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Editorial: A Guerra do Rio

A intervenção das Forças Armadas no estado do Rio é vista com bons olhos, pelo fato de que parece não haver outra saída

BLOG
Por Redação
18 de fevereiro de 2018 - 0h01

Há muitas décadas o Rio de Janeiro vive uma guerra. Na paz, os filhos enterram seus pais e na guerra, os pais enterram os seus filhos. É a ordem natural na maioria das vezes. Mas agora, balas perdidas estão matando crianças no colo da mãe, quando não ainda dentro do ventre. E a sociedade estava banalizando isso, como se uma bala perdida entrasse por um ouvido e saísse pelo outro, como uma conversa fiada.

O Rio de Janeiro vive um estado de guerra, quer na região metropolitana ou no interior. Campos registra um homicídio a cada 30 horas. A decisão do Presidente Michel Temer de intervir com as Forças Armadas no estado do Rio, passando o comando de todos os órgãos de segurança para o interventor militar é vista com bons olhos, pelo fato de que parece não haver outra saída.

Admitir que há guerras justas é o mesmo que admitir a existência de injustiças justas. As injustiças sociais no Rio de Janeiro são latentes, mas não podem ser corrigidas por uma política doente e um crime organizado drogado. Essa intervenção é necessária para sedar a febre, mas cabe ao estado de direito combater os outros sintomas desta anomalia.

Nunca houve uma guerra boa, assim como nunca existiu uma paz ruim. Poderemos estar experimentando isso agora, mas repetimos, é uma necessidade, caso contrário vamos mergulhar na profundidade de pensamentos como “Ou a guerra é obsoleta ou os homens o são”.

As melhores guerras são as evitadas, e essa parece ser inevitável. Os teóricos das conspirações têm suas mil versões, como o prenúncio de um golpe, afinal toda moda começa pela cidade do Rio de Janeiro. Porém, as Forças Armadas estão maduras o suficiente para serem manobradas por políticos. Quem declarou a guerra foi Temer e ele sabe que a vitória tem mil pais mas a derrota é órfã. Neste caso em especial, a vitória poderá ser creditada a ele e a derrota não será órfã. Será filha dele.

Sabemos que a guerra em todo o mundo é uma espécie de fuga dos problemas da paz, tamanha complexidade da natureza humana. A maneira mais rápida de terminar uma guerra é perdê-la e parece que o Governo Federal não quer. Por isso, o decreto de intervenção se estende até o final do ano. A tendência é termos, por exemplo, eleição esse ano sem necessidade de um município requisitar tropas federais, pois elas já estão aqui.

Já era hora de intervir, não para militarizar o Rio, mas para desimplicar o estado, e desmascarar o tráfico, bem como tirar de cena os políticos ruins. No Rio, exceto quem está nos presídios e outros poucos, se sentem seguros. E a segurança só para alguns é, de fato, a insegurança de todos.