Você foi zagueiro titular da Seleção Brasileira. Você acha que pelo fato de estar jogando na China, distante do Brasil e da União Europeia pode ter influenciado na não convocação?
É possível que sim, mas não acho bom ficar buscando fundamentos. O Grupo convocado é de primeiro nível e o Brasil estará muito bem representado nesta Copa.
A não convocação te deixou chateado?
É lógico que um pouquinho. Diria que fiquei chateado com ser humano que tem sentimentos, mas como jogador compreendi. Como disse o time convocado é de excelência e minha posição, a de zagueiro está muito bem entregue. Agora por esses diz não sou o jogador Gil e sim o torcedor Gil.
A mídia esportiva ventila que você estaria com um pé no Flamengo. Até que ponto isso é verdade?
Oficialmente para mim nunca chegou essa informação. Chegou apenas as especulações. Tenho um contrato de um ano e meio com o meu clube na China e pretendo cumprir integralmente, até o último dia.
Você tem uma camisa do Flamengo na moldura em sua casa. É seu time de coração?
Jogador profissional não pode dar esse tipo de resposta. Eu gosto da camisa, como gosto da camisa de outros clubes onde atuei. A minha camisa agora, a que transpiro e tenho que honrar é do Shandong Luneng.
E esse painel imenso nas suas costas de você cercando um atacante argentino. Saudade deste momento?
Foi um grande momento da minha vida profissional. Você imagina estar vestindo a camisa da Seleção Brasileira e marcando na pressão o atacante argentino Lionel Messi? É um momento mágico, por isso mandei fazer esse painel.
E quando o contrato acabar?
Ai sim a gente pode pensar em alguma coisa. Não vou responder a clássica pergunta, aquela tipo “Qual o clube que você gostaria de ir?”. Depois do contrato a gente vai ver o que irá acontecer.
Você acaba de fazer 31 anos. O sonho de uma Copa do Mundo vai se distanciando?
Sim. O jogador profissional tem que ter uma visão clara disso. Eu estou com 31 anos, mas sempre me mantive condicionado fisicamente. Ninguém sabe o dia de amanhã, mas a resposta para essa pergunta tem que ser a de que é um sonho muito difícil de se realizar. Temos que ter essa compreensão.
E como é jogar na China? O futebol asiático está crescendo?
Já estou indo para a minha terceira temporada no clube, tenho carinho de todos aqui e tenho mantido um bom nível de apresentações. A gente acaba ficando um pouco mais distante do cenário, mas hoje sabemos que os jogos podem ser vistos de qualquer lugar e cada vez mais o futebol chinês tem contado com jogadores renomados e de grande história. Existe um grande investimento e uma evolução contínua no futebol do país.
Vamos voltar às origens. Você começou nas divisões de base do Rio Branco e depois foi para o Americano. Os dois clubes venderam seus estádios. O que você acha disso?
É ruim para o futebol, mas é algo que tem acontecido em muitos lugares. É difícil manter uma estrutura e é preciso de ajudar para que isso aconteça. A gente fica triste, creio que a população também, mas quem sabe um dia não possam voltar. O momento no país é ruim e acaba afetando no futebol também.
E como você responda as críticas de que não gosta de dizer que é de Campos?
Estou bem tranquilo em relação a isso. Não é algo que me incomoda. Todos sabem o carinho que tenho pela cidade e o quanto faço por ela. E não faço para aparecer, mas sim por consideração. Nas minhas redes sociais todos que acompanham sabem o quanto demonstro carinho pela cidade, pelos lugares, amigos e familiares. Mas sou um cara reservado e talvez por isso alguns possam ver de outra maneira.
Sei que você tem orgulho de Campos sim, basta ver a casa que construiu em um dos mais elegantes condomínios da cidade. Isso é sinal de que um dia você vai voltar de vez?
Não posso te dizer isso hoje, pois as coisas mudam muito rapidamente. Mas minha sede hoje, quando estou no Brasil, é Campos. É o lugar onde passo a maior parte do tempo quando estou por aqui e onde me sinto feliz de estar.
Você acha que continuará jogando profissionalmente até quando?
Vou até onde me sentir bem. Estou perto de fazer 31 anos, mas fisicamente e psicologicamente muito bem. Isso me deixa tranquilo para trabalhar, atuar em alto nível e nem pensar em parar. Acho que ainda vai muito tempo…
Tem algum plano para o futuro como o de técnico?
Não é algo que parei para pensar ainda. Procuro viver o momento e meu momento hoje é como atleta. Quando estiver mais perto de parar, talvez comece a pensar nisso.
Para terminar o que você diria para os brasileiros sobre essa Copa que está para começar. Vamos ganhar?
Estou na torcida para que possamos ganhar. Tenho grandes amigos lá e uma grande seleção. Temos outras equipes fortes também, mas o Brasil com certeza está entre os favoritos. Se jogar tudo que sabe, com certeza vão trazer o hexa para nós.
Então tá levando fé?
Muita fé. Como eu disse no início da entrevista o time do Brasil é bom. Tenho certeza que a rapaziada vai crescer no curso da competição. Cabe a gente torcer, torcer e com muita fé. Repetindo, eu estou na torcida e sinto que existe no ar um certo gosto de vitória. Seria maravilhoso para o futebol brasileiro esse título.