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Diabetes na infância: disciplina para um futuro saudável

Médica esclarece que crianças e adolescentes podem levar uma vida normal com a doença

Saúde
Por Redação
11 de julho de 2017 - 12h44

Se o seu filho emagreceu muito rápido, está bebendo muita água e indo diversas vezes ao banheiro, fique atento. Estes são sintomas do diabetes, uma doença muito comum em adultos, mas que tem aumentado o número de casos também na infância e na adolescência. Cerca de 10 milhões de brasileiros são diabéticos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), e metade desta parcela desconhece essa condição.  O diagnóstico pode assustar, já que não existe cura para este problema, porém, o cuidado e a disciplina no tratamento são sinônimos de um futuro saudável e sem complicações.

A médica Natanielle Batista (Foto: Silvana Rust)

A médica Natanielle Batista (Foto: Silvana Rust)

A endocrinologista pediatra, Natanielle Batista, explica que existem dois tipos de diabetes, mas que na infância e na adolescência, prevalece o primeiro. Nestes casos, o paciente precisa fazer a aplicação de insulina várias vezes ao dia.

“No diabetes tipo um, o pâncreas para de produzir insulina, então a criança vai precisar dessa insulina em todas as refeições. Diferente do diabetes tipo dois, que o órgão tem dificuldade de atuar, mas o paciente produz insulina e nem sempre precisa de muita reposição e medicamento oral. A fisiopatologia é diferente. Após a percepção dos pais de que algo está errado no comportamento do filho, o pediatra geral já consegue detectar o problema e solicita o exame de glicemia. A maioria dos pacientes que eu recebo já tem o diagnóstico do diabetes e aí começamos o tratamento. Trata-se de uma doença autoimune e que geralmente não tem um histórico de diversos casos na família. É diferente de quando os familiares tem o diabetes tipo dois e a criança acaba evoluindo para este tipo”, ressalta.

Segundo a especialista, o tratamento vai consistir em uma disciplina diária de alimentação, com uma dieta balanceada preparada por um nutricionista, em que o paciente terá que fazer a contagem de carboidratos. Além disso, a criança ou o adolescente deve fazer atividade física regularmente, medir a glicemia e aplicar a insulina de 4 a 5 vezes por dia, dependendo da indicação. O cálculo da insulina é feito de acordo com o peso do indivíduo.

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“O carboidrato é degradado pela insulina. A criança mede a glicemia, faz a refeição e aplica a insulina. Nosso pâncreas libera insulina em uma dose basal. Quando comemos, o órgão produz uma alta quantidade de insulina para degradar aquele alimento daquele horário. No tratamento, a gente tenta imitar esse processo. O paciente tem que utilizar duas insulinas: uma de longa duração, que vai ficar atuando no organismo ao longo das 24 horas do dia, e a outra que é chamada que é exatamente quando a criança come, por isso que ela tem que medir a glicemia em todas as refeições, verificar o resultado para saber quanto ela vai ter que aplicar de insulina, que pode ser feita com a seringa ou com a caneta própria para essa aplicação”, esclarece, observando que o início da doença é marcado pela fase chamada de “lua de mel”, quando o pâncreas ainda produz uma pequena quantidade de insulina, logo o controle do diabetes nesse período costuma ser melhor. Este período dura no máximo dois anos. Zerando a produção, os pacientes começam a ter uma necessidade de uma quantidade maior de insulina.

Alimentação

Ao contrário do que se imagina a vida social de uma criança ou um adolescente diabético é igual ao de qualquer outro, principalmente na alimentação, que permanece a mesma. A endocrinologista pediatra diz que o que vai diferenciar é a medição de glicemia e a aplicação de insulina.

“A criança tem que comer de 3 em 3 horas. Não pode beliscar, porque se fizer isso não ter insulina para degradar aquele alimento. Ela não é privada de comer e fazer nada. Ela pode comer brigadeiro, bolo e pizza, só que tem que saber fazer isso dentro da dieta feita para ela. Vale lembrar, que assim como as outras crianças, esses alimentos não devem ser ingeridos todos os dias”, recomenda Natanielle.

Complicações

As crianças e adolescentes diabéticos acabam se tornando dependentes dos pais, pela disciplina que o tratamento da doença requer. A hipoglicemia, pouca quantidade açúcar no sangue, é o sintoma que mais assusta. A criança pode ter sudorese, tremor, tonteira, desmaio, crise convulsiva e até entrar em coma. Mas, a médica afirma que existem maneiras para fazer a reposição rápida da glicemia.

“Não existe cura para o diabetes, mas temos o controle. Se o paciente não seguir as orientações, ele pode ter no futuro problemas renais, cegueira, ter que fazer amputações, sofrer infarto agudo do miocárdio ou um acidente vascular cerebral (AVC). É o meu papel explicar para os pais que se não fizer o tratamento corretamente, lá na frente as complicações vão aparecer. É preciso ter acompanhamento para fazer os ajustes nas doses de insulina. O médico vai solicitar exames de sangue periodicamente e outros para avaliar a função renal e a visão. É difícil, mas tem que ter disciplina, porque em casos mais graves de negligência do tratamento ou de infecção, há a descompensação do quadro de diabetes e o paciente recebe insulina na veia.”, revela.

Avanço no tratamento

Atualmente, com o avanço da tecnologia é possível encontrar meios que facilitam o tratamento do diabetes. Existe a bomba de insulina, que pode ser chamada de pâncreas externo, um aparelho que fica ligado por uma cânula inserida no abdômen, que faz a liberação continua de insulina. Já o free style é um dispositivo, geralmente inserido no braço, que ao invés de furar o dedo, há a leitura por um sensor. É a medida da glicemia pelo líquido sinovial.

“O tratamento deve ser feito sempre com supervisão. O diagnostico assusta, mas eu dou todo o apoio. Trata-se de doença muito séria, que traz complicações se não for tratada, mas que é possível ter uma vida saúde com diabetes”, finaliza a especialista.