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Pior perfil da obra pública

Além da reforma do Palácio da Cultura, o governo passado iniciou e parou as obras do Camelódromo e do espaço para feirantes

Opinião
Por Redação
15 de abril de 2018 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

Na semana passada, a reportagem Especial do Jornal Terceira Via lançou uma lente de aumento sobre a questão do patrimônio arquitetônico em Campos, onde teoria e prática, muitas vezes, se confundem e cacarecos sem nenhum estilo definido passam a ser protegidos e recuperados, enquanto outros de grande valor têm suas estruturas abaladas. Nesta edição, o tema da reportagem Especial, tem a ver com arquitetura, mas a de obras que foram iniciadas e paradas no governo passado.

Descobrimos que os tapumes do Centro Cultural Jornalista Oswaldo Lima, tapam o que os olhos não gostariam de ver. O Palácio da Cultura que abriga a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha está quase virando cacareco, porque a reforma ambiciosa, repetimos, parada pelo governo que a começou, está enrugando a arquitetura bela, concebida nos anos 70. O tempo não para e a reforma não anda, não pela falta de tempo, mas pela falta de recursos nos cofres públicos.

Além desta reforma, o governo passado iniciou e parou as obras do Camelódromo e do Novo Mercado. O Novo Mercado, que abrigaria a Feira Livre foi preferido pelos feirantes que parecem gostar do lugar onde estão. Com isso, dinheiro público para construção de uma grande infraestrutura ainda não terminada, está comprometida, com os tabuleiros de alvenaria jogados às moscas.

O atual governo diz que obras iniciadas devem ser concluídas, e que pretende fazê-lo, mas faltam recursos. Não arrisca nenhuma data para a retomada. A prioridade seria o Palácio da Cultura, em área nobre de Campos, e cumprindo uma missão nobre, com seu auditório e sua grande Biblioteca.

Um governo, dependendo do vulto e importância da obra não tem o compromisso fechado de concluí-la. Governos seguintes assumem essa responsabilidade m curso. A questão é que principalmente a obra do Camelódromo, a mais dispendiosa de todas, é polêmica e no momento em que foi iniciada, desnecessária. Foi criticada a exaustão exatamente por cobrir visualmente um dos patrimônios arquitetônicos mais importantes da cidade que é o Mercado Municipal.

Concluir o Camelódromo de Campos que está no osso, como se diz na gíria, é uma herança maldita para o atual governo municipal. Porém, ela avançou a um ponto que não se permite volta. Mas continua na posição de não prioridade diante do mínimo de bom senso. Fato é que reformas e obras paradas acabam causando grandes transtornos em todos os níveis para uma cidade.

A questão política em seu pior perfil é sempre responsável por tudo isso. Em 2004, a então governadora Rosinha Garotinho, às vésperas de uma eleição municipal, decidiu por uma obra a toque de caixa, grandiosa que foi a ponte – que leva o nome dela na forma de apelido. Uma grande estrutura de concreto em duas pistas com ares de perimetral. A obra sobre o Rio Paraíba do Sul era necessária, mas não naquele lugar.

Dois anos depois, também em meio a uma disputa eleitoral, o então prefeito Alexandre Mocaiber decide construir uma outra ponte, também necessária, mas igualmente no lugar errado. Na verdade, uma ponte deveria estar no lugar da outra indiscutivelmente.

A ponte Rosinha, que na certidão chama-se Leonel de Moura Brizola, foi concebida para tráfego pesado, e vem sendo usada por veículos leves, porque a Beira- Valão não suporta o tráfego de uma BR. Chega-se à conclusão que foi superdimensionada. Mas se fosse construída no lugar onde Mocaiber fez a sua, seria perfeito, porque tem estrutura para suportar o trânsito pesado e constante da BR-101.

A ponte de Mocaiber suportará até quando esse tráfego da BR-101? Por muitas vezes ao dia, caminhões com toneladas de carga param no vão central da ponte que tem uma ciclovia embaixo. Definitivamente, ela não foi concebida para suportar tanto peso. Ela, esteticamente e funcionalmente, cumpriria um papel bem melhor se estivesse no lugar da ponte Rosinha e vice-versa.

Voltando a questão da reportagem Especial de hoje, podemos tirar como lição que, obras polêmicas como o Camelódromo, se iniciadas deveriam ser concluídas pela gestão que decidiu por sua construção. Não é justo que o governo seguinte, depois de arrumar a casa financeiramente, priorize a conclusão desta obra que divide opiniões. Quando realmente se trata de uma obra que tem aprovação popular, essa pode ir passando de governo para governo com cada um fazendo a sua parte.

Mas parece que estamos longe disso. Fato é que alguma coisa tem que ser feita. O Palácio da Cultura, em primeiro lugar e, secundariamente, bem secundariamente, o discutível e caro camelódromo.