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A Petrobras sangrando

Crise na maior empresa do país provoca efeitos colaterais nas economias do estado e municípios produtores

Economia
Por Redação
11 de junho de 2017 - 0h01
As plataformas da Bacia de Campos estabilizaram a produção e falta investimento para perfuração de novos poços, sendo que ao mesmo tempo o pré-sal não está produzindo como o esperado. (Foto: Divulgação)

As plataformas da Bacia de Campos estabilizaram a produção e falta investimento para perfuração de novos poços, sendo que ao mesmo tempo o pré-sal não está produzindo como o esperado. (Foto: Divulgação)

POR GIRLANE RODRIGUES E acquire nolvadex LAILA NUNES buy lioresal

Crescimento, liderança, dívidas e corrupção. À primeira vista estas quatro palavras não se combinam, mas elas fazem parte da história de uma empresa que ocupou a 28ª posição entre as empresas de maior receita no mundo e também já foi considerada a quarta maior empresa do continente americano. Tudo isso pode ser incluído na trajetória de vitórias e crises da Petrobras.

A Petrobras foi instituída em 03 de outubro de 1953 e durante décadas foi vista como uma empresa de orgulho para a maioria dos brasileiros, sendo a pioneira na exploração de petróleo e que atualmente opera em 25 países, mas no ano de 2013 a fama da empresa começou a ganhar novos adjetivos no mundo econômico, pois já era a empresa mais endividada do mundo.

A Bacia de Campos atingiu o pico de produção em fevereiro de 2012. Com 75 plataformas e 561 poços em produção, a empresa garantiu 1.882 milhões de barris por dia. Em abril de 2017, no entanto, em meio à crise, a produção alcançou 1.354 milhões de barris por dia, operando 843 poços, 272 a mais que no auge e 51 plataformas. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Já a produção nacional de petróleo totalizou 2.539 milhões de barris por dia.

O engenheiro e pesquisador Roberto  Moraes explica que os poços estão maduros e isso significa que ele já atingiu o pico de produção e atualmente a exploração torna-se mais cara e requer mais investimentos. Para evitar novos prejuízos, as empresas, como a Petrobras, estão preferindo explorar os campos do pré-sal, que estão localizadas nas Bacias de Santos e Campos, onde o petróleo é retirado do mar com investimentos menores, já que os poços são novos.

No pré-sal, a Bacia de Campos rendeu 233.107,35 mil barris de petróleo por dia e 7.449 milhões de metros cúbicos por dia de gás, enquanto na Bacia de Santos a produção é maior: 966.361,85 mil barris de petróleo por dia e 38.153,53 milhões de metros cúbicos por dia de gás.

Com grande área de extensão, a Bacia de Campos se estende do município de Vitória (ES) até o município de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, passando por Macaé. Segundo a Petrobras, o primeiro campo com volume comercial descoberto foi o Garoupa, em 1974. No ano seguinte foi o Campo Namorado e em 1976, o Enchova.

No campo Albacora, a plataforma P-50 é a unidade flutuante de maior capacidade, podendo produzir até 180 mil barris diários de petróleo.

A análise que Roberto Moraes faz sobre o petróleo identifica a indústria como um ciclo petroeconômico que ora está no auge ora em colapso. “O momento atual é de colapso, sem dúvida, desde 2014, gerado pelo preço do barril do petróleo no mercado exterior que afetou todas as empresas petrolíferas mundiais, como a Esso, Shell, Chevron e a Petrobras. Esta sofreu mais impactos ainda devido às fraudes apuradas na Operação Lava Jato”, concluiu. Para Moraes, a Petrobras está sendo fatiada “o que eu chamo de desmonte, pois a empresa explora, produz, exporta, refina e distribui. Ou seja, a Petrobras atua do poço ao posto e se a venda de partes dela realmente acontecer haverá conseqüências no futuro. A empresa terá menos capacidade de investimento e reduzirá a cadeia produtiva”, projetou.

Se a produção de petróleo diminuiu e os investimentos também, necessariamente, essa baixa atinge as cidades que vivem da economia do petróleo, como Macaé e também as cidades que vivem da economia dos royalties do petróleo, como Campos.

De acordo com Roberto Moraes — que pesquisa o assunto há sete anos — Campos chegou a receber um milhão e meio de reais por ano dos royalties do petróleo. Desde de 2014, vem recebendo cerca de 500 milhões por ano e a projeção é de que nos próximos 10 anos receba somente 10% disso, ou seja, 50 milhões por ano. “A receita dos royalties sempre foi temporária. Era necessário ter feito um investimento com esse dinheiro, mas não foi feito. Os recursos foram mal usados”.

O impacto negativo acontece também com os empregos. Responsável por 20 empresas, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindpetro) admite um aumento no número de demissões em algumas categorias.

Segundo o coordenador geral do sindicato, Marcos Frederico Breda, um dos maiores motivos para este aumento foi à queda na produção de petróleo e a Operação Lava Jato. “Hoje temos cerca de 11 mil funcionários filiados e não estamos entre as categorias com muito números de demissões, como foi o caso das categorias de médicos e de áreas administrativas. Estes funcionários não têm participação na categoria de petróleo, mas sim na indústria petrolífera”, explicou o coordenador ressaltando que o Sindipetro apóia estas categorias e tenta auxiliar em suas reivindicações”, concluiu.

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Em 2014, a Petrobras teve um prejuízo de mais de 21 milhões causado pela corrupção na Operação Lava Jato. No ano seguinte, os números relacionados ao prejuízo já ultrapassavam os 34 milhões.

A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro e entre as pessoas indiciadas estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Já presidentes e diretores de construtoras como OAS, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão foram presos.

Estatísticas divulgadas pela empresa revelam que no ano passado, a produção de óleo e gás operada no pré-sal chegou a 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, um aumento de 45% em relação a dezembro de 2015.

Para um funcionário da Petrobras que serviu à empresa por mais de 35 anos e recentemente teve a aposentadoria aprovada, a empresa é um patrimônio nacional, mas a corrupção na empresa é inadmissível.

“A Petrobras é uma empresa da qual me orgulho muito de ter feito parte e que ajudei a construir, até minha aposentadoria recente, com mais de 35 anos de trabalho. Vivi muitas experiências, a vida offshore não é fácil, a exposição aos riscos são diários nas plataformas marítimas. Uma vida dura, onde o que mais dói é o confinamento e o abrir mão do convívio familiar”, disse o funcionário, que prefere não se identificar.

Com relação aos casos de corrupção, o aposentado mostrou decepção. “Vejo que a Petrobras é de uma importância enorme para o país, uma das maiores empresas do mundo, que tem como foco hoje não só o petróleo, mas o mercado energético como um todo. Não pode a Petrobras, independente do governo, ficar vulneráveis as falcatruas como estamos vendo, onde, milhões foram desviados para os bolsos dos políticos, lesando o Brasil e o povo Brasileiro. A gestão tem que ser técnica e não política, com autonomia, buscando o melhor retorno para empresa e consequentemente para o Brasil. Hoje não estou mais na ativa, mas vou levar para sempre a Petrobras no meu coração.”, finalizou.