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Saiba como a fé pode ajudar no tratamento contra o câncer

Em busca de resultados, especialistas agregam a espiritualidade e a religiosidade do paciente ao tratamento contra doenças

Saúde
Por Redação
19 de junho de 2017 - 18h15

order Antabuse dr-daniel-silvana-rust-22O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Trata-se de um conjunto de mais de 100 doenças com o crescimento desordenado de células agressivas que invadem os tecidos e órgãos e podem se espalhar para outras regiões do corpo. Por causa da rápida expansão, há a formação de tumores malignos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano 8,2 milhões de pessoas morrem devido ao câncer e outros 32 milhões de pacientes convivem com ele. O tratamento dessas doenças é complexo e exaustivo e as chances de cura variam de acordo com o caso. Porém, há algo ao qual muitos indivíduos se sustentam ao descobrir que estão com câncer: a fé.

Nessas horas, todo e qualquer apoio espiritual pode fazer a diferença. O oncologista, Daniel Matsuda, explica que além de ter a necessidade de tratar a doença ainda existem outras questões que envolvem o cuidado: a psicológica, a espiritual, a parte do humor e os medos do paciente, mas já existem estudos mostrando que há um impacto positivo na qualidade de vida de indivíduos que têm uma espiritualidade e que estão abertos para falar desse assunto com médico.

O câncer ainda causa um impacto social na família, além de conflitos físicos e econômicos. É uma doença agressiva e em boa parte das vezes, os pacientes já estão em uma fase incurável. “A maioria das pessoas chega com dois tipos de sentimento: ansiedade e uma tendência à depressão, por conta do impacto que a notícia causa. A nossa função é entender quais são as demandas do paciente, porque existem diversos tipos de comportamento. Esses estudos, a maioria deles feitos nos Estados Unidos, avaliam que o conceito de fé se encaixa em duas partes: a religiosidade e a espiritualidade. A primeira está dentro da segunda. A pessoa que é espiritual, ela pode ser ou não religiosa e vice-versa. Já a espiritualidade, que é algo individual, tem muito a ver com a questão de transcendência, a visão que pessoa tem do mundo, do significado da vida e morte, do papel dela no mundo e o seu sentido. Isso pode ser ou não baseado em alguma religião, que é uma prática de crença em que a pessoa tem baseada em alguma comunidade. No caso do tratamento de doenças complexas, como o câncer, essa abordagem é chamada de cuidado espiritual”, ressalta.

Cuidado espiritual

No cuidado espiritual, é preciso que o tratamento seja centralizado no paciente. Segundo o especialista, nesses casos a relação médico-paciente deve ser bem estabelecida, além de haver confiança entre ambos. Os resultados aparecem em forma de dedicação, bom humor, além de sensações físicas atenuadas. “A fé e a religião podem ter um impacto positivo. A pessoa passa a ter esperança, a querer superar as dificuldades e se dedicar. Ela tolera melhor o tratamento e se compromete mais. Há uma mudança de humor e de estado de espírito. O paciente tem esperança e capacidade de entender e conversar sobre questões mais críticas e isso está relacionado com a qualidade vida. Ele se relaciona melhor com a família e a equipe médica.

Há uma tendência de ser uma pessoa tranquila, menos questionadora e revoltada”, acrescenta. O oncologista afirma que esse processo é construído a partir das necessidades do paciente. O médico vai orientar o tratamento, analisando o caso e oferecendo o ideal àquele indivíduo. Mas, essa qualidade de vida vai depender muito de questões particulares de cada pessoa.

O lado espiritual e o orgânico devem estar juntos, mas a dificuldade é haver uma abertura, que não costuma acontecer, devido à separação já estabelecida entre espiritualidade e medicina. “Existem casos que doenças metastáticas que são curadas, mas não são comuns. Quando o paciente tem fé, mas enfrenta a doença como um castigo, geralmente o tratamento é mais complicado. Enquanto isso, existem pessoas que tratam o câncer de forma equilibrada. Alguns não gostam de falar sobre o assunto, dizem que não acreditam, mas outros que estão mais abertos. Cada um tem uma forma de lidar com o problema, por isso a gente sempre tem que lembrar da palavra respeito e em segundo lugar, bom senso e sensibilidade”, diz.

Tânia venceu a doença (Foto: Silvana Rust)

Tânia venceu a doença (Foto: Silvana Rust)

“Acreditar confiando”

Em 2011, a aposentada Tania Gomes Pereira Moreira, de 67 anos, descobriu que tinha um mixoma no átrio esquerdo, um tumor dentro do coração. Ela conta que em nenhum momento desanimou e que acreditava na possibilidade de cura, mesmo sendo remota. “Eu leio muito e já tinha visto algo relacionado àqueles pacientes que tem algum tipo de amparo espiritual. Eles suportavam melhor aquele momento difícil, crendo que nada é definitivo e que podem melhorar de alguma forma. O meu tumor tinha 7 centímetros e os médicos disseram que não tinham visto algo parecido, de alguém sobreviver depois de uma cirurgia daquelas, mas eu tive e até hoje tenho um amparo espiritual. Depois da intervenção cirúrgica, eu nunca mais senti nada”, comenta. Dona Tania acredita que as pessoas colhem tudo aquilo que plantam e que o apoio dos médicos também foi importante para mantê-la tranquila. “Eu só não quis avisar a toda minha família, só os meus filhos sabiam do tumor. Meu receio de acontecer algo comigo era somente por causa dos meus netos, porque eu acho que eles ainda precisam de mim. Ainda sim, eu confiava que ia dar certo e o pensamento positivo é um grande aliado para a gente reestabelecer a cura. Acreditar confiando. A gente tem que acreditar que não estamos sós e que a fé muda a nossa vida”, finaliza.

Recomeço

Em Campos, o projeto Recomeço, do grupo IMNE, desde 2012 apoia pacientes com câncer de mama, oferecendo orientações em um ambiente mais agradável para o diálogo e a troca de experiências, com o objetivo principal de melhorar a autoestima dessas pessoas, trazendo benefícios ainda maiores para o tratamento da doença. Os encontros são semanais com reflexões, autoconhecimento, aconselhamento emocional, resgate da vontade de viver, reinserindo as pacientes no meio social. Coordenado pela psicóloga Ludmila Lang, o grupo Recomeço propicia acolhimento, confiança e respeito com a paciente oncológica através da troca de experiências e do compartilhamento de emoções e vivências