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Depois de 11 anos, Garotinho repete greve de fome sob os mesmos argumentos e acusações

Veja íntegra da carta do ex-secretário de Governo; em 2006, ele perdeu 700 gramas após ficar oito dias sem se alimentar

Estado do RJ
Por Marcos Curvello
15 de dezembro de 2017 - 13h48

foto-garotinho-fomeConforme noticiado em primeira mão pela “Coluna do Balbi” e repercutida aqui pelo jornalista Marco Grillo, de O Globo, o ex-secretário de Governo de Campos, Anthony Garotinho (PR), iniciou uma greve de fome em protesto contra aquilo que qualifica como “injustiça”. Ele foi preso durante a Operação Caixa D’Água e, desde o último dia 24, está na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Não é a primeira vez que Garotinho recorre ao expediente.

Em 2006, perdeu 700 gramas — passou de 89,9 kg a 89,2 kg — após 11 dias de greve de fome, de acordo com boletim médico divulgado pela família. No laudo, foi descrito como “lúcido, hidratado, com ritmo cardíaco regular e pressão arterial e cardíaca normais”. Era, na época, pré-candidato pelo PMDB à presidência da república e sua esposa, Rosinha, ocupava o Palácio da Guanabara.

Como agora, Garotinho afirmava que o jejum vinha saciar sua fome de Justiça. Hoje, é acusado de chefiar uma organização criminosa que achacava e ameaçava empresários, inclusive sob a mira de armas, para obter doações para campanha ao Governo do Estado. As provas que fundamentaram sua prisão foram obtidas em delação da JBS, uma das empresas que teriam colaborado com o esquema. Em 2006, foi alvo de reportagens apontando doações irregulares para sua pré-campanha, que teriam ligações com contratos firmados entre fornecedores e o executivo estadual.

O gesto de Garotinho, anunciado em “defesa da honra”, foi criticado por políticos e pela sociedade.

Caixa D’Água — Garotinho foi preso no dia 22 de novembro em seu apartamento no Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele foi levado para o quartel do Corpo de Bombeiros no bairro Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro, de onde foi transferido para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, onde estão outros políticos, como o ex-governador Sérgio Cabral, preso durante a Operação Calicute, e os deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, detidos na Operação Cadeia Velha. Todos pertencem ao PMDB.

Após alegar ter sido agredido durante a noite, em uma ação não confirmada por agentes penitenciários, câmeras da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) ou laudo do Instituto Médico Legal (IML), Garotinho foi transferido para Bangu 8.

Durante a Operação Caixa D’Água também foram detidos o ex-subsecretário de Governo, Thiago Godoy (PR), o ex-secretário de Controle Orçamentário e Auditoria de Rosinha, Suledil Bernadino, e o policial civil aposentado Antônio Carlos Ribeiro da Silva, o Toninho. Com exceção de Garotinho, todos se encontram detidos na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte.

Na mesma ocasião, foi presa, ainda, a ex-prefeita de Campos, Rosinha Garotinho (PR), que também é ré no processo. Ela chegou a passar pelo Presídio Feminino Nilza da Silva Santos, em Campos, e por Benfica, no Rio, mas recebeu habeas corpus do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A Corte, porém, impôs à ex-prefeita o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de deixar a capital.

Eles são acusados da prática dos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. A defesa nega.