×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Casa Irmãos da Solidariedade: amor que sobrevive sobre tudo

Casa de apoio aos pacientes portadores de HIV/Aids completa 29 anos de funcionamento

Geral
Por Redação
22 de maio de 2017 - 1h00

POR TAYSA ASSIS

Alexandre é um dos assistidos pela casa mantida por Fátima Castro (Foto: Silvana Rust)

Alexandre é um dos assistidos pela casa mantida por Fátima Castro (Foto: Silvana Rust)

A Associação Irmãos da Solidariedade completa no mês de julho 29 anos de existência, dignidade e comprometimento. A Casa acolhe, assiste e defende os pacientes portadores de HIV / Aids. Com a tarefa diária de respeito e dedicação de forma integral, a Associação funciona 24 horas por dia, de segunda a segunda e hoje contabiliza 42 moradores. Fora os mais de 120 assistidos que frequentam o local. Porém, essa história é mais bonita do que podemos imaginar. Não é somente uma Instituição. É referência na cidade e já se consolidou como um verdadeiro lar de amor.

Os primeiros casos de Aids no país surgiram em 1980. A doença, que ataca o sistema imunológico das pessoas, se tornou um problema letal que levava à morte em poucos anos ou até mesmo meses. Nos anos de 1988/89 nascia em Campos uma possível casa de referência a esses portadores de HIV/ Aids. Tudo começou quando Fátima Castro, assistente social, com quatro filhos, recebia em sua residência uma mulher. Ela não tinha vícios, era casada e mãe de seis filhos. A família foi contra. Mas não teve outro jeito a não ser acolhê-la. Nesse momento começou a se desenhar uma nova história sobre o acolhimento ao paciente de Aids em Campos. Durante dois anos a mulher teve várias infecções e o médico Dr. Paulo Gustavo constatou o HIV. Ela morreu em junho de 1990. Triste com a situação, Fátima alugou uma casa no bairro Nova Brasília. O proprietário do imóvel, descobriu que os inquilinos tinham Aids, pediu o imóvel e ateou fogo.

Outra casa foi alugada. Desta vez, no Jardim Carioca. Na Rua Santo Antônio, 44. O lugar se tornou sede definitiva da associação. No entanto, mais uma vez, Fátima teve problemas com os vizinhos, que não aceitavam os moradores soropositivos. Para entender as nuances do HIV, Fátima Castro foi à capital falar com o sociólogo Herbert Souza (Betinho) que contraiu a doença em uma transfusão de sangue contaminado. Esse encontro abriu ainda mais a mente de Fátima para que ela continuasse seguindo o caminho do acolhimento a esses portadores. Em 1992, a Associação Irmãos da Solidariedade passa a existir juridicamente com o apoio do prefeito da época Sérgio Mendes, a quem Fátima é grata eternamente.

order dopoxetine

“Compromisso e dignidade. Essas são as palavras que mais gosto de usar. Enquanto elas estiverem na minha vida a Associação Irmãos da Solidariedade nunca irá morrer. Agradeço a todos que passaram pelo meu caminho. Aos amigos que me ajudaram a erguer esta instituição e, principalmente, ao Sérgio Mendes, que me deu as mãos naquele momento e teve a sensibilidade de olhar para esta doença”, conta Fátima Castro.

generic Lasix

A instituição é uma organização não governamental, sem fins lucrativos de pacientes portadores do HIV / Aids que perderam a referência familiar, ou que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Com o passar dos anos, várias mudanças ocorreram no espaço físico da entidade. Hoje, a Casa trabalha com uma equipe multidisciplinar com 65 profissionais. São oferecidos ambulatórios, enfermagem, sala médica e de psiquiatria, serviço social, fisioterapia, farmácia, consultório odontológico, sala de coordenação, nutrição, cozinha, despensa, banheiros, quartos, refeitório, lavanderia, sala de artesanato e sala de terapia ocupacional, salão de beleza, sala de oração e um Disk-AIDS onde as pessoas podem ligar para receber informações sobre a doença. Com toda essa estrutura a Associação se mantém com uma verba de quarenta mil reais da Prefeitura de Campos e também com um valor de vinte e um mil, vindos do Ministério da Saúde. Fora isso, conta com o apoio da sociedade civil, com o carnê solidário e com a ajuda de parceiros.

Fátima Castro, presidente da Associação, tem muito orgulho da sua trajetória e diz que mesmo com sacrifícios, que não são poucos, dignidade não pode faltar. Na sua história nunca aceitou convite político e tem orgulho disso.

buy nolvadex online

“Eu quero deixar uma história bonita, não há coisa mais bacana do que deixar para seus filhos e netos. A herança que deixo para eles é o respeito pelas pessoas. A população campista e o país ainda não aprenderam a doar. Sou kardecista. Acredito que essa mulher, que bateu na minha porta, não foi por acaso. Estou a quase trinta anos com o trabalho a portadores de HIV/ Aids e me orgulho demais. No começo foi tudo muito difícil, não sabia nada e não sei ainda. Estou aqui nesta vida para o aprendizado. Sofri muito e minha família também com tanto preconceito, mas hoje olho para trás e não me arrependo de nada. No início eu não tinha nada para oferecer aos meus pacientes. Hoje, tenho uma grande estrutura física e de medicamentos para essas pessoas. Eu ajudo e vejo como isso é fascinante”, relata Fátima Castro.

Ele fez da Casa a sua casa

Alexandre Fernandes Batista tem 36 anos, é portador do vírus da Aids e dependente químico. Ele está há 15 anos na Associação Irmãos da Solidariedade e se emociona ao falar da Casa. “Perdi o contato com minha família, pois não tive aceitação. Cheguei aqui quase morrendo, com 35 quilos . Aprendo até hoje a tratar e cuidar da doença. Às vezes, é difícil lidar até com o meu próprio preconceito. Aqui sempre recebi palavras de incentivo, amor e muito carinho. Me recupero a cada dia. A Casa é uma família para mim. Sou apaixonado pela Fátima. Ela é incrível. Mulher guerreira e que trata a todos como filhos. Sou um novo homem graças a Associação Irmãos da Solidariedade”, relata.