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Uma África de esperança

Voluntários de Campos, Estados Unidos e Goiás vão levar solidariedade a Moçambique

Mundo
Por Redação
24 de junho de 2018 - 0h01

Moçambique, situado no continente africano, está entre os dez países com o maior índice de pobreza extrema de todo o mundo. Lá, uma em cada duas crianças sofre de desnutrição crônica. Aproximadamente 50% da população vivem a mais de 20 km de uma unidade de saúde e não têm acesso a saneamento básico e/ou água potável. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), há ainda 1,8 milhões de órfãos em Moçambique e 20% da população, entre adultos, adolescentes e crianças, são portadoras do vírus da AIDS. Esse lugar, marcado pela escassez e pelo abandono, foi o destino escolhido por 10 campistas que levarão recursos e afeto àqueles que carecem do básico.

A viagem missionária já tem data marcada: de 26 de julho a 6 de agosto. Serão 11 dias de intenso trabalho com o objetivo de contribuir para a promoção da dignidade humana aos moçambicanos. Os voluntários de Campos, Estados Unidos e Goiás, ficarão alocados na base situada na cidade de Beira, de onde partirão para incursões pelo interior do país. Esse grupo faz parte da Missão Volantes de Cristo (MVC), instituição que organiza as atividades, não só em Moçambique, mas em outros países da África, na Índia, no Nepal e com projetos também para o Amazonas e o Nordeste do Brasil. Entre os que sairão de Campos em direção a Moçambique, estão dentistas, educadores, empresários, além do pastor Manoel Pinto, fundador da MVC.

A missão

O objetivo principal dos missionários é mostrar para aquele povo que ainda há esperança. Além da Palavra de Deus, levarão recursos para a aquisição de alimentos, roupas, calçados, remédios, materiais de limpeza e higiene pessoal, etc. Eles também promoverão atendimento odontológico, atividades lúdicas e educativas, e vão colaborar na construção de poços artesianos, igrejas e escolas.

Essa já é a quarta viagem missionária internacional do empresário Fábio Paes. Ele já esteve em Guiné-Bissau, Tanzânia e Camboja, e conta que, dessa vez, o principal desafio está relacionado ao expressivo número de órfãos. “Promover esse trabalho missionário e humanitário nessas áreas carentes exige vocação. Arde em nossos corações o desejo de participar de projetos como esse e ajudar àqueles que não têm o mínimo para a sobrevivência. E, além da solidariedade, há também o entendimento de que conhecer outras realidades amplia a visão que temos do mundo”, explicou o empresário que esclarece ainda que o projeto não é denominacional, isto é, não está vinculado a uma igreja específica. “O que vale, na realidade, é a dedicação a uma causa importante e urgente”.

Há mais de 20 anos à frente de projetos missionários, o pastor Manoel Pinto reitera que realizar esse trabalho é uma oportunidade de crescer pessoal e espiritualmente. Dessa vez, não haverá dificuldades com relação à língua, uma vez que, em Moçambique, fala-se português; no entanto, outras questões podem se apresentar como obstáculos e a principal delas é a demanda emocional. “É preciso ser forte para vivenciar essa experiência e transmitir alegria àquelas pessoas. O trabalho social e humanitário consiste, fundamentalmente, em atuar como um mensageiro da paz e do amor”, concluiu.

Como participar

Os próximos roteiros das viagens missionárias já foram definidos: Índia, Nepal, Amazonas e retorno a Guiné-Bissau. Em cada um desses destinos, os voluntários ficam hospedados nas bases de parceiros da MVC, vivenciando, de fato, a realidade da população que ali reside. Os voluntários são os responsáveis por angariar recursos para viabilizá-lo, arrecadando doações e arcando com os custos individuais da viagem como as passagens aéreas, a alimentação e outros gastos pessoais. Campanha nas redes sociais, por exemplo, é umas das maneiras que muitos encontram para realizar essa missão.

Os interessados em desenvolver esse trabalho em países que vivem em condições de miséria extrema podem entrar em contato por meio das redes sociais com alguns dos participantes, como Fábio Paes, Cris Sales, Laureci Cândido, Lielson Cândido, Rodrigo Cerqueira, Ângela Cerqueira, Arimatéa Duarte, Micaela Albertini, Leandra Bruno e João José Lopes — campistas que partirão para Moçambique no próximo mês.

A escolha por missões internacionais é justificada, segundo Fábio, pela necessidade extrema da população desses locais que sequer conhecem seus direitos humanos. “Muitos dizem que esse trabalho tem a proporção de apenas uma gota no oceano, que a situação desses cidadãos é tão crítica que não há o que possa ser feito, mas não enxergamos a situação por esse viés. Acreditamos que pequenas ações como essa podem fazer a diferença na vida dessas pessoas e levar, ainda que por um breve intervalo, um pouco de dignidade a quem precisa”, concluiu.

Aqueles que não têm condições de sair do país, podem divulgar o projeto, ofertar doações e também contribuir para as causas missionárias perto daqui: há serviços voluntários sendo desenvolvidos na comunidade da Linha, em Campos, e em Machadinha, Quissamã.

Por que África?

Sempre quando determinados grupos de voluntários partem para ações fora do Brasil, há um questionamento em relação a essas ações no sentido de que por aqui também há muita pobreza. Fábio Paes explica que, de fato, existe miséria no Brasil, mas não a extrema pobreza, como é o caso de Moçambique. “No Brasil existem diversos programas governamentais de apoio à pessoas carentes, na África isso não existe. Lá, a pobreza mata pela fome e pela total falta de condições de Saúde. Aqui sempre pode haver uma mão estendida para ajudar, lá, se essa mão não for de fora, ela não existe, até porque eles não têm o que compartilhar. Não dá para comparar”, finaliza Paes.

Missão Volantes de Cristo

A MVC foi fundada há mais de 20 anos pelos pastores Manoel Pinto e Júlio César de Barcelos Pinto. Os dois eram jovens quando, envolvidos em obras missionárias, decidiram embarcar em uma jornada corajosa: eles juntaram um grupo de voluntários e partiram para lugares onde havia extrema necessidade de apoio. Nos primeiros anos, o trabalho foi desenvolvido, prioritariamente, no interior do Brasil, mas ao longo do tempo, o projeto tomou uma proporção maior que os amigos imaginavam.

Nos últimos oito anos, os dois voltaram os olhos para o continente africano, onde estão concentradas muitas mazelas sociais. Eles passaram a organizar viagens anuais para alguns dos mais pobres países africanos, fazendo parcerias com outros projetos que já são desenvolvidos nesses locais, como o Jocum, por exemplo. Lá, eles prestam assistência odontológica, de saúde, educacional, entre outros serviços.

“Todos os participantes são voluntários e nossa função é contribuir para que essas pessoas tenham mais qualidade de vida diante das possibilidades. Esse é, sem dúvida, um trabalho de amor! E, quando voltamos, nosso pensamento já se volta para o retorno no ano seguinte”, concluiu o pastor Manoel.