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Os cuidados com as alergias alimentares

Especialista oferece orientações para evitar problemas na ingestão de alguns alimentos

Saúde
Por Redação
21 de junho de 2018 - 15h03

A alergia é uma resposta exagerada do organismo contra determinadas substâncias, que normalmente são inofensivas para outros. Trata-se de uma reação do sistema imune do corpo humano, que começa encarar essas substâncias que, às vezes, são normais no ambiente, como estranhas. O índice de pacientes com alergias tem crescido nos últimos anos, principalmente as ligadas à alimentação. Dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) revelam que entre 6 e 8% das crianças e 2% dos adultos convivem com esse tipo de problema. Nos Estados Unidos, o número chega a 15 milhões de pessoas e na Europa, 17 milhões.

Os principais sintomas da alergia alimentar podem surgir até 2 horas depois da ingestão do alimento e geralmente incluem coceira e vermelhidão na pele, placas avermelhadas e inchadas na pele, inchaço nos lábios, língua, orelhas ou olhos, aftas, nariz entupido e escorrendo, sensação de desconforto na garganta, falta de ar e dificuldade em respirar, dor abdominal e excesso de gases, vômito, diarreia ou prisão de ventre, ardor e queimação ao evacuar.

Dra Bárbara Hildebrandt (Foto: Divulgação)

Segundo a alergista e imunologista, Dra Bárbara Hildebrandt, até o momento não existe um medicamento específico para o tratamento das alergias alimentares, há procedimentos para amenizar os sintomas, ou melhor, as crises alérgicas.

“O tratamento é feito com orientações individualizadas ao paciente e a família dele, para identificação do problema, pois existem pessoas que toleram o alimento depois do tratamento térmico, que é o cozimento em altas temperaturas, já outras reagem a quantidades mínimas ou até ao contato com alguém que tenha acabado de ingerir aquela comida. O especialista é quem vai fazer o melhor tipo de avaliação, optando ou não pela exclusão daquele alimento das refeições do paciente. Em casos mais graves, a gente pede até para que o alérgico tenha sempre consigo uma caneta de adrenalina autoinjetável, como medida de precaução, porque às vezes em uma crise, não dá tempo de chegar ao hospital. Vale lembrar que alguns casos podem vir a melhorar, como a alergia ao leite, trigo e soja, mas em outras situações, como a alergia a frutos do mar, amendoim e nozes, a tendência é permanecer, mesmo com o avançar da idade. Logo, o tratamento é evitar a ingestão desses alimentos”, explica.

Desde julho de 2016, uma lei obriga fabricantes de alimentos no Brasil a incluírem no rótulo informações sobre a presença de alergênicos. A orientação da especialista é sempre verificar as embalagens dos produtos industrializados na hora da compra.

“É importante ressaltar que a indústria alimentícia pode alterar a composição do produto e modificar esse rótulo sem aviso prévio, então a pessoa alérgica deve fazer a leitura na embalagem a cada compra, mesmo que já esteja acostumada a consumir determinado item. Por exemplo, no caso da proteína do leite, o nome pode vir mascarado. Se estiver escrito contém manteiga, lactoalbumina, caseinato ou soro do leite, essa pessoa não vai poder consumir esse produto”, esclarece.

A médica ainda alerta para os locais com alto risco de contaminação, onde as pessoas manipulam vários alimentos ao mesmo tempo, como lanchonetes, restaurantes, padarias, escolas.

“Já vi caso de paciente que é alérgico a camarão, comer um pastel de queijo e fazer uma reação, porque antes naquele local haviam feito um pastel de camarão no mesmo óleo, contaminando o pastel de queijo. Nas escolas, deve-se prestar atenção também porque existem algumas marcas de giz branco, que têm caseína, que é uma proteína do leite. A massinha de modelar também pode conter trigo. Nas atividades com material reciclável, mesmo bem higienizado, pode haver algum resíduo de leite. São coisas para ficarmos atentos”, frisa.

Prática perigosa

A alergista também chama a atenção para uma prática bem perigosa: a ingestão de medicamentos, como antialérgicos, antes de comer algum alimento que causa reação no organismo, como frutos do mar.

“Isso não é indicado, porque acaba mascarando os sinais daquela alergia. O antialérgico pode prevenir sintomas como a coceira, mas ele não vai prevenir uma reação mais grave. A gente tem que ficar atento porque principalmente nos quadros de febre, se a pessoa usou algum anti-inflamatório ou se vai fazer algum exercício depois da ingestão de determinado alimento, isso tudo associado aumenta o risco de reação, então pode ser que ela coma e tenha só uma coceira que resolve com antialérgico, mas com a união desses fatores, pode ocorrer algo pior”, completa.

Semana de Conscientização sobre Alergia Alimentar

Em 2018 ocorreu a quarta edição da Semana de Conscientização sobre Alergia Alimentar em Campos, sendo a primeira após a aprovação da Lei n. 8.788, de autoria do vereador Cláudio Andrade, que instituiu a semana no calendário oficial do município. O vereador propôs a lei atendendo ao pedido de uma comissão de pais e professores de crianças alérgicas alimentares, que foi sancionada em 30 de outubro do ano passado.

A terceira semana de maio é dedicada à conscientização sobre alergia alimentar em várias partes do mundo. O grupo que organiza o evento em Campos acredita que aumentando a conscientização, incentiva o respeito, promove a segurança e melhora a qualidade de vida das crianças e adultos que convivem com alergias alimentares, incluindo todos em perigo de anafilaxia, com risco de perder a vida.