Os sintomas da conjuntivite são diversos: coceira; olhos vermelhos e lacrimejantes e com sensação de areia ou ciscos; secreção; inchaço nas pálpebras; fotofobia; e visão borrada. Foi assim que o webdesigner Elton Nunes, de 34 anos, descreveu o que sentiu nos últimos 10 dias. Ele contou que, a princípio, percebeu que seus olhos estavam vermelhos, mas imaginou que a irritação era em decorrência do uso excessivo do computador.
“No entanto, ao acordar no dia seguinte, minhas pálpebras estavam coladas. Imaginei, então, que se tratava de uma conjuntivite”, disse. Logo Elton procurou um oftalmologista. “Não uso colírio sem prescrição média, é muito arriscado”. Para ele, foi receitado um colírio com antibiótico, além da incumbência de lavar os olhos diversas vezes ao dia com soro fisiológico.
Elton foi contaminado pelo filho, de sete anos. O mesmo aconteceu com a fotógrafa Fabiana Avellar, de 40 anos, mãe da Maria Clara. Como é comum durante as férias de verão, a família se reuniu com amigos na piscina. Maria Clara e os amiguinhos compartilharam uma máscara de mergulho e o resultado disso foi catastrófico: todos os pequenos “pegaram” conjuntivite.
“No primeiro dia, ela não teve sintomas, mas eu percebi que os olhinhos estavam vermelhos. Eu fiz uma limpeza com soro caseiro antes de Maria Clara ir para a cama, mas, ao amanhecer, ela não conseguia abrir os olhos. Eu a levei no oftalmologista que receitou um colírio antibiótico, mas me alertou que, se eu não tomasse todo o cuidado, eu seria infectada. Não deu outra. No dia seguinte, eu também acordei com aquela horrível sensação de areia nos olhos”, contou Fabiana. A menina manteve os principais sintomas por aproximadamente duas semanas; a mãe se recuperou um pouco mais rápido, mas agora é o pai que está sentindo os efeitos desse vírus.
Tanto Elias e o filho, quanto Fabiana, Maria Clara e o marido foram diagnosticados com conjuntivite viral. Mas esse não é o único tipo da infecção. Segundo a oftalmologista, dra. Aline Linhares, há ainda a conjuntivite bacteriana, a conjuntivite alérgica (que não é contagiosa) e ainda a fúngica (a mais grave); mas aquela causada por vírus é, de fato, o tipo mais comum.
A médica explica que o vírus causador dessa infecção é o mesmo da gripe, o adenovírus. Por isso, pessoas com baixa imunidade, os chamados “imunodeprimidos”, são mais propensos a adquirir conjuntivite. No entanto, toda a população deve se prevenir tomando medidas simples, como manter o hábito de lavar as mãos e/ou higienizá-las com álcool 70% frequentemente e evitar coçar os olhos após encostar em objetos ou locais de uso público.
Tratamento
Mas se não foi possível evitar a contaminação, o paciente precisa seguir alguns protocolos. O primeiro e mais fundamental é a consulta com um oftalmologista. Somente este médico poderá identificar qual o tipo de conjuntivite e qual o tratamento adequado. A dra. Aline explica que, usualmente, os pacientes são orientados a utilizar um colírio antibiótico, mas há casos em que é necessário a ingestão de corticoides.
A médica lembra ainda que esses medicamentos não são indicados para a remoção da infecção, mas para a amenização dos sintomas. “No caso da conjuntivite viral, que é a mais comum, a infecção permanece por até 15 dias”, disse. Dra. Aline reitera que há ainda o período de incubação, que ocorre antes do paciente começar a sentir os sintomas. “Neste período, o vírus pode ser transmitido, mesmo que a pessoa não saiba que está contaminada. E mesmo após o sumiço dos sintomas, o paciente permanece contagiando por 12 dias. Por isso o ideal é nunca coçar os olhos antes de higienizar bem as mãos, porque o contágio acontece pelo contato”, orientou.
Embora sejam raros os casos em que isso ocorre, a conjuntivite viral pode ocasionar complicações que, entre outras consequência, podem causar a diminuição da visão. A oftalmologista conta que o vírus pode ficar alojado na córnea, o que os médicos chamam de “infiltrado”, ou causar “cicatrizes conjuntivas”. Em ambos os casos, o tratamento é feito por meio de corticoides, mas, se o paciente não procurar um médico rapidamente, a visão pode ser prejudicada. “Não há motivo para pânico, mas a prevenção e a busca por orientação médica imediata são essenciais para evitar o contágio e/ou se recuperar com segurança”, concluiu.