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De adversários a grandes aliados

Nildo Cardoso e Matoso disputaram as eleições com Rafael, já Feijó era aliado histórico do grupo dos Garotinhos

Campos
Por Marcos Curvello
18 de junho de 2018 - 0h27

Nildo Cardoso hoje tem status de secretário (Silvana Rust)

Eleito de maneira inesperada ainda no primeiro turno das eleições de 2016, Rafael Diniz (PPS) fez um primeiro ano de mandato marcado por polêmicas. A suspensão de programas sociais, a redução na prestação de serviços de coleta de lixo e manutenção de praças e jardins, e o atraso no pagamento de prestadores de serviços e parcelamento de 13º dos servidores desacreditaram parte importante dos eleitores que viram na “onda verde” esperança de mudança. Agora, o prefeito de Campos se prepara para submeter sua popularidade a uma prova de fogo nas eleições gerais de outubro, quando tentará eleger o vereador Marcão (PR) à Câmara dos Deputados. Mas, se o veredito das urnas permanece um mistério até o fim da apuração, Rafael vai “bem, obrigado” na articulação política e mostrou, ao longo do tempo, habilidade em trazer para perto adversários — tanto de ideologia e quanto de ocasião.

As surpresas vieram logo que o prefeito começou a anunciar a composição de seu secretariado. Dois dias antes da posse, confirmou a presença de Nildo Cardoso (DEM) na superintendência municipal de Agricultura e Pecuária.

Nildo foi, durante os quatro anos anteriores à sua nomeação, vereador de oposição ao Governo Rosinha (então PR, hoje Patri) e chegou a liderar o bloco, do qual Rafael fez parte. Embora afinados na rejeição ao Garotismo, decidiram, os dois, concorrerem à prefeitura em chapas distintas, com propostas diferentes para a cidade.

Da Baixada Campista, onde mantém seu reduto eleitoral, Nildo fez um aceno à bancada de sustentação de Rosinha e trouxe como vice o então vereador de situação Papinha (PP), em uma tentativa de ganhar a simpatia de Travessão e adjacências. Não foi suficiente. Rafael acabou eleito com 151.462 votos e Nildo terminou em quarto, atrás, ainda, de Dr. Chicão (PR) e Caio Vianna (PDT).

Rogério Matoso acaba de assumir uma Secretaria (Foto: Supcom)

A concorrência não deixou sequelas e Nildo, que foi amigo do pai de Rafael, Sérgio Diniz, logo parabenizou o prefeito e se disse “orgulhoso” de sua campanha vitoriosa. A proximidade pavimentou o caminho para a superintendência,
onde resistiu a uma reforma administrativa e permanece até o momento.

“Não existe projeto de governo igual em candidatura nenhuma, mas uma coisa nós tínhamos em comum: a vontade de mudança”, explica Nildo. “Recebi a pasta com autonomia e estou colo cando em prática o projeto que tínhamos em comum, que era a valorização da Agricultura como alternativa aos royalties. Há um projeto que é um sonho meu, que é reativar o Ceasa para desafogar o Mercado Municipal, deixando o próprio Ceasa como ponto de distribuição para evitar congestionamento de caminhões na região central”.

Matheus vira adversário
Outro ex-pretendente à prefeitura convidado a participar do Governo foi Rogério Matoso (PPL). Lanterninha nas eleições municipais de 2016, com 2.011 votos, ele chegou justamente durante a recomposição do Governo de Rafael. No fim de fevereiro, deixou a assessoria do vereador situacionista Abdu Neme (PR) para ser subsecretário de Desenvolvimento Humano e Social

Paulo Feijó também pode virar secretário

Na última segunda-feira (11), acabou alçado à condição de superintendente de Trabalho e Renda, substituindo Diogo Melo Falquer, que permaneceu menos de um mês no cargo após o primeiro titular da pasta, Gustavo Matheus — sobrinho de Garotinho —, romper ruidosamente com o prefeito e deixar o Governo.

“Queremos contribuir neste momento difícil, justamente porque sabíamos que a cidade ia estar devastada por consequência de atos da antiga gestão. Ao fazer o convite a mim e a Nildo, Rafael mostra que é preciso união e força de trabalho para que possamos ter dias melhores”, diz Matoso.

O prefeito justifica as escolhas: “O que enxergamos claramente neles é o mesmo desejo nosso pela reconstrução da nossa cidade, entendendo que um dos princípios é repensar Campos para além dos royalties, através do fortalecimento da agricultura e pela geração de trabalho e renda”.

Feijó e emendas
Mais uma vitória obtida por Rafael foi a aproximação com o Deputado Federal Paulo Feijó (PR). Membro da tropa de choque de Garotinho em Brasília, ele beneficiou o prefeito de Campos com emendas parlamentares direcionadas à Saúde, um dos principais gargalos enfrentados pelo Governo.

A primeira, no valor R$ 5,5 milhões, foi direcionada ao Hospital Geral de Guarus (HGG). A segunda, colocou mais R$ 5 milhões em Unidades de Pronto Atendimento do município. O empenho das emendas foi feito no fim do ano passado. Outras emendas foram distribuídas ao Desenvolvimento Humano e Social, Esporte e Agricultura e somam cerca R$ 21,5 milhões.

“Obviamente que não podemos perder a oportunidade de ter perto de nós um deputado que é muito sensível às causas de Campos, que passa por um momento de dificuldade financeira”, aponta o prefeito.

Mas, mais do que isso, Rafael trouxe para perto de si o PR, partido que fora, até pouco antes, capitaneado a rédea curta por Garotinho no Estado do Rio. O ex-governador deixou a presidência do diretório regional e a legenda em janeiro. Antes, havia sido afastado do comando da sigla após ser preso na Operação Caixa D’Água, da Polícia Federal.

O resultado mais visível da aproximação foi a transferência, durante a janela partidária, de Marcão da Rede, partido pelo qual se elegeu, para o PR, sob as bênçãos de Feijó.

“Nenhum outro deputado trouxe mais recursos para região quanto Feijó. Portanto, ter sido escolhido por um parlamentar experiente que acredita que eu possa continuar este trabalho de representação de nossa cidade e região na Câmara Federal, em Brasília, me deixa muito satisfeito”, diz Marcão, que afirma que “a forma de apoio será efetivada durante a campanha”.

A equipe de reportagem tentou contato com a assessoria de Feijó por telefone e pelas redes sociais, sem sucesso até o fechamento desta edição.