo com o presidente da Asflucan, Tito Inojosa, até a última safra, os valores eram indicados pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Fapur).

“O fórmula para estimar o preço continuará a mesma. Levará em conta a quantidade de cana a ser processada e o montante de açúcar e de álcool a ser produzido”, esclareceu o presidente da Asflucan.

Tito acredita que, se não houver variação no mercado, os cerca de 4 mil produtores de cana cadastrados na Asflucan deverão receber entre R$ 70 e R$ 75 por tonelada de cana fornecida às indústrias e estas venderão por R$ 2,5 o litro do etanol e por R$ 64 a R$ 65 a saca com 50kg de açúcar.

Mercado regional encolheu

O Estado do Rio de Janeiro, que na década de 1980 chegou a ter 21 usinas, nas quais eram processadas cerca de 10 milhões de toneladas de cana, quem diria, hoje possui apenas quatro indústrias. Três delas (Coagro, Paraíso e Canabrava) estão em Campos e uma está localizada em Cabo Frio (Agrisa). De acordo com o presidente da Asflucan, Tito Inojosa, o mercado veio encolhendo a ponto de o Estado, atualmente, precisar importar açúcar e álcool.

“Já tivemos 21 usinas, mas hoje a realidade é outra. Das cerca de 10 milhões de toneladas produzidas nos anos 80, caímos para aproximadamente 950 mil toneladas na safra passada”, comentou Tito.