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Com motoristas e cobradores em greve, Turisguá ameaça demitir todos

São quase três salários atrasados. A empresa não prevê pagamento, mas propôs remuneração pelo dia trabalhado a partir desta quarta

Campos
Por Redação
14 de novembro de 2017 - 13h03
foto: Silvana Rust

foto: Silvana Rust

Com metade do salário de agosto, setembro e outubro integrais em atraso, motoristas e cobradores da empresa de transporte coletivo Turisguá, estão em greve desde o dia 9 desse mês. Na manhã desta terça-feira (14), a direção da empresa convocou os funcionários a fim de chegarem a um acordo para que os coletivos voltassem a circular. A proposta apresentada pela empresa não foi aceita pelos rodoviários. Após a reunião, um grupo ainda espalhou a notícia de que todos os funcionários teriam sido demitidos. A informação não foi confirmada pela proprietária Rosimary Araújo.

“Reuni os funcionários no pátio da empresa para apresentar a proposta de pagamento diário. Eles não aceitaram e um deles me ofendeu. Foi demitido por justa causa. A greve deles (motoristas e cobradores) não é reconhecida nem mesmo pelo sindicato da categoria. Caso seguissem a indicação do sindicato, saberiam que a greve é um direito deles. Porém, pelo mesmo 30% da frota precisa circular. Eles não conseguem chegar a um consenso nem entre eles mesmos. Se continuarem a paralisação sem respeitar a lei serão demitidos quantos forem necessários”, ressaltou Rosimary destacando que os funcionários sabem que a empresa não arrecada o suficiente para pagar a folha de pagamento. “Eles sabem que, com o fim do Cartão Cidadão, os passageiros do transporte coletivo são somente os não-pagantes: idosos e estudantes”.

Quanto aos salários atrasados, Rosimary admite que não há previsão de pagamento. “Devo R$ 350 mil aos meu funcionários e tenho R$ 260 mil para receber da Prefeitura de Campos. Se essa dívida fosse paga, eu colocaria em dia a vida dos meus funcionários. No entanto, não há previsão de pagamento por parte da prefeitura. Rafael não nos recebe. Normalmente somos atendidos pelo Felipe Quintanilha (secretário de Finanças) e ouvimos sempre a mesma resposta: a prefeitura não tem condições de pagar. Eu vou fazer o quê? Vender os únicos bens que me restam? Temos essa empresa há 40 anos e não sei sinceramente o que vai acontecer daqui pra frente”, desabafou Rosimary.

paralizacao-da-empresa-onibus-turisgua-silvana-rust-14Um cobrador que teve a identidade preservada declarou que eles (motoristas e cobradores) sabem que a empresa não tem condições de pagar por dia. Além disso, querem a regularização dos pagamentos em atraso para então retomar as atividades. “Os patrões não sabem o que é ter luz e água cortados. Não sabem o que é passar fome. O que é seu filho pedir um biscoito e ter somente o básico dentro de casa porque recebeu como doação da comunidade onde vive. É fácil dizer que não tem como pagar o atrasado e pedir para continuar trabalhando. Somos prestadores de serviço voluntário? Somos não!”, afirmou o cobrador.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campos, Davi Lopes, os funcionários da Turisguá não comunicaram a greve à instituição responsável. Ainda assim, o sindicato compreende a situação da categoria e os aguarda para que a situação possa ser resolvida o quanto antes.

Em nota, a Superintendência de Comunicação da Prefeitura de Campos informou que “conforme acordado em reuniões da Prefeitura junto aos rodoviários, todos os pagamentos referentes à gestão do Prefeito Rafael Diniz, aos consórcios, foram executados. A Prefeitura tem acompanhado de perto todas as questões relativas ao transporte, inclusive já criou uma comissão para discutir a reformulação do sistema de transporte coletivo. Segundo informa o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), durante o tempo em que esteve em vigor o programa de passagem social, foram mais de R$ 300 milhões repassados às empresas de ônibus, sendo cerca de R$ 22,6 milhões só este ano. A única pendência existente refere-se à segunda quinzena do ano passado, ou seja, da gestão anterior, o que não justificaria um atraso de três meses aos funcionários”, finaliza.