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Editorial: crítica na forma de bom exemplo

Não se pode fechar os olhos diante do mato que cresce em canteiros, praças e meio fios

Geral
Por Redação
22 de abril de 2018 - 0h01

Ninguém com o mínimo de bom senso desconhece as dificuldades financeiras enfrentadas pela Prefeitura de Campos e seus reflexos em serviços de todos os níveis. Tudo indica que o pior já passou com o equilíbrio das contas municipais, recuperação de algumas receitas e uma vitória expressiva no âmbito jurídico para o pagamento de uma operação feita com a Caixa Econômica pelo governo passado.

Um dos serviços comprometidos é o da limpeza pública. Com um contrato revisto com a empresa responsável, reduzindo os valores que estavam fora do padrão, a atividade de limpeza de ruas e praças está sendo feita a meia bomba. Não se pode fechar os olhos diante do mato que cresce em canteiros, praças e meio fios.

A adversidade, por outro lado, faz com que o cidadão exercite o seu senso colaborativo. Muita sujeira derramada todos os dias nas ruas de Campos se deve a falta de cidadania e isso é fato. Mas na semana passada, um grupo de pessoas, em pleno domingo, ao invés de criticar, decidiu organizar um mutirão e limpar os canteiros da avenida Presidente Vargas, na Pecuária.

Homens, mulheres e até crianças usando facões, vassouras e outras ferramentas deram conta do recado, em um domingo que seria de lazer. Em momento algum estamos sugerindo que o contribuinte faça o serviço pelo qual paga. Mas, antes uma decisão dessa do que uma contrária: a de emporcalhar as ruas.

O prefeito reconheceu essa deficiência em pontos da cidade e prometeu agir. No dia seguinte ao mutirão dos moradores da Pecuária, homens da prefeitura foram completar o serviço, até porque a ação cívica dos moradores não deixou de ser uma crítica embutida, e neste contexto tudo isso é bastante saudável.

Durante quase duas décadas, o lixo de Campos e os outros serviços de limpeza custavam preço de ouro. Tanto que uma das maiores empreiteiras do país, a Queiroz Galvão, se responsabilizava pela coleta do lixo da cidade. Mas hoje a realidade é outra. Não existe mais tanto dinheiro para se jogar no lixo.

E Campos, também diante desta adversidade, está desenvolvendo um outro conceito do que é lixo. O que é lixo, para alguns pode ser luxo, para outros, o que norteia a cadeia de reciclagem tão em voga. As cooperativas de reciclagem estão mais organizadas e gerando empregos para dezenas de pessoas.

Agora mesmo, a avenida Arthur Bernardes, no trecho entre a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a avenida 28 de Março que estava abandonada com um matagal imenso em terrenos e também na ciclovia, começou a ser repaginada. Isso porque o trecho quase desabitado, vai receber alguns investimentos imobiliários no curso dos próximos dois anos, como condomínios.

Criar frentes de trabalho para resolver o problema de capinas em Distritos não seria de todo ruim, em um segundo momento. Neste primeiro momento foi dado um grande passo com a prefeitura passando a encarar o problema de frente, até porque ele se agravou com as recentes e constantes chuvas.

Muitas lições podem ser tiradas dessa adversidade, como o exemplo dado pelos moradores da Pecuária, que fizeram uma crítica construtiva, que deu resultado, e sem politizar a ação. Isso é importante. Politizar as críticas é algo que tem prejudicado muito o município de Campos. O atual prefeito governou até agora com a oposição afirmando que ele seria cassado.

Os motivos da cassação foram desconsiderados pela primeira instância em Campos, que não viu nenhuma irregularidade no processo eleitoral.

Os que politizam as críticas recorreram ao Tribunal Regional Eleitoral no Rio de Janeiro, que reafirmou a decisão da primeira instância, com um placar largo de 6 a 0.

Em suma, chegou a hora de avançar, e abrir novos caminhos podando os matos que cresceram, que são apenas metáforas de uma cidade grande cheia de problemas que se acumularam sob o sono de décadas. Que o exemplo dos moradores da Pecuária em um dia de domingo, sirva para todos.