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Para o Corpo de Bombeiros, uma missão nunca é impossível

A rotina dos Bombeiros que, para muitos, são verdadeiros anjos da guarda

Campos
Por Redação
25 de junho de 2017 - 0h01
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(Foto: Silvana Rust)

Imagina um indivíduo capaz de combater incêndios; resgatar afogados; escalar pedras e montanhas; remover vítimas de acidentes automobilísticos das ferragens e transportá-los aos hospitais; socorrer agredidos, bebês engasgados; cortar árvores que possam representar perigo; retirar gatos de alturas, cavalos de bueiros, morcegos do forro das casas, abelhas de postes… Ao contrário do que parece, essas não são atividades restritas aos super-heróis com seus superpoderes. Homens e mulheres comuns e desarmados dedicam-se diariamente a tarefas perigosas a troco de um baixo salário, mas também um reconhecimento sem tamanho: eles são bombeiros.

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“Se eu chegar a determinado lugar e disser que sou bombeiro, as pessoas ao redor sentem-se aliviadas. Dá para ver no rosto delas a tranquilidade de estarem próximas a um profissional que sabe o que fazer em situações de perigo”, afirmou Joesil Peres Faria, também conhecido como capitão Peres. Ele foi o Oficial do Dia ou Comandante de Socorro da última quinta-feira (22) no quartel do 5o Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) de Campos e a equipe de reportagem do Jornal Terceira Via o acompanhou durante toda a manhã para contar aos leitores como é o dia-a-dia desses heróis assalariados.

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(Foto: Silvana Rust)

Das 8h, quando ocorreu a passagem de serviço e a bandeira do Brasil foi hasteada — como acontece todos os dias, religiosamente — até às 11h, o capitão Peres atendeu a cinco ocorrências, sendo quatro acidentes de trânsito e um corte de árvore. Ao retornar ao quartel, foi recebido por um coro que repetia a expressão “pé frio”: é assim que os oficiais são apelidados quando o dia está cheio. Mas a verdade é quesão muitos os envolvidos, desde o chamado até o socorro.

Tudo começa na Sala de Operações. É lá que ficam os telefones de emergência (193) e os rádios de comunicação com as viaturas em serviço. Os bombeiros que atuam ali são os responsáveis por receberem as ocorrências e obterem o maior número de informações possíveis sobre o fato, a fim de facilitar o trabalho daqueles que vão para a rua após o toque da campainha no pátio. Durante o socorro, a Sala de Operações é o coração do quartel. Assim como o órgão bombeia o sangue, aquele que está dentro da sala repassa, simultaneamente, os dados dos informantes aos colegas nas viaturas. Nesse momento é preciso que todos ajam em uníssono e com agilidade para que o tempo-resposta dos chamados seja mínimo. Mas empecilhos acontecem, seja por causa do trânsito ou pela amplitude da área de cobertura do 5o GBM. O Grupamento atende os municípios de Campos, São João da Barra, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, Cardoso Moreira e Cambuci, com apenas três destacamentos que subdividem o serviço. Ou seja, são dezenas de quilômetros que precisam ser percorridos rapidamente a custo de vidas. Na quinta-feira (22), por exemplo, os bombeiros de Campos tiveram que resgatar três vítimas de uma colisão que ocorreu na BR-101, na entrada da localidade de Ibitioca, e levaram cerca de 20 minutos do Centro de Campos, onde está situado o quartel, até o local do acidente. “Embora aparentamos ter o controle, nessas horas é que percebemos quão frágeis nós somos.

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Diante do correr do tempo, só nos resta rezar para que as vítimas resistam até a nossa chegada”, declarou o oficial do dia.

Durante o socorro, cada bombeiro tem a sua função pré-determinada. Em casos de acidente, por exemplo, um é o responsável por desencarcerar as vítimas das ferragens; outro por coloca-las nas ambulâncias, outro por prestar os primeiros atendimentos médicos, etc. Ninguém procrastina ou posterga serviço quando vidas estão em jogo e, dependendo das ações, as especialidades não são critério de desempate. Os guarda-vidas viram motoristas de viaturas; os escaladores agem como cortadores de árvore; e os oficiais do dia atuam como psicólogos junto às famílias das vítimas. E, nessas horas, não há credo, cor ou poder aquisitivo que diferencie o tratamento recebido pelos bombeiros: para eles, todo mundo é gente.

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(Foto: Silvana Rust)


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Passada a correria, é o momento do cérebro da corporação agir. O órgão mais importante fica no Setor Operacional, onde estão registrados os detalhes das ocorrências e as estatísticas, onde acontece o controle dos equipamentos e das viaturas, treinamento das equipes, entre outras atividades logísticas imprescindíveis para o funcionamento do quartel. Esses dados e funções são armazenados, contabilizados e posteriormente encaminhados ao Comando de Bombeiro de Área IV, órgão subordinado diretamente ao Comando Geral do CBMERJ, que coordena e fiscaliza os grupamentos da região Norte e Noroeste Fluminense.

Um dos responsáveis pelo Setor Operacional do 5o GBM é o Roberto Henrique de Souza Júnior, o subtenente Júnior, que está há 27 anos no Corpo de Bombeiros. Ele se declara um apaixonado pela profissão e lembra com carinho de quando estava no jardim de infância e fez uma visita escolar ao quartel de Campos. “É engraçado porque eu tenho uma nítida lembrança desse dia. Eu, menino, caminhando pelo quartel, observando cada detalhe com os olhos atentos e brilhando. Foi mágico. Eu fui mais uma criança que sonhava em ser bombeiro quando crescesse e hoje me sinto realizado ao perceber que vivo o meu sonho”, afirmou.

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Quem vê esses bombeiros atuando com tanta paixão, não se dá conta de que eles recebem alguns dos mais baixos salários do setor público — aproximadamente R$ 2.500 — e, ultimamente, ainda são submetidos a atrasos e cortes de verbas. De acordo com o subtenente Júnior, há meses que não há data certa para os vencimentos caírem nas contas e o décimo terceiro referente ao ano de 2016 ainda não foi visto. O efetivo também diminuiu, bem como o recebimento de equipamentos e insumos. Mas, quando o socorro é acionado, problemas como esses descritos acima ficam da porta para dentro.

“São vidas que estão lá fora à espera do nosso trabalho e não podemos negligenciá-las. É nossa obrigação atendê-los, não somente como profissionais assalariados, mas como cidadãos capacitados para tal. Ainda que o salário demore a chegar a conta, nós não admitidos demora para chegar às ruas, concluiu.