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Erosão e Arte

Casa Duna de Atafona: museu em processo dedicado à memória

Cultura
Por Ocinei Trindade
27 de fevereiro de 2018 - 15h54
(Foto: )

Atafona em memórias (Foto: divulgação)

Quem visita a praia de Atafona, em São João da Barra, costuma ficar impressionado com o fenômeno do avanço do mar que já destruiu várias ruas e prédios nas últimas décadas.

O local também é fonte de inspiração e interesse para pesquisadores, fotógrafos e artistas em geral. Desde agosto de 2017, funciona na Avenida Atlântica, 400, a Casa Duna, que é um centro de pesquisa e memória idealizado pelo casal Fernando Codeço e Julia Naidin. Diversos artistas e um público bastante interessado têm se encontrado ali em diferentes eventos culturais.

A Casa Duna começou como sede de um cineclube quinzenal aberto à comunidade. Em outubro passado, deu início à exposição “Atafona, museu em processo”.

Trata-se de uma mostra fotográfica com registros de imagens locais da paisagem e dos cenários devastados pela erosão marítima, na região próxima à foz do Rio Paraíba do Sul. Na ocasião, foi realizada uma palestra com o cartógrafo Gilberto Pessanha, pesquisador que se dedica desde 2002, a estudar o avanço do mar em Atafona. O público tem acesso à parte dessas informações.

grupo se dedica a espetáculos performáticos inspirados na literatura e fenômenos da natureza locais (Foto: divulgação)

grupo se dedica a espetáculos performáticos inspirados na literatura e fenômenos da natureza locais (Foto: divulgação)

De acordo com Fernando Codeço, coordenador e cofundador da Casa Duna, a iniciativa busca desenvolver projetos culturais que atendam à população local, como estudantes da rede pública e privada em visitas agendadas, além de despertar o interesse de turistas que visitam São João da Barra. “Temos funcionado como uma residência de arte. Recebemos artistas de diferentes expressões e segmentos”, explica.

Formado em teoria do teatro, Codeço dirige o grupo Teatro da Erosão, que conta com a participação de Julia Naidin, Lucia Talabi, Jailza Mota e Victor Santana, chamados de perfomers criadores. O grupo realiza um espetáculo de teatro local e experimentações com outras linguagens como videoarte, instauração performática e land art. São obras inspiradas no romance O Mangue, de Osório Peixoto, e no fenômeno específico da erosão marinha de Atafona. “Destacamos o espetáculo das ruínas; o movimento do rio, do mar e das dunas; a história e a memória dos moradores; a experiência da pesca, além das questões do fim do mundo nas narrativas bíblicas, indígenas e científicas” destaca Julia Naidin, doutora em filosofia contemporânea da UFRJ, uma das responsáveis pelo projeto Casa Duna.

(Foto: divulgação)

(Foto: divulgação)

O centro cultural funciona por meio de trabalhos colaborativos de diversos artistas que já se apresentaram na Casa Duna. “Temos realizados saraus de poesia, mostras de artes plásticas, apresentações de música, dança e teatro, além de festas e eventos temáticos. Uma de nossas finalidades é fazer do projeto um observatório para discutir questões acerca da urbanidade e a natureza”, conta Fernando Codeço.

O imóvel se destaca pela bela arquitetura praiana, e por também fazer parte do cenário apocalíptico de Atafona. Uma imensa duna avança cada vez mais, ameaçando invadir a avenida em frente à praia, pondo em risco própria casa. Ali, tudo parece acontecer e se apresentar de modo espetacular. A força da natureza violenta segue inspiradora e impactante.

Mais informações e agendamentos:
www.casaduna.org
www.facebook.com/casaduna.org