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Sexo, drogas, violência e carnaval

Não durou muito tempo para a cidade do Rio de Janeiro experimentar o inferno depois do paraíso carnavalizado

Blog dos Jornalistas
Por Blog dos Jornalistas
16 de fevereiro de 2018 - 15h38

No fim de semana que antecedeu ao maior espetáculo de Terra, em passagem pelo Rio de Janeiro, me dei conta de que uma solução para a crise econômica e política pela qual o Brasil atravessa, seria alterar o calendário do Carnaval. Em vez de quatro dias em fevereiro, o ideal seria que houvesse pelo menos um Carnaval mensal de janeiro a dezembro. O consumismo explode nesta época, os hotéis lotam; as cervejarias, os bares, as companhias aéreas, marítimas e terrestres de viagens riem de orelha a orelha; e a classe política dá graças aos deuses do samba e do axé pelo população se esquecer deles por tempinho que seja.

Por outro lado, há carnavalescos de plantão nos barracões das escolas de samba tentando fazer da festa e da fantasia, um momento para refletir sobre corrupção, escravidão, escândalos financeiros, golpes políticos e econômicos enquanto passam pela Marquês de Sapucaí com suas baterias, baianas e carros alegóricos. Foi o que fizeram as agremiações da Beija-Flor de Nilópolis e da Paraíso de Tuiuti, campeã e vice-campeã do Carnaval 2018, respectivamente. O desfile da Tuiuti, aliás, conquistou parte da mídia e grande parte do público nas arquibancadas e redes sociais com o personagem vampiro neoliberalista que fez alusão explícita ao presidente Michel Temer. Para onde vai o Brasil, o Rio de Janeiro e Campos neste pós-carnaval? Há quem não veja muitas perspectivas de luz no fim da avenida, nem do túnel.

Não durou muito tempo para a cidade do Rio de Janeiro experimentar o inferno depois do paraíso carnavalizado. Assaltos, arrastões, vandalismo, patrimônio público destruído durante a festa foram testemunhados e vivenciados por muitos foliões e anti-foliões. No entanto, fenômenos da Natureza enfurecida deram o ar da (des)graça com mortes e destruição em diversos lugares da capital fluminense na quarta e quinta-feiras passadas após uma baita tempestade de raios e chuvas pesadas.

Vigança da Natureza com os maus-tratos cometidos com o Rio? O caos que nunca acaba, foi acrescido com novas demandas e tragédias já conhecidas pela população carioca e fluminense. Em Campos e região, o número de homicídios também chamou a atenção durante o feriadão. Não é só a alegria que explode nestes dias, mas também a violência. A realidade nos toma muito rapidamente. É como diz o poeta Vinicius de Moraes, “a felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval…”.

E qual a melhor fantasia para o sobrevivente da pós-folia? Talvez, seguir vivo até o próximo tiro disparado antes do Carnaval do ano seguinte? Até lá, samba na cara da sociedade. E agora, com a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro, não faltarão enredos para inspirar sambistas, funkeiros, carnavalescos, marqueteiros, políticos oportunistas e afins.