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Sede histórica da Lira de Apolo começa a ser reerguida após o incêndio

O modelo a ser seguido deve ser fiel ao original que começou a ser construído em 1912

Cultura
Por Thiago Gomes
30 de junho de 2017 - 14h59

De tijolo em tijolo, a Sociedade Musical Lira de Apolo tenta reconstruir sua sede — um prédio histórico, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Inepac), que foi seriamente avariado por um incêndio ocorrido em 19 de novembro 1990.

A obrigatoriedade de refazer o imóvel exatamente do jeito que ele era, é um complicador a mais, já que tem encarecido a obra, que começou ainda em 2012. O maestro regente e presidente da Lira de Apolo, Ricardo de Azevedo, conta que os recursos para a reconstrução do prédio vêm somente de dois aluguéis que a entidade possui no Centro Histórico de Campos. Por isso, a obra não tem previsão de terminar.

Só a reconstrução do assoalho ficou por R$ 30 mil. “Este é um prédio histórico, tombado, e, por isso, não podemos empregar qualquer tipo de material em sua reconstrução. Temos que seguir fielmente o modelo original. O telhado, por exemplo, era de telha francesa. Tivemos que mandar fabricá-las, pois não a encontramos mais no mercado. As construções atuais são feitas de telha colonial. Compramos mais de três mil telhas francesas”, esclareceu.

O imóvel tem duas torres e uma acabou de ser concluída. No entanto, ainda falta uma lira de metal que ficava em seu topo. “Precisaremos trazer um profissional de Belo Horizonte para fazer o orçamento, pois não encontramos quem fizesse esse trabalho tão específico aqui na região”, comentou. O próximo passo será refazer a escadaria, cuja madeira veio da cidade de Santarém, no estado do Pará. “Demorou, mas o material já está conosco. Se Deus quiser, depois do dia 30 começaremos a reconstrução da escada”, comemorou o maestro.

Ricardo Azevedo - Pres. Soc. Lira de Apolo (Foto: Silvana Rust )

Ricardo Azevedo – Pres. Soc. Lira de Apolo (Foto: Silvana Rust )

A Sociedade já conseguiu concluir o telhado, a estrutura metálica do prédio, a laje, o assoalho e uma das torres. No entanto, segundo Ricardo ainda há muito que colocar no lugar. “Como sobrevivemos de dois alugueis, nós juntamos o dinheiro e contratamos parte da obra. De pouco a pouco vamos reconstruir esse patrimônio de nossa cidade”, garantiu.

O projeto de restauração tem à frente o arquiteto Humberto das Chagas Neto e conta com a parceria do curso de Arquitetura do Instituto Federal Fluminense. “Eles têm sido nossos parceiros”, disse o maestro.

Doações 

Contribuições podem ser feitas em nome da Sociedade Musical Lira de Apolo pelas seguintes contas correntes: Banco Itaú – agência 0463, conta 20.944-5; e Caixa Econômica Federal – agência 3239, conta 940-0.

História da Lira de Apolo

A Sociedade Musical Lira de Apolo foi fundada em 19 de maio de 1870. Mas o prédio histórico começou a ser construído em 1912, com a contribuição de seus associados e da população campista. De características ecléticas, o imóvel revela em seus adornos o amor e a paixão de seus associados pela música. Os trilhos de trem usados como ferragens nas construções foram trazidos da Estrada de Ferro Leopoldina.

As pedras para o alicerce foram carregadas do Rio Paraíba do Sul às escondidas da polícia. A inauguração festiva aconteceu em 1914, quando a Lira de Apolo entregou à cidade a construção que hoje faz parte de seu patrimônio. Para manter o quadro de músicos, a Sociedade oferece aulas gratuitas de instrumentos de sopro e percussão. “As aulas são abertas a qualquer um com vontade de aprender e paixão por música e acontecem no próprio prédio, de segunda a sexta, das 16h às 19h, e nas quartas, sextas e sábados, das 9h às 12h”, finalizou Ricardo de Azevedo.