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Ficam o legado e a saudade

Dr. Herbert Sidney Neves relembra a trajetória de amizade, parceria e sucesso com Dr. Osvaldo Ferraz ao longo de 43 anos

Campos
Por Redação
10 de dezembro de 2017 - 0h01

dr-herbert-sidney-neves-foto-silvana-rust-3Por: Girlane Rodrigues/Patricia Barreto

A despedida do Dr. Osvaldo Ferraz Filho, na última segunda-feira (4), além da saudade, fez com que grandes amigos revivessem lembranças sobre a vida e carreira profissional dele que passou pela fundação do Instituto de Medicina Nuclear e Endocrinologia, o Grupo IMNE.

A história detalhada sobre a formação do IMNE, até então desconhecida, foi revelada esta semana pelo diretor-presidente, Dr. Herbert Sidney Neves. O empresário fez uma reflexão sobre a amizade e parceria com Dr. Osvaldo que tinha a mesma formação e especialidade na área de endocrinologia. O cont

ato entre eles durou anos e, segundo sua crença, ainda não terminou.

Tudo começou em 1974, quando os dois se conheceram por intermédio do dermatologista Dr. Luiz Augusto Nunes Teixeira e, com a intenção de montarem um serviço de medicina nuclear em Campos, associaram-se também ao clínico e endocrinologista Dr. Reinaldo Antônio Silva Nunes, ao especialista em Medicina Nuclear, Dr.Geraldo Nogueira de Oliveira, ao pai de Dr. Herbert, Haroldo Neves. Um ano depois do primeiro encontro, estava fundado o Grupo IMNE, em abril de 1975.

“Eu estava retornando de um estágio feito em Johns Hopkins Hospital, em Baltimore, nos Estados Unidos, e naquela ocasião nós tivemos o interesse de montar um serviço de medicina nuclear em Campos. Em termos financeiros da época, o custo era elevado e tivemos que reunir um grupo de pessoas propensas a investir na especialidade”, contou Dr. Herbert.

Foi na casa de Dr. Osvaldo Ferraz, na avenida Alberto Torres, o local da primeira reunião que resultou na sociedade dos médicos. “Ele era altamente capacitado em endocrinologia e uma referência como ex-aluno do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, o IEDE, no Rio, onde eu também me especializei antes de ir para os Estados Unidos”, lembrou.

Os preparativos para a inauguração do Grupo IMNE duraram cerca de um ano e meio. “O Dr. Osvaldo e também o Dr. Luiz Augusto tinham todo um aval moral para o empreendimento. Donos de um conhecimento ímpar, condutas irrepreensíveis, seriedade. Eu tinha referências de Osvaldo por ele ter se especializado com o Dr. Luiz César Póvoa e Dr. José Schermann, que eram dois monstros da endocrinologia em nível nacional”, informou Dr. Herbert.

O Grupo, no entanto, já nasceu com a necessidade de se expandir. Em 1977, o radioterapeuta Dr. Leonardo Miranda entrou para a sociedade do IMNE, quando foi criado o serviço de oncologia.

osvaldo-ferraz-filhoO fim da sociedade

A sociedade, porém, se desfez de fato após 10 anos, em 1985. Dr. Herbert lembrou como aconteceu o processo que resultou no fim da sociedade. Esse processo começou por volta de 1980 terminou com a saída de Dr. Osvaldo,em 1985, mas que não afetou a amizade deles. “ Dr. Luiz Augusto que sempre foi o grande administrador propôs uma reunião e pegou a todos de surpresa quando disse que a nossa sociedade tinha ‘muito cacique para pouco índio’. Ele apresentou o problema e também a forma de como resolver e não houve contestação”, contou Dr. Herbert.

A forma como a sociedade foi encerrada foi considerada por Dr. Herbert como o fato mais pitoresco da história. “O administrador colocou em uma sacola os nomes dos sócios e ficou acordado que o primeiro nome a sair deixaria a sociedade. E assim foi feito. Sorteamos primeiro o Dr. Reinaldo e assim foi. Os três últimos nomes eram o meu, o do meu pai e o de Osvaldo e chegou o dia em que Osvaldo resolveu vender a parte dele. Foi quando ficamos eu e meu pai à frente do Grupo IMNE”, ressaltou.

Vida pessoal

Além do trabalho, o grupo costumava se encontrar. Dr. Herbert concordava com a afirmação de Dr. Osvaldo que se julgava o melhor churrasqueiro de todos os tempos. “A imagem que guardo dele é justamente essa, de quando brincávamos e ríamos o tempo todo em nosso relacionamento. Levarei essa imagem para além da vida e um dia,tenho certeza, iremos nos reencontrar”, comemorou.

sepultamento-do-dr-osvaldo-ferraz-no-cemiterio-do-caju-121Despedida reuniu familiares e amigos

Na semana passada, a sociedade campista se despediu de um dos seus filhos mais ilustres. Osvaldo Ferraz Filho, médico endocrinologista, renomado desde a década de 70, morreu na manhã da última segunda- -feira (4), na própria residência, ao lado da esposa, Diva Ferraz. Há quatro anos ele recebeu o diagnóstico de câncer de intestino e, desde então, lutava bravamente contra a doença. O corpo do Dr. Osvaldo Ferraz Filho foi enterrado terça-feira (5), no cemitério do Caju. Centenas de amigos foram dar adeus ao endocrinologista conceituado em Campos e região. Osvaldo tinha 74 anos.

Ao lado do Dr. Herbert Sidney Neves, Dr. Osvaldo Ferraz foi um dos sócio-fundadores do Grupo IMNE, entre outros médicos. Todos os presentes ao sepultamento foram unânimes em relação à falta que o Dr. Osvaldo vai fazer, tanto na sociedade quanto na Medicina. “Osvaldo era uma pessoa muito boa. Amigo fora de série, de personalidade forte. Porém, um ser humano muito humano. Até na padaria dava ‘consulta’ informal. Foi embora o amigo dos amigos”, lamentou Expedito Coleto, proprietário do restaurante Opção 21.

Dr. Osvaldo tinha hábitos simples, costumava tomar café todas as manhãs em uma padaria no Centro da cidade, onde cultivou novas amizades. Coleto ainda lembrou da confraria composta pelos amigos que frequentavam a padaria Nossa Senhora da Penha, na Avenida Sete de Setembro. “Formamos a confraria em 2012. Com os amigos tomávamos café na padaria do Geraldo todos os dias, de manhã. Ali a gente ria, comentava os principais fatos da cidade, lembrava dos tempos de moleque. Eram uns minutinhos, mas muito valiosos”.

O proprietário da padaria, Geraldo Rangel, falou como serão os cafés da manhã sem Osvaldo. “A morte é a ordem natural da vida. Mas, é estranho ver um amigo partir. Estou aqui ainda sem acreditar que amanhã a confraria terá menos um integrante. E, assim, sucedem os dias. Amanhã outro e outro e outro colega vai embora dessa Terra. Eu só peço forças a Deus para prosseguir”, disse, emocionado. Rangel lembrou que Dr. Osvaldo frequentava a padaria há, pelo menos, 20 anos.

O professor de Direito, Paulo Sanguedo, também foi dar o último adeus ao colega Osvaldo. “Nossa amizade começou ainda no Liceu de Humanidades de Campos. Desde então, só nos separamos quando ele foi estudar Medicina. E, quando voltou para Campos, foi a maior sensação porque todas as mulheres queriam emagrecer – como é ainda hoje – e Osvaldo virou celebridade, uma vez que, se especializou em Endocrinologia. Vai fazer muita falta”, destacou.

Amigo do Dr. Osvaldo Ferraz, o psiquiatra José Carlos Gomes, foi a primeira pessoa, além da família, a ser informada da morte de Osvaldo. “A esposa dele me ligou bem cedo. Ela disse que Osvaldo acordou, conversou com ela e depois morreu. Cheguei lá e estavam todos muito abalados. Eu também fiquei, mas pude dar a atenção que eles mereciam naquele momento”, falou o psiquiatra. Dr. José Carlos lembrou também de momentos importantes que viveu com o Dr. Osvaldo e seus familiares. “Nós estudamos juntos desde o ensino primário e nos formamos com um ano de diferença no curso de Medicina da UFF, em Niterói. Éramos amigos a vida toda. Outro episódio que me lembro é que outro amigo nosso e vizinho dele, na casa de veraneio em Atafona, costumava dizer que eu era a única pessoa de fora da família dele que entrava pela porta da cozinha, de tão chegado que era. Osvaldo era um homem de muitos amigos, eu era um deles”, comemorou.