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Lagoa de Cima: sobra beleza, falta incentivo

Local foi escolhido para a estreia da série Destino Campos, com reportagens que vão explorar todo o potencial turístico do município

Campos
Por Redação
4 de setembro de 2017 - 0h01
Lagoa de Cima abre a série sobre turismo em Campos de O Jornal Terceira Via (Foto: Leon Junior)

Lagoa de Cima abre a série sobre turismo em Campos de O Jornal Terceira Via (Foto: Leon Junior)

Quem conhece sabe: a lagoa é reduto; trégua da rotina; sinônimo de placidez e repouso. Aos campistas, bastam 30 minutos em uma estrada asfaltada para depararem-se com o cenário da paz: águas calmas, garças brancas a voar com elegância e os pescadores em seus barquinhos coloridos completam a paisagem — única no mundo. Não por acaso, Dom Pedro II, em uma de suas visitas ao norte da província do Rio de Janeiro, apelidou a Lagoa de Cima de “Lago dos Sonhos”. Parece, de fato, um sonho poder desfrutar de um lugar com tamanha beleza sem que seja necessário percorrer mais de 20 quilômetros. Mas trata-se da realidade: Campos tem inúmeros encantos e a Lagoa de Cima é um exemplo disso. Com o intuito de exaltar a formosura da planície goitacá e contribuir para a promoção do turismo no município, O Jornal Terceira Via estreia neste domingo (3) a série Destino Campos e essa foi a primeira região escolhida pela equipe de reportagem.

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“Olha ao redor. Não há uma indústria. Não há prédios. Aqui espira-se oxigênio puro”, convidou o morador João da Cunha Pessanha, que saiu da cidade em busca da calmaria a qual, para ele, somente a lagoa proporciona. Mas não é preciso ser assim tão radical. A proximidade do Centro permite um breve deleite em manhãs de domingo ou tardes de sábado. Seja para sentir o vento no rosto, tomar uma gelada, soltar as crianças na areia, saborear uma manjubinha frita ou, se quiser, tudo isso junto. Lagoa de Cima é destino rápido e certeiro.

(Foto: Silvana Rust)

(Foto: Silvana Rust)

A área também é conhecida pelas inúmeras opções esportivas. Lá, é possível praticar atividades náuticas, como caiaque, vela, windsurf, jet-ski, etc., além de estar tornando-se a rota favorita dos ciclistas e trilheiros.

Pena é que a exuberância, a acessibilidade e a funcionalidade ainda não foram razões suficientes para o desenvolvimento de uma tradição turística na região. Tanto que a falta de infraestrutura na área é citada como o maior desafio dos comerciantes. Roberto Prudêncio é nascido e criado na Lagoa e, há mais de 30 anos sua família comanda um tradicional bar à margem das águas. Segundo ele, o que falta é atenção. “Nem só de beleza natural sobrevive um ponto turístico. É preciso investimento, administração e, primordialmente, planejamento. A verdade é que o turismo em Campos não é profissionalizado”, criticou o comerciante.

Desafios

Entre os desafios apresentados por ele e por outros residentes da localidade, estão a carências de serviços básicos, como um banheiro público limpo; um posto médico com profissionais em prontidão; transporte de qualidade e em quantidade; e o interesse de empresários do ramo da hotelaria. Isso porque, acredite, não há sequer uma pousada em Lagoa de Cima. Aqueles que vão até lá aos fins de semana precisam ter hora marcada para o retorno e prudência em dobro quando estão ao volante. E aqueles que se aventuram pelas águas da Lagoa também estão propensos ao perigo: exceto no verão, não há guardasvidas na área e já foram muitos os casos de afogamento, inclusive com óbito. Não há também fiscalização quanto trata-se dos transportes aquáticos, como os jet-skis. A fotógrafa Silvana Rust, em uma de suas idas à região, já flagrou cenas de risco, como é possível observar em uma das fotografias ao lado.

Foto: Silvana Rust)

Foto: Silvana Rust)

O diretor de Turismo de Campos, Júnior Lucena, garante: essas dificuldades estão próximas de serem superadas. Ele contou à reportagem que o Governo Municipal aguarda a aprovação de emendas parlamentares encaminhas à Câmara de Vereadores para a obtenção de recursos financeiros destinados ao turismo na Lagoa. Entre as principais medidas que devem ser tomadas a partir da concessão está a instalação da sinalização turística, isto é, placas implantadas com o objetivo de melhorar a mobilidade e o deslocamento de pessoas e garantir a eficiência e a segurança. Ele também citou a recente parceria entre a Superintendência de Entretenimento e Lazer, a Fundação Municipal de Esportes e o Yatch Club de Lagoa de Cima. A ideia é fomentar a prática de esportes como natação, bike, stand uppadle e jet-ski a partir de novembro deste ano.

“Temos previstas ainda reformas de algumas pontes que dão acesso à localidade e às cachoeiras situadas ao redor e apoiamos um plano de manejo da Área de Proteção Ambiental, que é um estudo de ordenamento das margens da Lagoa para evitar danos ao meio ambiente e contribuir para a valorização estética do lugar. Quanto à questão hoteleira, a diretoria de Turismo também está em contato com empresários para despertar neles o interesse em criar negócios na região. É importante ressaltar que estamos vivenciando uma crise e que esse cenário não é atrativo para a criação de novos negócios, mas estamos confiantes de que essa fase está caminhando para o fim”, explicou o diretor e presidente do Conselho Municipal de Turismo.

A dentista e adepta do ciclismo Patrícia Perissé destacou a responsabilidade daqueles que vão até a Lagoa em busca de relaxamento para a manutenção e conservação do espaço. De acordo com ela, contribuir para o cuidado do local é um compromisso não só do poder público, mas também da população e dos turistas. “A Lagoa de Cima é um local encantador, democrático e familiar. Além de lindo, também permite que pratiquemos esportes e recarreguemos as baterias. Mas eu, que venho aqui com frequência, sempre vejo lixo, até mesmo nas margens na Lagoa, e nós sabemos que isso se trata de falta de conscientização e responsabilidade com o que é de todos”, ressaltou.

(Foto: Silvana Rust)

(Foto: Silvana Rust)

Outro lado

Contudo, o desenvolvimento do turismo também causa receios em quem considera o bucolismo uma das características fundamentais de Lagoa de Cima. Para João da Cunha Pessanha, todo progresso tem suas consequências. “A gente tira pelo verão… Isso aqui já fica lotado, mesmo sem infraestrutura. Às vezes o trajeto que dura menos de meia hora no inverno a gente faz em quase duas horas, porque a estrada fica repleta de carros. Imagina se houver um investimento mais pesado no turismo… Quem mora aqui na esperança de fugir da bagunça, vai precisar arrumar outro lugar”, afirmou.

O comerciante Roberto Prudêncio não concorda. Para ele, se houver um planejamento, é possível beneficiar não somente os turistas, mas também os moradores. “Infraestrutura é bom para quem visita, mas é melhor ainda para quem mora. Não podemos ser pessimistas. A Lagoa não é só de quem mora por aqui, é de todos”, declarou.

Lagoa de Cima

A Lagoa de Cima tem 15 km² de área, 18 km de circunferência e profundidade média de quatro metros. É formada pelos rios Urubu e Morto, cujas nascentes localizam-se na Área de Proteção Ambiental do Imbé e o escoadouro das águas pelo Rio Ururaí. Situada a 10 km da rodovia federal BR-101, é uma das principais opções turísticas dos campistas e moradores de outros municípios próximos.

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