(Foto: Silvana Rust)
É pesado o nome dado a comunidade da Margem da Linha. Seus moradores – cerca de 400 famílias- estão a margem de quase tudo onde deveriam estar incluídos. A repórter Laila Nunes mostra que a palavra margem neste contexto tem um dublo sentido, porque a favela está a margem de uma área que hoje se desenha como nobre. Muito se fala sobre a Linha do Equador, a Linha da Miséria entre outras linhas que mesmo desenhadas em mãos não seriam decifradas por ciganas. Certo é que a Margem da Linha é uma linha tênue entre ela e a linha da prosperidade.
Tendo hoje no seu entorno o maior Shopping de Campos e condomínios horizontais de alto padrão, além de hotéis, a Margem da Linha se sente marginal diante de todo este quadro. Deveria ser incluída nele e não ocupar essa faixa de exclusão.
O saudoso arcebispo de Recife e Olinda, Dom Helder Câmara que chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz, nos anos 70 tentou provar que é possível ricos e pobres serem bons vizinhos, desde que os pobres não estejam abaixo da linha da miséria. Foi assim que nasceu no Leblon, o bairro mais sofisticado do Rio e do país, a Cruzada São Sebastião, tudo arquitetado pelo religioso. Décadas depois nasceria o sofisticado Shopping do Leblon e Dom Helder mostrou que estava certo.
O shopping foi construído praticamente ao lado da Cruzada e por questão de logística uma expressiva porção de seus moradores, a maioria jovens, foi treinada e hoje trabalha no shopping. Uma experiência vitoriosa.
A favela ou comunidade da Margem da Linha merece um olhar semelhante. Isso começa a preocupar, por exemplo, o Instituto Federal Fluminense (IFF) que tem projeto social para a área. Existem outras favelas em Campos à margem de tudo, mas esse exemplo é clássico e algo tem que ser feito. É preciso colocar o social na linha.
