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Os degraus de Campos estão em alta

Conheça as histórias das escadarias centenárias da cidade

Cultura
Por Redação
1 de agosto de 2017 - 15h12
Escadaria do Museu Histórico de Campos (Foto: Silvana Rust)

Escadaria do Museu Histórico de Campos (Foto: Silvana Rust)

Ainda no tempo do Império, quando os sobrados começaram a se espalhar pelas áreas nobres de Campos, as escadas tinham uma função de mobilidade e de adorno, sendo todas de madeira. O tempo passou e os sobrados deram lugar a edifícios, e, preferencialmente, são usados mais os elevadores.

As escadas tornaram-se mais estreitas e infinitamente mais longas, como corredores de escapes. Muitas dessas escadas dos solares de Campos caíram junto com eles. Mas algumas foram preservadas como são os casos dos prédios onde hoje é o Quartel do Corpo de Bombeiros, o Liceu de Humanidades, a Casa de Cultura Vila Maria, o do Museu de Campos e os hotéis Palace, Amazonas e Gaspar.

Essas escadas não viraram livros, mas  certamente gente que fez história pisou em seus degraus. Não se sabe se os historiadores tropeçaram ou perderam o chão. Não se pode culpá-los, pois seriam somente escadas. Certamente a que tem mais história para contar, e essa já não é de madeira, seria a da Câmara de Vereadores ao tempo em que era o Fórum do Tribunal de Justiça do Estado. Uma escadaria de mármore literalmente de tirar o fôlego de subida com pressa.

Segundo a historiadora Sylvia Paes, as primeiras escadas eram pirâmides. “A escada sempre nos remete a ideia de colocar o homem para perto de Deus. É o lugar onde sempre estavam os tronos dos reis. Esses reis eram escolhidos como representantes de Deus na terra”, explica Sylvia.

Área interna da Casa de Cultura Villa Maria (Foto: Silvana Rust)

Área interna da Casa de Cultura Villa Maria (Foto: Silvana Rust)

Mas são as escadarias de madeira que arrancam suspiros. Parecem entalhadas e quando os pés pisam em cada degrau e as mãos deslizam como corrimão, impossível não imaginar quantos pés passaram por ali, pois todos os solares tem suas próprias histórias, e metaforicamente as escadarias são uma maneira de alcançá-las. Existe uma grande preocupação em conservar cada uma delas.

O hotel Palace, por exemplo, investe na manutenção da sua, pois sabe que assim como as sacadas que dão para o Rio Paraíba do Sul, as escadarias são o seu melhor cartão de visitas. De acordo com o arquiteto, Humberto Chagas, mestre em artes, essas escadas triunfais tinham origens nos solares portugueses. “Além das escadas em madeira, as de pedras, como a do Solar de santo Antônio e do Solar da Baronesa, também são referências de um passado recente”.

Humberto está trabalhando na obra de reforma e restauração de um dos prédios antigos mais bonitos de Campos: Lyra de Apolo. Boa parte das peças originais serão mantidas, segundo ele. Indiscutivelmente as escadarias de madeira estão em alta. Réplicas delas já ligam andares de casas modernas em condomínios de luxo da cidade, mesclando os tempos. No tempo do poder, subir as escadarias das sedes do governo era o que muitos sonhavam. Passos de estadistas. Foi assim com todos que subiram as escadarias do Palácio do Catete, moradia oficial dos Presidentes da República, quando a capital era no Rio de Janeiro.

Os degraus do tempo voam, e o Palácio em Brasília ganhou uma rampa. Mas as escadarias continuam sendo contempladas mesmo em tempo de elevadores panorâmicos.

Palácio Nilo Peçanha, que abriga a Câmara Municipal (Foto: Silvana Rust)

Palácio Nilo Peçanha, que abriga a Câmara Municipal (Foto: Silvana Rust)