Segundo conta o estudante, ele cursou primeiro ano da faculdade de Medicina com auxílio de terceiros. No ano seguinte, conquistou a bolsa que equivalia a 100% da mensalidade, no valor de R$ 7.553,11. Mas tudo mudou quando os critérios de seleção para a bolsa de estudos passaram a seguir às regras do ProUni — prioridade das vagas para estudantes de escola pública e particular com bolsa integral ou parcial. Ele, que não se encaixaria nesse perfil e não alcançou a colocação ideal no processo seletivo das bolsas, perdeu o benefício e adquiriu uma dívida de R$ 32 mil referente ao semestre que já foi cursado.
“Estava em aula quando recebi a notícia de que não teria sido contemplado com a bolsa. Me enquadro no perfil de bolsista 100%, pois vivo de uma pensão do meu pai e moro sozinho em apartamento emprestado. O pior é que essa dívida me impede de me rematricular e cursar o primeiro semestre de 2018 e concorrer a bolsa novamente. Quem me conhece, sabe de minha realidade e da situação em que vivo. Tenho sido ajudado por familiares desde que entrei na faculdade e não tenho condições de sanar essa dívida. Tenho um amor imenso pelo curso em que estou e o vejo como a maior oportunidade que já me foi dada na vida. Não consigo ainda acreditar que corro o risco de ser obrigado a parar minha história por falta de dinheiro.”, contou.
Para conseguir sanar a dívida, Miguel fez um apelo no facebook. Ele pede doações de quaisquer quantias para conseguir o dinheiro necessário, se rematricular e concorrer à bolsa no próximo semestre. “Assim como eu, outras pessoas passam por problemas semelhantes e ao se calarem são obrigadas a sair da faculdade”, disse.
Os dados para doação são:
Banco: Caixa Econômica Federal (Conta poupança)
– Ag: 0180
– Op: 013
– Conta: 00066318-4
– CPF: 163.089.797-32
– Nome do titular da conta: Miguel Ribeiro de Almeida
RESPOSTA DA FMC
Sempre respeitando o princípio do contraditório, a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via entrou em contato por e-mail com a assessoria de imprensa da Fundação Benedito Pereira Nunes (FBPN) e questionou sobre o caso do estudante. Em nota, a assessoria respondeu:
“A Fundação Benedito Pereira Nunes, entidade jurídica de direito privado, de domínio público sem fins lucrativos, é mantenedora da Faculdade de Medicina de Campos que, por consequência, é uma instituição privada que destina parte de sua receita a concessão de bolsas de estudo a estudantes carentes mediante processo de seleção transparente que obedece a critérios de avaliação claros e objetivos.
Ocorre que os recursos destinados a concessão de bolsas determinados por lei própria são insuficientes para atender a demanda de alunos carentes, que vem crescendo a cada semestre nos cursos de Medicina e Farmácia da FMC;
O processo de seleção adotado obedecia a critérios de avaliação sócio-econômica do candidato, realizado pelo Serviço Social da instituição, mas, a partir de 2017, a Faculdade de Medicina de Campos passou a adotar os critérios definidos pelo ProUni por julgá-los mais adequados à finalidade pretendida.
No caso específico do aluno Miguel Ribeiro de Almeida, no segundo semestre de 2017, o número de bolsas concedidas foi insuficiente para contemplar a classificação dele, uma vez que, após submeter o total de postulantes aos critérios pré-estabelecidos, o mesmo não figurou dentro do limite máximo de alunos mais carentes contemplados;
Quanto ao débito a Faculdade de Medicina de Campos procura por todos os meios a conciliação entre as partes. Não há financiamento especifico para atender o caso em tela”.